Inesperada e devastadora

Saiba mais sobre síndrome do pânico

Patric Chagas

"

Lucas Lucco está no auge da fama. Um dos principais nomes do sertanejo universitário da atualidade, o jovem de 24 anos também integra o elenco da novela adolescente Malhação, da Globo. Nos últimos dias, no entanto, o cantor e ator mineiro ganhou os holofotes por outro motivo. Após faltar à gravação do DVD do festival Loop 360º, em Curitiba, no último dia 13, ele usou seu perfil no Instagram para fazer um desabafo, admitindo o uso de medicamento para crises de pânico.

A síndrome do pânico é uma patologia caracterizada por um transtorno de ansiedade, pois causa sofrimento excessivo e pode resultar em prejuízo para o desempenho da pessoa. Uma das principais características do pânico é a forma absolutamente abrupta e inesperada que as crises de medo e desespero aparecem. Bastam cerca de 30 segundos para que uma pessoa que estava se sentindo bem, seja inexplicavelmente tomada por pensamentos catastróficos, como medo de enlouquecer, morte iminente ou perda de controle. Os episódios podem vir acompanhados ainda de sintomas como boca seca, tremores, taquicardia, falta de ar, mal-estar ou aperto no peito, sufocamento e tonturas.

Conforme a psiquiatra Martha Helena Oliveira Noal, uma das responsáveis pelo Projeto Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e integrante do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), diante da ideia de vulnerabilidade e a conotação de gravidade que a crise proporciona, uma das reações comportamentais do pânico é fazer com que a pessoa saia à procura de ajuda correlata ao tamanho do suposto risco que corre.

A especialista, que também integra a Associação de Familiares, Amigos e Bipolares explica ainda que a síndrome do pânico é uma doença bastante comum dentro da psiquiatria, mas pouco conhecida por clínicos. Com isso, muitas vezes, a pessoa busca um pronto-socorro achando que está sofrendo de algum problema orgânico como um infarto, por exemplo, o que pode confundir o diagnóstico.

Ela chega em um pronto socorro ou fala com um amigo e as pessoas não dão aquela importância. Então, além de um sofrimento muito intenso que a pessoa está vivendo, ainda há uma repercussão social que não corresponde a essa intensidade comenta Martha.

Martha explica que o diagnóstico de síndrome do pânico se faz a partir do reconhecimento de crises sucessivas. Mas como todos os sintomas apontam para uma causa orgânica, é comum a pessoa se confundir e buscar esclarecimentos e diagnósticos para problemas cardíacos ou respiratórios, por exemplo.

Em geral, as pessoas percebem quando leem um artigo, um texto ou ouvem falar de alguém e percebem: "ah, mas eu também tenho isso" comenta Martha.

Falar para quebrar estigmas

Também por isso, a especialista ressalta a importância de atitudes semelhantes à adotada por Lucas Lucco, que, ao expor publicamente o seu problema, contribuiu para que se discuta a questão e, consequentemente, ajude a quebrar o estigma que circunda o tema.

Ele está fazendo um papel importante dizendo: "ó, eu sou o cara que vocês gostam, gravo discos e faço novelas, mas, ao mesmo tempo, sou uma pessoa que tem contingências dos humanos, tenho uma doença. E ninguém é menor do que ninguém por isso. Isso pode incentivar outras pessoas a ter coragem, seja de revelar o que têm, seja de não se sentirem estigmatizadas e buscarem ajuda avalia Martha.

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