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Pesquisa da UFSM aponta fatores que aumentam os sintomas de doenças mentais

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Foto: Reprodução

Após um ano de pesquisa, foram divulgados nesta quinta-feira os resultados do estudo "Covid Psiq" na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que investigou os impactos da pandemia do coronavírus na saúde mental. Durante as quatro etapas do estudo, houve 6,1 mil participantes, sendo 74% do Rio Grande do Sul. 

O objetivo do projeto foi avaliar o impacto emocional da pandemia, especialmente no público-alvo dos estudantes universitários, profissionais da área da saúde e trabalhadores em geral, com idades a partir de 18 anos. Para isso, a pesquisa, com abrangência nacional, aconteceu por um questionário online. 

De acordo com a amostra, 75% dos participantes são mulheres e 25% são homens. Do total, 50,4% são jovens com idade entre 18 e 29 anos. A análise estatística da pesquisa mostrou que quanto menor a idade, mais foi possível evidenciar sintomas de depressão, ansiedade, estresse, estresse pós-traumático e alcoolismo.

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Entre os principais resultados, está a identificação de sintomas elevados relacionados à síndrome de Burnout, que é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema relacionada ao trabalho de um indivíduo. A maior parte dos trabalhadores relatou que sente exaustão durante as jornadas de trabalho e pouca vontade de retornar ao serviço após finais de semana e feriados. 

- Precisamos aqui fazer uma provocação para a sociedade sobre a forma como estão trabalhando. Para quem trabalha, aumentou muito a pressão. Não me refiro só a carga de trabalho, mas também o tempo que se despende no trabalho e as demandas domésticas associadas. É preciso repensarmos a nossa lógica de trabalho - afirma Vitor Calegaro, coordenador da pesquisa.

Sintomas de ansiedade e estresse também são elevados em pessoas que ficaram desempregadas durante a pandemia. Além disso, foi observador que, quanto menor a renda da pessoa, mais sintomas relacionados à sofrimento emocional são apresentados. 

Fatores associados ao aumento de sintomas

  • Idade
  • Perdas econômicas
  • Histórico de transtornos mentais
  • Adoecimento grave e mortes próximas
  • Situações de violência e abuso

Principais causadores de sintomas

  • Angústia relacionada a notícias
  • Idade
  • Diagnóstico psiquiátrico atual
  • Dificuldade para dormir
  • Abuso emocional ou violência

SINTOMAS 
De acordo com a pesquisa, os sintomas de estresse entre os entrevistados foram diminuindo ao longo das quatro etapas da pesquisa, de 58% para 45%, assim como os sintomas de depressão, que caíram de 61% para 51%. O consumo de álcool permaneceu estável em relação à primeira etapa, com 46% dos entrevistados afirmando que consomem bebidas alcóolicas ao menos uma vez por semana. Apesar disso, os índices sintomáticos continuam em patamares elevados. 

- Essa queda não quer dizer que está tudo bem. Um dado que chamou a atenção foi de que 15% dos participantes da nossa última etapa apresentavam algum sintoma grave de ansiedade. Isso significa que uma pessoa em cada 15 apresenta esses sintomas graves - explica. 

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Além disso, segundo Calegaro, o impacto inicial da pandemia contribuiu para o aumento do estresse. O passar do tempo e a retomada de atividades devem ter contribuído para a diminuição dos índices:

- Quando tudo mudou, tudo parou, isso naturalmente impactou na saúde mental das pessoas. Isso causou irritação, fadiga, cansaço. Depois, quando começamos a descobrir como ocorre a contaminação pela Covid-19, retomar um pouco do que tínhamos antes, as pessoas começaram a se adaptar.


O PROJETO
Desde abril de 2020, a CovidPsiq monitora os impactos da pandemia na saúde mental da população brasileira desde o dia 22 de abril. No início, a pesquisa tinha como foco os sintomas mentais e comportamentais decorrentes do isolamento social. Mas, com o decorrer da pandemia, outros desafios surgiram e novas questões foram incluídas: violência, uso de substâncias químicas, exposição à mídia, situação econômica, trabalho remoto e aulas online, por exemplo. A quarta etapa terminou em fevereiro de 2021. 

Aproximadamente 6 mil pessoas responderam à pesquisa, que foi realizada em quatro etapas. O projeto é desenvolvido na Coordenadoria de Ações Educacionais (Caed) da UFSM, sob a coordenação do médico psiquiatra e professor do Departamento de Neuropsiquiatria, Vítor Crestani Calegaro. Ainda fazem parte da equipe mais de 70 pessoas, entre médicos psiquiatras, psicólogos, professores, residentes e alunos de graduação e pós-graduação, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Franciscana (UFN) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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