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O novo jogo da franquia Zelda e sua arte impactante

Iuri Patias


A vida dos fãs de The Legend of Zelda durante as décadas de 1990 e 2000 não era nada fácil. Apesar da qualidade extraordinária dos jogos da franquia, os entusiastas eram obrigados a esperar três, quatro ou até cinco anos por um novo capítulo da série.

Essa situação começou a mudar quando os títulos-chaves da franquia passaram a ser intercalados com spin-offs, remasterizações e remakes. Essa estratégia atendia a demanda dos fãs, e permitia que uma das séries mais famosas do mundo dos games experimentasse novas fórmulas, além de assegurar que a marca estivesse sempre em evidência no mundo do entretenimento. 

Menos de dois anos após a gloriosa estreia de The Legend of Zelda: Breath of the Wild (eleito o melhor jogo do ano em 2017), a apoteose de um dos últimos anúncios da Nintendo foi a revelação do remake de The Legend of Zelda: Link's Awakening. 

Lançado para o portátil GameBoy, em 1993, Awakening implorava para ser atualizado com a tecnologia atual. A plataforma em que foi lançado originalmente possuía apenas um direcional digital e dois botões de ação. Essa limitação obrigava o constante acesso aos menus, muito mais do que os outros títulos da série. Isso, claro, para não dizer obviedades sobre as limitações de hardware do GameBoy. 

Com lançamento previsto para 2019, o remake de Link's Awakening para o Nintendo Switch parece, enfim, ter atendido o desejo dos fãs. Ou não. Ou em partes... 

Impactante. Se existe uma palavra capaz de agregar a reação comum tanto de quem aplaudiu, tanto de quem torceu o nariz com a arte do remake de Awakening, aposto nessa expressão. 

O primeiro contato que tiveram os fãs ao assistir o trailer de anúncio do remake de Awakening foi com a belíssima reformulação, em estilo anime, da abertura do título original (comparativo com a do título original na imagem abaixo), onde Link (o protagonista) está à deriva e é atingido por um raio.

O estilo adotado na cena animada é uma clara atualização da arte do jogo original. A expectativa natural e esperada era que o remake seguisse um tom medieval, o mesmo que tão bem caracterizou The Legendo of Zelda: A Link to the Past, glorioso título da série lançado para o Super Nintendo, e fonte de inspiração direta para a produção de Awakening. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu.

Em seu trailer de anúncio, o remake de Awakening apresentou um estilo que cruza a linha da fofura. Link tem aparência antropomórfica e exagero em certas partes do corpo, especialmente na cabeça e nos olhos. Convenhamos, a semelhança com a linha de bonecos Funko Pop é inegável. Esse remake também utiliza técnicas de sedução visual, como a iluminação exagerada e vibrante. 


Como todo fã sabe, não é a primeira vez que a Nintendo brinca com as expectativas criadas com o visual dos games da franquia Zelda. Estilos artísticos distintos que não necessariamente seguem um padrão têm sido tônica em muitos dos títulos da série, a exemplo de Wind Waker e Skyward Sword.


Destoante do estilo artístico visto até então na série, Wind Waker causou polêmica em 2003, mas acabou sendo aclamado quando foi lançado

Desta forma, surgem algumas perguntas que emergem a partir do trailer de anúncio do remake do novo jogo da franquia, mas, aqui, uma delas é posta em destaque: seria esse estilo artístico coerente com a arte da obra original?

Responder essa pergunta é uma missão que nada tem de singela. Mas na opinião deste que vos escreve, ao refazer Link's Awakening a Nintendo tinha outras possibilidades para apresentar o visual do game. 

Entendo que exaltar os gráficos ora retratados no título original, mas que não podiam ser expostos da forma como haviam sido concebidos em razão das limitações técnicas da época, seria o caminho mais sensato e aguardado pelos fãs.


Comparativo gráfico entre a versão original, de 1993, e o remake previsto para ser lançado este ano

O corajoso desenvolvedor do Awakening original sacrificou um espaço importante do armazenamento do cartucho para revelar ao jogador quem e como era o protagonista Link. Se você considerar que, naquela época, se economizava até caracteres de texto para poupar o espaço de armazenamento de jogos, vai ver que esse esforço foi muito mais importante do que se pode imaginar hoje em dia.

A conclusão é de que o remake de Link's Awakening não está sendo feito com base na experiência original do usuário. O que parece, é que a missão comercial de Awakening seria reunir os fãs tolerantes com a arte, ao passo que alicia as crianças para o universo tradicionalmente medieval de The Legend of Zelda. 


As artes originais de Link's Awakening apresentavam o conceito que o desenvolvedor gostaria de passar, mas que não era possível por conta das limitações da época

Ainda assim, acredito que a Nintendo, infelizmente, perdeu a oportunidade de transmitir, com a tecnologia atual, aquilo que o desenvolvedor original quis passar, e aquilo que eu e muitas pessoas sentiram jogando o primeiro game.

O remake de Awakening, claro, deverá ter inúmeras qualidades e não deixarei de jogar por causa do estilo artístico adotado (mesmo porque, por certo, o jogo será, como de praxe, excelente), mas fica a crítica construtiva, desejando que a série Zelda permaneça conquistando mais e mais popularidade, como continua a fazer nos últimos anos, principalmente depois do sucesso estrondoso de Breath of the Wild. 

Até o mês que vêm. Tchau!

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