Enchentes no RS: é preciso ter plano B para não ocorrer isso se o plano A falhar

Enchentes no RS: é preciso ter plano B para não ocorrer isso se o plano A falhar

Foto: Maurício Tonetto/ Piratini (Divulgação)

A foto que ilustra esse artigo é só mais uma que entrará para a triste tragédia da enchente histórica de 2024, em que 151 pessoas já morreram e 104 seguiam desaparecidas. Porém, ela traz um alerta e uma reflexão: Porto Alegre e a Região Metropolitana, que englobam mais de 2 milhões de habitantes, sendo que uma parte significativa deles está com suas casas embaixo d’água, não podem ficar à mercê de um único sistema de proteção que não tem plano B. Ou seja, se o plano A (muro da Mauá e comportas, na Capital, e diques de terra na Região Metropolitana), falha, tudo alaga.

 

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Essa enchente histórica precisa servir de lição para que outras estruturas secundárias possam garantir o mínimo de segurança caso o plano A falhe. No caso das comportas de ferro na Capital, não seria difícil construir outras perto, para que passem a ser duplas. Se a primeira falhar ou vazar água, tem a outra para segurar o avanço do Guaíba. É como nas nossas casas, em que além da porta e da janela, colocamos mais uma grade. Ou seja, é uma proteção dupla.

 
Nos diques em cidades como Novo Hamburgo e São Leopoldo, talvez seja mais difícil fazer outra estrutura, mas a saída poderia ser construir muro de concreto, além do dique de terra.

 
No entorno do Salgado Filho, é urgente construir um muro semelhante ao da Mauá, para garantir que um aeroporto tão importante não volte a alagar.

 
No acesso principal a Porto Alegre, em que foi feita uma rua improvisada de pedras para um corredor humanitário, na baixada em frente à estação rodoviária, é fundamental pensar em algum viaduto para evitar que a avenida fique totalmente bloqueada em caso de nova enchente. 


Também seria o caso de pensar em uma via elevada entre Canoas e Porto Alegre, nem que fosse só de duas pistas, que ajudaria no tráfego diário, mas garantiria trânsito emergencial em caso de cheias.

 
Até poderia ter caído mais pontes, pois algumas foram encobertas pelas águas, mas resistiram às fortíssimas correntezas. Porém, projetos de rodovias e pontes precisarão ser revistos em vários pontos, como na várzea do Toropi, onde é a 2ª vez que a ponte tem problema em 10 anos. Talvez seja preciso fazer outra passagem a água.


Novo canal na Lagoa dos Patos é visto com preocupação

Devido à cheia histórica do Guaíba,ganhou força a ideia de construir um canal para escoar a água da Lagoa dos Patos e evitar inundações na Região Metropolitana. O governo Lula diz que vai contratar estudos para verificar se adiantaria e se seria viável. 


Professor de Engenharia Ambiental da UFSM, João Francisco Horn diz que essa ideia precisaria ser muito estudada, pois é complexo e arriscado abrir o canal. Além de provavelmente não adiantar para reduzir cheias, pode causar danos irreversíveis na Lagoa dos Patos se entrar água do mar – não só para peixes, mas até para lavouras de arroz. Se irrigar plantações com água salgada, depois não tem como tirar o sal da terra, que prejudica as plantas. Horn diz que, mesmo que fosse viável construir esse canal, seria caro e teria de ter uma comporta para evitar que a água do mar entrasse na lagoa na época de seca no Estado.

 
Pesquisadores do Instituto de Biociências e do Instituto de Pesquisas Hidrológicas da UFRGS são contra essa medida, pois talvez reduziria a cheia na Capital em apenas poucos centímetros. Dizem que não seria um canal de 20km só de escoamento, mas uma nova ligação com o mar, o que pode trazer vários prejuízos.

 
Em nota, os pesquisadores da UFRGS dizem:


 “1) Outro canal não garante o escoamento, pois este depende do nível das marés, condições climáticas e regime de ventos, como já ocorre no canal de Rio Grande. 2) Outra ligação com o mar pode diminuir a vazão de água e assorear o canal em Rio Grande, prejudicando a circulação de água e a navegação. 3) Toda a produtividade pesqueira de camarões, tainhas, bagres, e outras espécies dependem do ciclo natural de entrada de água do mar que regula a salinização na porção sul da laguna e da livre passagem pelo canal de Rio Grande. 4) A abertura de outro canal mais ao norte pode proporcionar a salinização da porção norte da laguna impedindo o uso da água da laguna na produção de arroz e outros usos em vários municípios que margeiam a laguna dos Patos.”

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