Foto: Prefeitura de Jaguari (divulgação)
O município de Jaguari recebeu, durante os dias de Carnaval, de 21 a 24 de fevereiro, cerca de 40 mil foliões. O número foi divulgado pela prefeitura e corresponde a quase quatro vezes a população da cidade, que é de, aproximadamente, 11 mil habitantes. A festa é uma atração tradicional do início de ano na Região Central. Em entrevista ao Diário, o prefeito Beto Turchiello, faz um balanço dos pontos positivos e negativos do evento. Ele também projeta a economia para o restante de 2020, quando a cidade completa 100 anos de fundação.
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Diário - Que avaliação geral o senhor faz do Carnaval de Jaguari?
Beto Turchiello - Passar em números a importância desta festa para a economia de Jaguari pode ser difícil. Porém, posso dizer que a relevância do evento é regional. De Santa Maria, por exemplo, nas vésperas do Carnaval, você não consegue mais alugar van. Estão todas ocupadas para vir para Jaguari. O município recebeu R$ 11 mil, referentes aos Imposto Sobre Serviços (ISS), da venda dos ingressos, e mais R$ 11 mil referente ao aluguel dos espaços para estandes. Tenho certeza, também, que o Carnaval fortaleceu de forma muito importante o comércio. Vivemos uma estiagem. Como 40% da nossa população mora no interior, o problema se reflete no comércio. Vai ser um ano difícil para a cidade.
Diário - O que o Carnaval de Jaguari tem para melhorar?
Beto Turchiello - Quarta-feira, a comissão de Carnaval se reuniu para debater o que precisa ser otimizado. Há um local, no centro da cidade, em que o público que vai para o Carnaval fica reunido, das 16h às 22h, antes de ir para a avenida. É uma aglomeração muito grande. Temos de colocar uma melhor estrutura de banheiros lá.
Diário - E quanto aos pontos positivos?
Beto Turchiello - Temos de destacar a segurança. O evento foi bem tranquilo e tivemos o apoio de efetivos de Santa Maria e Santiago. Tínhamos segurança desde às 16h. A festa cresce assim. O município não investe 1 centavo dos cofres públicos no Carnaval. Eu jamais vou tirar qualquer valor da receita do município para fazer Carnaval. A empresa terceirizada que comprou o Carnaval pagou R$ 40,1 mil pelo evento.
Diário - O fato de Santa Maria não ter Carnaval há alguns anos beneficia Jaguari?
Beto Turchiello - Estimamos que 30% do público que vem a Jaguari é oriundo de Santa Maria e da Quarta Colônia. São mais de 50 veículos de transporte coletivo lotados que vêm dessas cidades. Para os municípios que não conseguem fazer Carnaval por conta própria, a terceirização é o caminho. Mas é importante dizer que não se constrói uma festa terceirizada de um ano para o outro. Faz 25 anos que o Carnaval de Jaguari é terceirizado.
Diário - Como Jaguari pretende se resguardar economicamente para o restante do ano?
Beto Turchiello - Nosso município é agrícola, mas não é de monocultura. Isso nos ajuda. A colheita da uva já foi feita, a do arroz está em andamento e a do fumo está sendo finalizada. A soja e o milho sofrem bastante. Se vivêssemos somente da soja e do milho, seríamos bem mais prejudicados. Pelos números que temos agora, sabemos que 30% da produção de soja pode ser perdida. É logico que complica. O recolhimento de impostos diminui. No entanto, temos de dizer também que vamos receber investimento de empresas em Jaguari. A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) vai colocar uma loja para atender a região no município, com venda de insumos e equipamentos, gerando 30 empregos diretos. Uma empresa de grãos, a Agrosolo, também deve entrar no município até 15 de março.
Diário - O município vai decretar situação de emergência por conta da estiagem?
Beto Turchiello - Sim, provavelmente no dia 10 de março, iremos assinar o decreto. Estamos esperando para ter uma análise mais segura de quanto realmente será o prejuízo na agricultura.
*Colaborou Rafael Favero
