Algumas vezes, para fazermos a diferença na sociedade, basta pensarmos além das nossas obrigações. Se doar mais, ultrapassar as atividades protocolares e ver um mundo depois do horizonte que os olhos alcançam. É isso que faz o estudante de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Eduardo Prade, 21 anos. Desde abril, ele é estagiário no Programa de Atendimento Especializado Municipal (Praem) de Santa Maria.
O Praem presta serviços de acompanhamento psicopedagógico para as crianças e jovens que fazem parte da rede municipal de educação. Eduardo começou a participar das atividades do programa por meio do estágio curricular exigido pela universidade. Porém, o cachoeirense se apaixonou pelas ações desenvolvidas e deixou de ser apenas um estagiário para se tornar voluntário.
Fotos: Pedro Piegas
Eduardo Prade chegou para o estágio e resolveu ajudar mais. Entre outras atividades, ele faz acompanhamento psicopedagógico no Praem
Atualmente, sempre que pode,
o estudante está nas dependências do Praem, onde colabora em variadas atividades. Ele brinca com as crianças que aguardam atendimento na recepção, doa materiais escolares, auxilia na organização e limpeza dos ambientes de trabalho e está sempre a disposição para o que der e vier.
- Minha mãe, Vera Lucia Correa Nunes, também é educadora especial. Sempre tive vontade de me envolver com ações deste tipo. Ao longo dos anos, fui monitor em aulas de música no programa Mais Educação. Sempre fui interessado em colaborar em trabalhos que ajudem o desenvolvimento de crianças e de jovens - conta ele.
Eduardo vai ao Praem cerca de três ou quatro vezes por semana, conforme disponibiliza tempo em meio à carga horária do curso na UFSM. A coordenadora do programa Juliane Riboli gostaria que mais pessoas pudessem ajudar no órgão. Ela afirma que cidadãos como Eduardo transformam vidas:
- A cada semana, ele compartilha conosco o conhecimento adquirido na universidade. Mas, na realidade, a atuação de Eduardo significa bem mais do que apoio técnico. Tudo o que ele faz contribui no aspecto humano dos atendimentos. Toda vez que Eduardo dá carinho para uma criança, por exemplo, faz algo muito importante. No programa, temos outros voluntários, como uma mãe de aluno que se reúne com outras mulheres para, juntas, conversarem e compartilharem dilemas do dia a dia.
Assim, elas se sentem acolhidas. Os voluntários são vitais para o Praem - fala Juliane.
Suporte escolar O Praem começou a funcionar em 2009 em Santa Maria. Conforme Juliane, são 11 tipos de atendimentos oferecidos pelo programa.
Entre eles, estão o acolhimento familiar, apoio pedagógico, atendimentos psicológicos em grupo e individual, fonoaudiologia, acompanhamento de crianças e jovens que tentaram se automutilar ou se suicidar, além de outros atendimentos itinerantes ou na própria sede do Praem, na Rua Euclides da Cunha, no Bairro Nossa Senhora das Dores.
Para a coordenadora do Praem, Juliane Riboli, a dedicação de Eduardo é vital na rotina do programa
Ainda segundo a coordenadora, somente em 2019, foram realizados, aproximadamente, 1,3 mil atendimentos, com alunos das 78 escolas municipais. Ao todo, a rede municipal de Santa Maria tem cerca de 20 mil alunos:
- O Praem salva vidas. São 20 profissionais concursados e 63 estagiários. As escolas preenchem um formulário, solicitando nossos serviços. Os pais ou responsáveis também podem pedir apoio, mas sempre com intermédio da escola.
Conforme a secretaria de educação de Santa Maria, Lúcia Madruga, uma das metas da prefeitura é conseguir uma sede própria para as atividades do programa.
Por enquanto, o Praem utiliza o mesmo prédio do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen).
- Temos duas possibilidades, ou locar um imóvel ou reformar um local que seja do município. Como o programa conta com profissionais especializados, os atendimentos aumentaram. Queremos dar um novo espaço ao Praem - diz Lucia.
Para a secretaria, a participação de voluntários é essencial para o funcionamento das ações:
- O poder público, às vezes, não consegue suprir todas as questões.
O Praem é um braço de Secretaria de Educação e lida com as dificuldades de aprendizagem, desde os primeiros diagnósticos feitos pela escola. Então, há muitas tarefas a serem feitas. A ajuda de voluntários ao órgão é fundamental.
Até sexta-feira, dia 11, o Praem comemora a Semana da Criança, com lanches, bebidas e brincadeiras para os atendidos.
Eduardo foi um dos mais empenhados na organização do evento, que tem apresentações de música, palhaços, oficinas, contação de histórias e outras atrações.
- Sou grato em doar parte do meu tempo a essa causa. Além de brincar com eles, consigo ouvi-los.
Ações simples trazem um enorme aprendizado. Nosso empenho é para que os alunos, quando adultos, sejam autônomos, críticos e, acima de tudo, muito felizes.
*Colaborou Rafael Favero
