reportagem especial

Conheça a história da maior avenida de Santa Maria

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Não é somente pelos 6,9 quilômetros que a Avenida Prefeito Evandro Behr, a maior em extensão de Santa Maria, é considerada grande. A dimensão de um trecho de rodovia, que também virou uma avenida, presta homenagem ao mesmo tempo que evoca pertencimento. A via ganhou o nome de um ex-prefeito de Santa Maria a partir de uma mobilização da comunidade há mais de 20 anos. E é justamente pelo direito de chamá-la pelo nome que muitos moradores reivindicam. A propósito, você sabe onde fica a Avenida Prefeito Evandro Behr? Quem mora ou trabalha na via chega a receber correspondências com CEPs e endereços diferentes: ERS-509, Faixa Velha de Camobi, além do nome do ex-chefe do Executivo. Algumas poucas placas também carregam a antiga denominação.

Ferrenho defensor da homenagem que nomeou a avenida, o aposentado Jader Hoffmeister, 73 anos, argumenta:

- Cada vez mais me convenço que o grande dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues tinha razão quando disse que o brasileiro tem complexo de vira-lata. Por isso, há tempos defendo que a avenida seja chamada pelo nome. Daqui a pouco tempo, quando não tiver mais nenhum espaço vazio ao longo daquela avenida, o que já praticamente não existe, o povo, por falta de uma informação correta, continuará a chamá-la, tristemente, de Faixa Velha.

O fato é que a avenida está, sim, localizada em uma rodovia estadual que perpassa um histórico de muitas obras e movimentações políticas. Foi na segunda metade dos anos 1990 que começaram os serviços para duplicar a via que ligaria o Centro ao Bairro Camobi e traria mais desenvolvimento à cidade. Só depois um outro trecho, esse na RST-287, denominado Faixa Nova de Camobi também seria estruturado. Por consequência, aquele trecho "mais antigo" e duplicado foi popularizado Faixa Velha de Camobi.

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Ao longo dos anos, a obra chegou a ser interrompida algumas vezes e teve interferência do Ministério Público por supostas irregularidades em licenças ambientais. Hoje, a área conta com quatro pistas duplicadas e é sinônimo de progresso.

Filho do ex-prefeito, o advogado Evandro Behr, que leva o mesmo nome do pai, avalia que embora o projeto da via receba críticas, os investimentos feitos ali nos últimos anos foram uma conquista para Santa Maria:

- A vida antes da duplicação já era bastante complicada. Sem dúvida a obra foi muito positiva, apesar de deixar a desejar em termos de projeto. Lembro que a Faixa Nova era "uma cria do pai", pois em 1994 foi uma exigência dele aquela construção, já que o trânsito ficaria insuportável. Mas a Faixa Velha sempre foi a favorita dele para ir e vir do Centro. A homenagem é justíssima, emociona toda a família e diz muito de onde ele veio e da própria relação do pai com as estradas e com o desenvolvimento da cidade. Tenho certeza que ele se sentiria honrado.

RODOVIA BATIZADA

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A ERS-509, popularizada Faixa Velha de Camobi, é um trecho sob a jurisdição do Estado. Porém, desde 1999, uma lei municipal acatou as reivindicações da comunidade reconhecendo o trecho com avenida e homenageando com o nome do ex-prefeito de Santa Maria Evandro Cloacir Behr

O trecho é uma rodovia do Estado do Rio Grande do Sul, por isso, é uma ERS cuja manutenção e reparos são competências do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (Daer). O mesmo vale para construir edificações, já que a aprovação até passa pelos trâmites do município, entretanto, antes deve ser solicitado o alinhamento junto ao Daer. A peculiaridade é que se trata de uma rodovia batizada e nomeada como avenida por meio de uma lei municipal.

Conforme o Instituto de Planejamento (Iplan), o início da ERS-509 era originalmente na antiga Praça Salgado Filho, onde hoje está localizado o trevo do Fórum e onde fica o Km zero. No segundo governo do prefeito Osvaldo Nascimento (1997-2000) foi municipalizado a áreacompreendida entre o trevo do Fórum e o trevo do Castelinho, que recebeu o nome de Avenida João Luiz Pozzobon. A partir deste trecho é que passa a ser a rodovia estadual, embora denominada como Avenida Prefeito Evandro Behr.

6,9 KM DE PROGRESSO
Atualmente é a avenida mais extensa da cidade, com 6,9 km. Originalmente tinha 8,1 Km e, é por isso, que a numeração dos imóveis próximos ao seu fim ultrapassa 8 mil.

