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FOTOS+VÍDEO: artesãos de Itaara ganham visibilidade com o brique

José Mauro Batista


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Conhecida como Terra dos Balneários, Itaara está atrás de outro título: quer ser, também, conhecida como polo regional de artesanato. O pequeno e bonito município de 5,4 mil habitantes, a 20 minutos de Santa Maria, vem apostando na produção de seus artesãos, agora impulsionada pelo Brique de Itaara, criado este ano e que teve sua primeira edição em 17 de fevereiro, com mais de 30 expositores do município. Neste domingo, das 15h às 19h, no Parque Oásis, o evento chega a sua terceira edição, em uma parceria com a prefeitura, com a Emater e com o Brique da Vila Belga, que serviu de inspiração para a iniciativa.

No vídeo abaixo, alguns artistas convidam os leitores a conhecer suas produções:


O CAUBÓI QUE TRANSFORMA MADEIRA EM ARTE
Ele tem um estilo exótico e bonachão, se veste como caubói, gosta de rock e música country e mora em uma casa rústica na Rua das Caneleiras, na Vila Etelvina, em Itaara. O castilhense William do Nascimento da Silva, 23 anos, ficou conhecido como "Homem da Serra" por seus trabalhos em madeira, vendidos sob encomenda, via Facebook, ou em feiras e exposições, como o Brique de Itaara. 


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Há três anos em Itaara, William já conquistou freguesia e criou a microempresa "Homem da Serra - Marcenaria e Artesanato Rústico, que também produz peças em série, além das exclusivas. A palavra serra tem duplo sentido (ao mesmo tempo, significa ferramenta de serrar e é uma referência à geografia do local)

Toras de cedro e eucalipto e sobras de construção são transformadas em tijelas, luminárias, bombonieres, canecas, tacos de basebol, móveis sob medida e o que mais se imaginar, ao gosto do freguês ou do próprio artesão.

- Desde criança, gostei de coisas em madeira. Meu pai lida com mangueira (curral para gado), galpão, e me ensinou a trabalhar a madeira bruta, eu herdei o lado artístico - diz William, que se define como autodidata.

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Quando se mudou de Júlio de Castilhos para a cidade vizinha, o artesão decidiu que moraria em uma casa artesanal. Com a ajuda do pai, ele construiu e montou seu habitat em um mês. Foi nessa época, que, por apreço à cultura rural do Texas, instalou adereços nas portas, como cabeças de gado, e talhou seu apelido, ainda em inglês: Man of the saw, substituído mais tarde por Homem da Serra. Até a campainha é uma engenhoca, feita com um sincerro (pequeno sino colocado no pescoço de animais para que sejam localizados) acionado por um fio. Quando o visitante puxa o fio, o equipamento emite o som avisando que tem gente.

Uma das produções mais recentes é uma série de cadeiras para jardim, conhecidas como adirondack. Cada cadeira desse modelo custa R$ 595.

- Procuro fazer peças diferentes, gosto de fazer coisas que remetam ao passado - diz o Homem da Serra.

Além de talento, capricho, conhecimento de material e domínio das ferramentas, o ofício também exige investimentos. Para aprimorar o acabamento de seus produtos, o artesão desembolsou R$ 10 mil em um torno, acredite, também construído manualmente.

CRIATIVIDADE A SERVIÇO DO ARTESANATO
Dois publicitários moradores de Itaara decidiram investir o que aprenderam nos bancos de faculdade e nos livros na criação de peças artesanais.

Professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rogério Rocha Lobato (foto abaixo), 71 anos, dedicou boa parte da vida à faculdade de Publicidade e Propaganda e a agências de propaganda. 


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Com a aposentadoria, Lobato trocou o agito do Coração do Rio Grande para a tranquilidade do Bairro Oásis Cidade, na Terra dos Balneários. A casa rústica, construída em 2004, fica de frente a um lago, e é toda ornamentada com as peças que o publicitário e artesão confecciona com bambu, porongo e madeira. Como a construção é de pedra, Lobato batizou o lugar de Itaoca (casa de pedra).

- A primeira obra que eu fiz aqui foi uma escada de madeira de quatro metros, com dez degraus - conta Lobato.

Na Itaoca, ele produz peças como canecas, brinquedos, luminárias e pedantifes (espécie de pingente), entre outros produtos personalizados, alguns com frases homenageando Itaara. A produção artesanal do publicitário é vendida em eventos, como o Brique de Itaara, na Feirita, e, principalmente, via Facebook.

A também publicitária Marta Sarturi (foto abaixo), 49 anos, é proprietária do ateliê Tendelas, no Lermen. Lá, ela produz luminárias, relógios, tábua de carne, floreiras e outros itens de decoração. Há quatro anos, Marta decidiu se dedicar ao artesanato e, mais recentemente, começou, também, a trabalhar com restauração de móveis.

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- Fiz um curso na Confraria da Madeira, em Porto Alegre. O restauro é muito diferente do conserto, valoriza a peça na sua originalidade - explica Marta, que tem clientes espalhados pelo Rio Grande do Sul.

Agora, ela está restaurando uma cadeira de uma cliente moradora de Torres, no Litoral Norte. Feita de couro, a cadeira é uma relíquia de 180 anos. Marta divulga seu trabalho em várias mídias, principalmente as redes sociais, e também expõe em feiras, incluindo o Brique de Itaara. 

PREFEITURA BUSCA MAIS PARTICIPANTES PARA BRIQUE
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Cultural de Itaara está mapeando os ateliês, artesãos individuais e agroindústrias familiares que atuam no município e que participam das feiras locais. Além do artesanato, os itaarenses produzem hortifrutigranjeiros e produtos coloniais e orgânicos, como ervas, geleias e sucos, entre outros.  

O secretário Vitor Lopes de Sá não tem dúvida de que o Brique de Itaara tem tudo para dar certo. Nas duas primeiras edições, o público visitante somou 8 mil pessoas, acredita Lopes, ressalvando que os números são extraoficiais, com base na imprensa.

- O público não é contínuo, então não temos como mensurar, mas tivemos muito movimento - ressalta o secretário.

Os próximos passos serão a oferta de cursos para os expositores e a criação de uma associação específica.

- Nosso objetivo é que o Brique seja da comunidade, que eles se unam e busquem recursos. Vamos oferecer capacitação, cursos de excelência em atendimento, de planejamento e para melhorar, cada vez mais, a elaboração de produtos. O artesanato está surgindo agora, os artesãos não vendiam aqui, o que tende a acontecer com a futura regionalização - aposta Lopes.

Por meio de uma parceria com o empresário Lauro Trevisan, o Padre Lauro, os organizadores do Brique conseguiram a cedência da estrutura do antigo Parque Oásis, na entrada da cidade. Essa parceria, no entanto, não seria um empecilho para que os "briqueiros" façam edições itinerantes, nos balneários, por exemplo.

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