história

VÍDEO: capela de São Martinho da Serra guarda sinos com mais de 300 anos

Marcos Fonseca

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Seminarista Pablo Knerin mostra os dois sinos da Capela da cidade, um deles construído em 1717 e, outro, em 1747 (que está cortado). Os artefatos teriam sido saqueados de reduções jesuíticas

A descoberta de dois sinos missioneiros na capela de São Martinho da Serra reforça a tese de que a região de Santa Maria foi um dos principais destinos desses símbolos jesuítas. A confirmação da origem dos artefatos de bronze foi confirmada no último dia 20 pelo pesquisador Édison Hüttner, que visitou o templo, localizado no centro da cidade.

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Doutor em Teologia e coordenador do Grupo de Pesquisa de Arte Sacra Jesuítico-Guarani da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Hüttner percorre o Estado em busca de fragmentos das antigas Missões. Essas fortificações, construídas antes da fundação oficial do Estado, em 1737, viraram ruínas no Estado e nos países vizinhos. A mais famosa delas é a Ruína de São Miguel das Missões.

Os dois sinos existentes em São Martinho da Serra são do século 18. O mais antigo é de 1717, 20 anos antes da formação do Rio Grande do Sul. Feito m bronze, traz os inscritos em latim: "São Francisco Xavier, ora pro nobilis" (rogai por nós), e losangos, que eram símbolos das Missões. Tem quase um metro de altura e um metro de boca (parte inferior). Ele ainda mantém o badalo. Uma corda atada a ele permite que ainda possa ser soado.


RECHEIO DE OURO?
O sino menor tem 52cm de altura e 48cm de largura de boca e foi construído em 1743. Nele, é possível decifrar as letras que comprovam a origem missioneira. Contudo, há um corte, que impede a identificação do nome do santo que constava nele.

Segundo Hüttner, o corte foi feito porque, no passado, acreditava-se que se escondia ouro nos sinos. Por isso, foi retirada uma parte, que revelou não haver o "recheio" do metal nobre. O badalo foi removido e está pendurado ao lado do sino.

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O pesquisador afirma que esses sinos são semelhantes aos encontrados na Igreja Matriz de Caçapava do Sul e na Catedral Metropolitana de Santa Maria, em 2017. Todos eles teriam sido saqueados de fortificações missioneiras por portugueses e espanhóis. Grande parte veio parar em templos católicos da região.

A capela foi construída em 1827. Conforme as pesquisas de Hüttner, os sinos foram levados para o município pelo padre Fidêncio José Ortiz, que atuou na capela em 1848. Na época, São Martinho da Serra ainda pertencia a Cruz Alta. A emancipação se deu apenas em 1992.

A fabricação era feita em forjas, que utilizavam mão de obra de índios. Os artefatos vieram, possivelmente, do posto militar que havia em São Borja, na Fronteira. Teriam sido saqueados de reduções jesuíticas que ficavam na margem direita do Rio Uruguai, territórios que, hoje, pertencem à Argentina e ao Paraguai.

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A pesquisa também contou com a participação do pesquisador Eder Abreu Hüttner, que também estuda a arte sacra jesuítico-guarani, e de Leandro Meneses Baun, técnico do Laboratório de Microscopia (CEMM) da PUC-RS.

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