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Se houvesse um remédio 100% eficaz, 90 mil pessoas não teriam já morrido pela Covid-19

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação

O uso ou não da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 virou disputa política, justamente porque os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro tentaram passar a mensagem de que existe um remédio capaz de salvar pessoas da nova doença, para tranquilizar a população e justificar a abertura do comércio. Porém, se a hidroxicloroquina fosse realmente uma salvação, os EUA não estariam já com 14.842 mortes (até quinta à tarde) e não haveria já 90 mil mortos no mundo todo.

Estou comentando isso a partir do que ouvi em várias entrevistas de médicos e pesquisadores sérios e respeitados. Eles admitem que é verdade que boa parte dos médicos e dos hospitais no Brasil e no mundo tem usado a hidroxicloroquina numa tentativa de emergência, devido à falta de outro medicamento capaz de combater a doença. Porém, os profissionais utilizam esse remédio só para uma minoria dos casos, quando são mais graves e específicos, mesmo não havendo previsão na bula de que ele seja indicado contra o coronavírus e mesmo sem estudos científicos robustos que comprovem sua eficácia contra a Covid-19. As pesquisas divulgadas até agora são incipientes porque analisaram só um pequeno número de casos, o que pode levar a resultados falsos. E também apresentam conclusões conflitantes - algumas apontam que a hidroxicloroquina tem tido bons resultados no combate à Covid-19, enquanto outros indicaram que não fez diferença alguma dar ou não o remédio.

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Em Santa Maria, por exemplo, a cloroquina e a hidroxicloroquina têm sido usadas em poucos casos, até agora, em combinação com o antibiótico azitromicina, mas só para pacientes que tenham complicações pulmonares identificadas por tomografias - mas são feitos outros exames para verificar se o paciente não tem riscos de tomar esses medicamentos. Os médicos daqui estão se respaldando num estudo chinês, publicado em fevereiro, que analisou 62 pacientes tratados com esses remédios e concluiu que, para cada oito tratamentos, é possível evitar a entubação de um paciente.

O que as pessoas precisam entender é que um estudo científico leva tempo e não pode se basear apenas na impressão que um ou outro médico teve após prescrever o medicamento. Não é porque o paciente tomou a hidroxicloroquina (sozinha ou combinada com outras substâncias) que ele se curou em função desse medicamento. Existem muitos outros fatores que podem fazer a diferença. Depende da gravidade do caso, de que tipo de complicações o paciente teve por causa da Covid-19, do momento em que o medicamento foi dado, se a pessoa tem outras doenças ou não. Pode ser que a cloroquina e a hidroxicloroquina só funcionem em casos muito específicos. Ou até que nem funcionem. Cada caso é um caso, pois cada pessoa pode ter condições de saúde totalmente diferentes das outras. Há uma série de doenças diferentes que os pacientes podem ter, como diabetes, hipertensão, insuficiência renal ou no fígado, doenças autoimunes... Em muitos casos, alguns remédios são indicados para uma doença, mas podem agravar o quadro de saúde do paciente devido a outras complicações que ele tem. Um exemplo está nos medicamentos corticóides, que podem ajudar pacientes com asma, mas prejudicar quem tem diabetes.

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A torcida é para que os médicos e pesquisadores encontrem uma solução para frear as mortes provocadas pela Covid-19, mas isso não quer dizer que devemos acreditar em saídas mágicas. Por isso, para se ter certeza, as pesquisas precisam ser extensas e robustas.

O combate ao coronavírus depende de uma série de fatores, que começa pelos cuidados com higiene e contato social, passa por diagnóstico precoce e por ter uma rede de atendimento estruturada, com respiradores e leitos de UTIs para os casos mais graves.

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