O trecho cujas margens são repletas de empreendimentos das mais diversas áreas, condomínios residenciais, e alguns terrenos, tem um canteiro central e quatro controladores eletrônicos, dois no sentido Centro-bairro, e um no centro bairro-Centro. Segundo o Iplan, são 634 lotes ao longo da avenida, que tem sua iluminação sob a responsabilidade do município.

TRÊS DÉCADAS
Erone Marzari chegou ainda jovem na cidade para cursar Agronomia na UFSM. Depois de formado, em 1973, chegou a viver em outras cidades como Itaqui, Porto Alegre e São Paulo, mas retornou ao local de formação para desenvolver a profissão e empreender. Já casado, escolheu o Bairro Camobi para criar os filhos e tocar os negócios. Em 1993, se mudou para o atual endereço. Hoje sobra orgulho ao dizer que foi um dos primeiros moradores da hoje Avenida Prefeito Evandro Behr. No próprio escritório, guarda documentos e correspondências que chegaram ao mesmo destino, embora com nomenclatura diferente. A própria linha de ônibus que cruza a avenida enquanto ele conversa com a reportagem no canteiro central traz estampada o destino: Faixa Velha.

_ São mais de 30 anos aqui. Cheguei era estrada de chão em 1990, tinha bastante barro e acompanhei os serviços de construção das pistas. A duplicação só começou depois. Vimos pessoas vindo morar, empresas abrindo. Seja Avenida Evandro Behr, seja Faixa Velha ou ERS-509 e sempre no número 6.500, essa é a principal aveinda que temos, que nos leva à Base Aérea e à Universidade. Desde que abri a firma, a via só se desenvolveu e esse foi o lugar que eu escolhi para fica e não me arrependo.

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"Uma avenida do tamanho que ele merecia", diz autor da lei que nomeou a via

A Lei Municipal 4.234/99, de 11 de junho de 1999 "denomina de Avenida Prefeito Evandro Behr, a avenida que tem seu início a leste, no Bairro Camobi, a partir do trevo de acesso ao aeroporto municipal e seu término a oeste, ao encontrar no trevo do Castelinho, a Avenida João Luiz Pozzobon e dá outras providências".

A promulgação foi dada pelo então presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, Fernando Trindade Pillusky (PDT). O proponente da lei, porém, foi o então vereador Paulo Denardin (PP).

O texto da justificativa que fomentou a lei referia que o projeto visava atender a uma solicitação de moradores da comunidade no entorno da via para prestar homenagem ao ex-prefeito (1989 - 1992) Evandro Cloacir Behr.

Ainda ficou estabelecido que a prefeitura de Santa Maria providenciaria a colocação de placas indicativas. O projeto de lei assinado pelos 21 vereadores, contou, à época, com dois parlamentares que integram o atual quadro legislativo: Anita Costa Beber (PP) e Werner Rempel (PCdoB).

- Foi uma votação unânime entre os vereadores de diferentes partidos. Eu era o proponete, mas todos assinaram o projeto de lei como co-autores. Lembro de haver uma comissão de moradores de Camobi, muitos que até já faleceram. Mas teve pessoas de toda a cidade apoiando a ideia para uma justa homenagem ao ex-prefeito Evandro Behr e para transformar a avenida que uniria o Centro à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E é a maior da cidade, é muito importante. É uma avenida do tamanho que ele merecia - diz o autor da lei.

Lei estadual

No ano seguinte, foi o governador Olívio Dutra (PT) que sancionou a Lei 11.428, de 7 de janeiro de 2000, reiterando o nome da avenida e passando ao Daer a colocação de placas indicativas e de sinalizações no trecho.

PREFEITO IMPRIMIU RITMO DE DESENVOLVIMENTO À CIDADE TAL COMO O TRECHO DA ERS-509
Prefeito de Santa Maria de 1989 a 1992, Evandro Cloacir Behr nasceu em 4 de outubro de 1943, vivendo boa parte da vida no Bairro Camobi. Estudou no Colégio Manoel Ribas e em Vale Vêneto, distrito de São João do Polêsine. Após, formou-se em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Voltado à comunidade, é lembrado por buscar soluções em problemas da administração pública e por obras que mudaram significativamente a paisagem do Centro e dos bairros. O viaduto homônimo é considerada uma das primeiras obras de mobilidade urbana que imprimiram ritmo de desenvolvimento à cidade. Seu legado, pois, segue materializado na importante avenida homônima.

Além de chefe do Executivo, Evandro Behr foi diretor do Daer e suplente a deputado estadual em 1986 e 1992.

Casado com Bernardina e pai de Evandro, Fernando e Carolina, o ex-prefeito morreu aos 53 anos em 28 de agosto de1996.

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