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VÍDEO: aumentam casos de coronavírus nas regiões periféricas de Santa Maria

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Foto: Renan Mattos (Diário)

O avanço do novo coronavírus para as regiões periféricas também é motivo de preocupação para os especialistas. Dados do Observatório de Informações em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) mostram que a Covid-19 já está generalizada, atingindo praticamente todos os bairros e a maioria dos distritos da cidade. Os bairros que apresentam o maior número de casos confirmados são o Centro, com 118, e Camobi, com 87.


De acordo com o professor Rivaldo Faria, do Núcleo de Pesquisa em Geografia da Saúde (NePeGS) da UFSM, que faz parte do Observatório de Informações, há uma tendência de aumento de casos nas regiões periféricas norte e oeste da cidade.

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- O vírus se propaga sempre das áreas de maior adensamento, para as áreas de menor densidade. Por isso, ele vai se concentrar, normalmente, na área central e em Camobi. Mas por outro lado, os casos estão, também, aumentando numa velocidade cada vez maior nas regiões periféricas, em direção sobretudo ao Salgado Filho, Passo D'Areia, Nova Santa Marta e Tancredo Neves - aponta o professor.

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Para o especialista, o que preocupa, no momento, é avaliar de que maneira a Covid-19 está se difundindo na cidade, ou seja, o comportamento espacial do vírus.

- Santa Maria é uma área urbana muito extensa, tem uma periferia longa e uma grande quantidade de ocupações irregulares, que em geral é onde se concentra boa parte da população mais vulnerável. Os bairros são muito diferentes demograficamente e socialmente falando. Quando você avalia outros indicadores, essa geografia muda muito. Eu diria que há uma necessidade de olhar esse processo com muita calma em relação às regiões - avalia.

Para a professora de epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da UFSM Marinel Mór Dall'Agnol, que coordena o grupo de entrevistadores que vão até as casas de santa-marienses para a realização de testes rápidos - etapa que faz parte da pesquisa que estima a proporção de casos de coronavírus na população gaúcha -, a taxa de isolamento social tem reduzido na cidade, principalmente na periferia:

- No trabalho de campo, a gente observa que na periferia é mais difícil, até pelos viveres diferentes, e é preocupante a naturalidade de como essas pessoas convivem com isso. O vírus está se espalhando rapidamente, e a sociedade tem que organizar para chegar até lá. Não adianta dizer que tem que usar máscara, usar álcool em gel e sabonete, se as pessoas não têm isso. Ao invés da sociedade ficar fazendo pressão sobre a prefeitura ou o Estado para trocar a cor da bandeira, vamos para a periferia levar kits de higiene, então. Esse é o jeito de enfrentar a epidemia de verdade.

No vídeo abaixo, veja o mapa com o número de casos e de óbitos confirmados de Covid-19 por bairro da cidade.Os dados são referentes a informações do dia 26 de julho de 2020: 


Fonte: Observatório de Informações da Saúde da UFSM/Mapa dos casos confirmados de Covid-19 em Santa Maria distribuídos por bairros

AÇÕES
Para Rivaldo Faria, o serviço de Atenção Básica da cidade poderia ser usado como pontos de apoio à Vigilância Epidemiológica, associando a testagem da população a uma coordenação das ações através dos serviços das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Estratégias Saúde da Família (ESFs).

O médico epidemiologista da Vigilância em Saúde e coordenador do Centro de Referência Municipal da Covid-19, Marcos Lobato, afirma que a cidade está na fase de mitigação, ou seja, na fase de tentar reduzir os efeitos da pandemia.

- De certa forma, era esperado que isso acontecesse e estávamos tentando nos preparar. A primeira coisa é tentar manter um ritmo alto de testagem e isolamento, que é a grande estratégia. Temos um planejamento de expandir os locais que fazem o teste e coletam material. Além disso, há uma iniciativa de preparação das equipes da Atenção Básica para acompanhar os pacientes nessas áreas - afirma Lobato.

Atualmente, duas equipes do Centro de Referência fazem a coleta domiciliar nos bairros, quando há necessidade, não havendo nenhum ponto de coleta na periferia. A fiscalização de comércios em áreas mais afastadas do Centro também está sendo intensificada.

- Na periferia as pessoas têm menos condições de se proteger e menos condições de manter as famílias isoladas. Outra coisa que temos consciência é que as relações de trabalho das pessoas que vivem na periferia são mais frágeis. Por isso estamos intensificando as ações de fiscalização, no sentido de proteger as pessoas. A estratégia para evitar o lockdown é intensificar a fiscalização e o monitoramento dos casos - comenta.  

No vídeo abaixo, veja a incidência de Covid-19 (a cada 100 mil habitantes) por bairro na área urbana da cidade. Os dados são referentes a casos confirmados até 26 de julho de 2020: 


Fonte: Observatório de Informações em Saúde da UFSM /Taxa de incidência de casos de Covid-19 por barrros em Santa Maria

Taxa de incidência aumentou nas regiões Oeste e Norte
Outro indicador analisado pelo Observatório de Informações em Saúde da UFSM é a taxa de incidência de casos por bairros. O Cerrito é o que apresenta o maior índice, de aproximadamente 976 para cada 100 mil habitantes. No entanto, bairros como Lorenzi e Boi Morto, por exemplo, possuem taxa de incidência maior que Camobi.

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NOS DISTRITOS

DistritoCasos confirmadosÓbitos
Boca do Monte180
Santa Flora41
Arroio Grande30
Arroio do Só10
Palma10
Santo Antão10

- A região central também tem uma taxa bastante alta, mas o que me preocupa, agora, é essa taxa mais alta em alguns bairros de elevada privação. Dou como exemplo o Divina Providência, Duque de Caxias e Passo D'Areia, nas regiões Oeste e Norte - relata o professor Rivaldo Faria, da UFSM.   

O gerente operacional José Marcondes Silva de Souza, de 42 anos, é um dos 10 casos de coronavírus registrados no Bairro Divina Providência, na Região Norte da cidade. Por lá, a incidência é de 742 casos por 100 mill habitantes. Diagnosticado junto com a esposa no dia 16 de junho, Marcondes passou pela doença sem maiores complicações. De volta ao trabalho 14 dias depois, ele observa que nem todos tomam os devidos cuidados no bairro onde vive.  

- O pessoal mais da periferia, que é o exemplo aqui do nosso bairro, não se cuida tanto. Vou estimar em 60% de gente sem máscara, por exemplo - relata.  

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Marcondes Silva de Souza se recuperou do coronavírus

Marcondes conta que, mesmo antes de ser infectado, tomava os procedimentos de proteção, como uso de máscara e higienização, e evitava sair de casa. Entretanto, a suspeita é de que o vírus tenha chegado ao lar pela esposa, que trabalha em um hospital da cidade e tratou uma pneumonia ao mesmo tempo do coronavírus. Por isso, ela fez o uso de medicamentos como a azitromicina. Marcondes não precisou de medicação.  

Ele conhece ainda outra pessoa do bairro que contraiu o vírus. Uma das 24 mortes causadas pela Covid-19 em Santa Maria ocorreu na Divina Providência.  

Recuperado, Marcondes segue as recomendações de prevenção ao vírus e retomou a rotina de trabalho. Porém, ele relata uma pequena mudança na relação com as pessoas em geral.  

- Existe até um certo preconceito por parte de pessoas que sabem que contraí o coronavírus. Mesmo depois de recuperado, parece que tem pessoas que evitam um certo contato - conta. 

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