Apesar do temor de que a disputa entre Jair Bolsonaro e Eduardo Leite, pré-candidato do PSDB à Presidência, possa influenciar e prejudicar Santa Maria na escolha para sediar a Escola de Sargentos das Armas (ESA), quem acompanha o assunto de perto acredita que não há risco de o Coração do Rio Grande perder a disputa para Ponta Grossa (PR).
O deputado Bibo Nunes (PSL), próximo a Bolsonaro, e o empresário santa-mariense Carlinhos Costabeber, que tem feito articulações junto ao Exército, falaram à Rádio CDN e TV Diário que não temem uma decisão política a favor de Ponta Grossa (PR). O motivo: ambos acreditam na grande vantagem de Santa Maria em termos técnicos.
- A decisão não é só técnica, é financeira. O Exército não vai gastar R$ 700 milhões a mais só porque o Paraná é bonitinho (em referência à menor infraestrutura pronta em Ponta Grossa). É covardia a distância (entre as vantagens de Santa Maria sobre as demais). Não vejo nada que vá contra a decisão de ser Santa Maria. Eu ouvi de uma pessoa muito graduada, que teria ouvido do presidente Bolsonaro, que teria dito o seguinte: "Se for empate técnico, talvez fosse melhor ser no Paraná." Mas não há empate técnico, Santa Maria está disparado na frente.
Costabeber ressaltou ainda que o fato de a ESA ser do Exército, e não uma escola das Forças Armadas, reduz o risco de influência política.
Bibo Nunes disse que falará pessoalmente com Bolsonaro. Claro que, em política, nada é impossível, mas acredito que adversários de Eduardo Leite podem estar querendo usar essa disputa da ESA para desgastar a imagem do governador e fazer fogo em palha - mais para uso político do que uma ameaça real de que Bolsonaro vá influenciar, de forma decisiva, a favor da cidade paranaense.
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Além disso, Ponta Grossa tenta usar esse argumento da divergência política entre Bolsonaro e Leite para favorecê-la. Até porque o presidente é muito próximo ao governador do Paraná, Ratinho Jr.
No programa F5, a Rádio CDN entrevistou o jornalista do Jornal da Manhã e do grupo aRede, de Ponta Grossa (PR), Rodolpho Bowens, sobre os preparativos da cidade paranaense e a disputa com Santa Maria e Recife. Ele deu detalhes das áreas cedidas pela cidade para o Exército e de obras previstas, mas ficou claro que Ponta Grossa precisa gastar muito mais e que não tem a mesma estrutura oferecida por Santa Maria. Além disso, o número de unidades militares é menor lá. Questionado sobre o fator político na decisão, Bowens respondeu:
- O fato do governador Eduardo Leite se lançar pré-candidato pelo PSDB pode ser mais um fator que possa influenciar na decisão do presidente. Isso de o Bolsonaro viabilizar (a ESA) para um Estado de um concorrente é algo que se comenta aqui (em Ponta Grossa), o pessoal tem feito essa análise para tentar entender a participação política do presidente Bolsonaro nessa decisão. O que se ouve aqui também é que as duas principais cidades na disputa seriam Ponta Grossa e Santa Maria.
A visita de Bolsonaro a Ponta Grossa, prevista para sexta, foi cancelada porque dois integrantes da comitiva presidencial testaram positivo para Covid e os demais terão de cumprir quarentena.