Deni Zolin

Pela primeira vez, Americanas admite fraude bilionária para maquiar números. Entenda como foi

Pela primeira vez, Americanas admite fraude bilionária para maquiar números. Entenda como foi

Foto: Diário

Um comunicado da Americanas, divulgado ao mercado, nesta terça-feira, confirmou que a empresa de varejo usou de uma estratégia fraudulenta para forjar resultados melhores nas contas da companhia. É a primeira vez que a empresa admite fraude, que pode chegar a R$ 21 bilhões.

 
A maquiagem dos números usava contratos de verba de propaganda cooperada, em que a Americanas recebia um valor ou desconto em troca de divulgar produtos de fabricantes, numa prática comum em empresas de varejo. Por exemplo: numa compra de R$ 200 milhões em aparelhos de TV de um fabricante, R$ 3 milhões ou R$ 4 milhões seriam lançados como verba de propaganda cooperada, em que a Americanas recebia de desconto por divulgar os produtos da fabricante em panfletos, site e anúncios de TV. A fraude consistiria em aumentar muito esse valor de verba de publicidade cooperada ou em forjar contratos de compras que nunca existiram para lançar propaganda cooperada que não existiu. Com isso, a Americanas aumentava a margem de lucro e os resultados das vendas, passando a impressão de que a empresa estava saudável financeiramente.

 
Em informe divulgado ao mercado, intitulada "Fato Relevante - Desligamento de diretoria afastada após relatório demonstrar fraude nas demonstrações financeiras", a Americanas informa o seguinte: "Foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares ("VPC"), incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da Companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores. Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. As contrapartidas contábeis em balanço patrimonial desses contratos de VPC criados ao longo do tempo, os quais não tiveram lastro financeiro associado, se deram majoritariamente na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. A diferença de R$ 4,0 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da Companhia."

 
No documento, a Americanas cita que a fraude teve a participação de um ex-CEO da empresa e de seis ex-diretores, todos já afastados dos cargos.

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