Duelo de poderes

A ofensiva do governo Dilma para domar o Congresso

Guilherme Mazui, RBS Brasília

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A maioria persiste, mas a base encolheu e a oposição cresceu. Maior bancada da Câmara, o PT perdeu 18 cadeiras. O apetite de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do blocão, aumentou. No Senado, o tucanato ganhou força, e o PMDB de Renan Calheiros (AL) segue ditando o ritmo. Um cenário que desafia Dilma Rousseff para o segundo mandato.

Às turras com o Congresso, a presidente acena com mais diálogo, promessa que ainda não convenceu. Alerta feito por Renan, presidente do Senado e governista. Na quinta-feira, ele destacou que a convergência “não vai cair do céu”.

– Conversar, como todos sabem, não arranca pedaço – disse.

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A primeira semana pós-eleição reforçou o impasse após a Câmara derrubar o decreto que criaria conselhos populares. O Senado avisou que fará o mesmo. Preocupado, um grupo de 10 petistas, entre deputados, senadores e ministros, vai se reunir terça e quarta-feira para definir formas de enquadrar um Congresso que salta de 22 para 28 partidos e que terá 198 novos deputados a partir de 2015.

Pelas projeções do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a base inicial de Dilma na Câmara caiu de 340 para 304 deputados. Número apertados para um governo disposto a fazer a reforma política e que terá desgaste com os desdobramentos do escândalo da Petrobras.

– Será preciso atrair mais gente para a base e compensar dissidências – adverte Antônio Augusto Queiroz, analista político do Diap.

Sem a barganha da liberação das emendas, que se tornaram impositivas, as dificuldades aumentam. Por isso, Dilma escalará ministros de maior envergadura nas articulações. Para garantir a fidelidade de parceiros divididos após a campanha, como PMDB e PP, o caminho é distribuir mais cargos na Esplanada. Aliados na eleição de Aécio Neves (PSDB), PTB e PSC sofrem carga para entrar na base. Outra meta é cooptar parte do PSB.

– O caminho natural é ir para oposição – prevê o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Independentes são cobiçados pelo PT

O Planalto ainda analisa formas de atrair ou neutralizar os independentes. Para inviabilizar a candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, pode indicar um líder de governo do PMDB ou nomear um ministro peemedebista influente entre os parlamentares. No PT, há quem indique o gaúcho Eliseu
Padilha como possível articulador.

A maior dependência do PMDB advém do enfraquecimento da bancada petista, que caiu de 88 para 70 deputados. Logo, cresce na sigla o espaço de gaúchos, mineiros e baianos. Pepe Vargas (RS) e Henrique Fontana (RS) são elogiados por conselheiros próximos de Dilma.

Já no Senado, o cuidado é com o tucanato, liderado por Aécio Neves e com reforços como José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE). E a saída é confiar na aliança com Renan, no empenho dos 13 petistas e até pedir bom senso aos rivais.

– Será difícil, mas não acredito que haverá oposição pela oposição – prevê Paulo Paim (PT-RS).

AS CINCO ESTRATÉGIAS DO PLANALTO

1 - A força do triunvirato
Diferentemente do que fez no primeiro mandato, quando escalou Gleisi
Hoffmann na Casa Civil e e Ideli Salvatti  nas Relações Institucionais, Dilma apostará em figuras com maior peso político, capazes de blindá-la às críticas, firmar acordos e ajudar a fazer o governo andar. Três são cotados para integrar o triunvirato: Aloizio Mercadante, que deve ficar na Casa Civil, o governador da Bahia em fim de mandato, Jaques Wagner, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.

2 - Esplanada política
A Esplanada voltará a ter ministros de maior envergadura política, auxiliados por secretários-executivos técnicos. A estratégia auxiliará a conter disputas in"

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