Cultura

É isto mesmo, produção?


Acordar. Tomar banho. Café da manhã. Abrir o computador. Responder emails. Mais café. Começar a escrever (roteiros, argumentos etc). Preencher planilhas. Fazer checklist. Agendar reuniões. Colocar os fones de ouvido e escolher uma música para continuar o trabalho. Fazer o checklist do checklist. 

 Eis um dia da maioria dos artistas. Um trabalho muito parecido com o trabalho de muitas profissões. Sim. E é isso mesmo. Boa parte da rotina de um artista, especialmente dos que se produzem, é assim mesmo. Muito trabalho de escritório, de planejamento e reuniões.

Fotos: Leonardo Roat (Arquivo pessoal)

Ok, temos muitas coisas divertidas. Temos que criar, ensaiar, apresentar.
Mas também temos que produzir. E produzir não é ruim, é muito necessário.
E é algo que não pode ser ignorado.
Afinal, é justamente essa parte que é a linha transversal de todo processo criativo que ganha o mundo, e pode ser decisivo no modo como o trabalho circula e atinge o público.

 E produzir não é apenas juntar o necessário para executar o que estamos pensando quando a ideia do que vamos criar está em estágio embrionário. Temos que pré produzir o que vamos fazer, ter disciplina para produzir durante todo o processo de ensaios, seguir produzindo durante as turnês e gravações, e depois ainda vem a pós produção.

 Cansou? não esqueça que no meio disso tem todo o processo criativo e gerenciamentos de um monte de coisas.
Não, não é um mundo tão mágico e tão simples como a maioria das pessoas imagina.
Muito menos glamuroso ou qualquer adjetivo semelhante.
Mas, a maioria dos artistas que conheço, e que conseguem seguir firme na sua escolha de viver com e de arte, se produz e não ignora esta parte do processo (faz isso bem, mal ou do jeito que pode). Alguns até conseguem contar com produtores profissionais para algumas partes do processo.

Porém, não conheço ninguém que ignore essa parte do trabalho.
E, muitas vezes, ela torna-se ainda mais complexa quando temos que criar mais de uma coisa ao mesmo tempo, e seguir turnê, e continuar os ensaios do processo que já está em andamento.
Ao mesmo tempo, seguimos fazendo checklists, planilhas e reuniões.

Eu faço tudo isso que coloquei acima, e estou longe de reclamar, mesmo quando o cansaço bate forte. Sei que existem profissões tão ou mais puxadas que a que exerço. Mas a questão aqui não é comparação e, sim, apresentar um lado de muito trabalho que acontece simultaneamente ao processo criativo e à vida ordinária que todos nós levamos. E esse lado muitas vezes é pouco valorizado ou até desconhecido.
Outra coisa coisa que também é necessário, além de amor à arte e à profissão, é disciplina. Para fazer tudo isso junto e ao mesmo tempo, e tentar fazer da melhor maneira possível.

Esta coluna, longe de ser um desabafo, é apenas fruto de conversas, de partes de bate papos dentro do carro em várias viagens, enquanto artistas seguem juntos criando, produzindo e ajudando uns aos outros nessas artes da vida e nessa vida de arte.
Decidi escrevê-la e compartilhar com vocês para que possam conhecer um pouco do processo de quem decide seguir por este caminho artístico.

Talvez estas linhas sejam óbvias demais, talvez auxiliem alguém em alguma reflexão do mesmo modo como o texto do Fábio Yabu me colocou e coloca sempre pra pensar sobre esse mundo criativo de quem tem ideias.

Como disse o Fábio no texto que recomendo, "Teve uma ideia? Problema seu!"
Não sei qual o resultado do meu texto, nunca sabemos de nada assim ao certo. Só sei que sempre vale muito a nossa troca de ideias e conhecimentos.

Boa leitura e boa produção.
Até o próximo encontro.



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