pandemia

Oito dos 12 principais exames feitos no Husm tiveram queda

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Segundo Núbia, cirurgia de retirada da vesícula não foi realizada na rede pública por conta das restrições da pandemia

As estratégias da rede pública de saúde para lidar com a pandemia do novo coronavírus refletiram na queda nos números de exames, internações e cirurgias do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) nos meses de março e abril deste ano em relação ao ano passado. As medidas, como a suspensão de consultas eletivas, foram adotadas para frear a propagação da Covid-19, mas apontam para um cenário em que o diagnóstico, e, consequentemente, o tratamento de outras doenças teve de esperar. Dos 12 principais exames de diagnóstico realizados no Husm, oito diminuíram nos dois meses da pandemia, entre eles as biópsias, mamografias e para detectar doenças cardíacas (veja abaixo).

Referência no tratamento de câncer, o hospital de alta complexidade não foi o único a reportar queda nos atendimentos. Em levantamento publicado no Diário, na segunda-feira (22 de junho), a Casa de Saúde, hospital de baixa e média complexidade, também registrou redução de 40,6% nas cirurgias, de 28,4% das internações, além de diminuição na realização de exames, entre março e maio deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado.

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A análise da enfermeira Soeli Guerra, gerente de Atenção à Saúde do Husm, e do médico Humberto Palma, chefe da Divisão Médica do hospital, é de que, além da redução institucional das consultas eletivas, houve significante aumento no número de falta a consultas médicas e exames como mamografias, tomografias e biópsias, pelo medo da população em contrair a Covid-19.

Segundo Soeli e Humberto, os exames que tiveram aumento estão relacionados com a prioridade dada aos pacientes oncológicos durante a pandemia. Segundo os gestores, com as restrições àquelas doenças não oncológicas, houve maior janela de oportunidade para o atendimento oncológico, inclusive para pacientes de outras regiões do Estado, refletindo em melhores números.

- Excetuando-se as urgências e emergências, todos os pacientes oncológicos de qualquer especialidade apresentam prioridade para realização de seus tratamentos. Esses tratamentos incluem a investigação para saber a fase da doença, o tipo e subtipo oncológico, e o melhor tratamento - explicam em nota conjunta assinada pelos dois profissionais.

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Mesmo assim, a equipe do hospital universitário se preocupa com o represamento da demanda de doenças além da Covid-19 após o período de enfrentamento ao novo coronavírus. De acordo com eles, mesmo antes da pandemia, o Husm já não conseguia atender toda a demanda referenciada às suas especialidades. A perspectiva de dias melhores hoje está depositada no Hospital Regional, dizem:

- A esperança é que, passada a pandemia, o Hospital Regional poderá redirecionar suas atividades para auxiliar no atendimento às especialidades com expressivo represamento, como traumato, ortopedia clínica e cirúrgica, cirurgias vasculares de baixa complexidade, reabilitação de doentes crônicos, dentre outros.

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style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Camila Gonçalves (Diário)
Ronise teve dificuldade para conseguir exames pelo Husm, mas seguiu tratamento de câncer de mama

PACIENTES PRECISARAM PAGAR POR CIRURGIA
A auxiliar de escritório Núbia J. Ribeiro Ilha, 51 anos, foi uma das pacientes que não conseguiu atendimento no Husm em função do fechamento do bloco cirúrguco durante os primeiros dias da pandemia. Na rede privada, ela foi diagnosticada com problema de vesícula e necessitava de cirurgia. Sem condições de pagar o procedimento, Núbia e a filha, a recepcionista Lainie Ribeiro Ilha, 30 anos, foram buscar atendimento na UPA. Lá, a assistente teve o mesmo diagnóstico: ela precisava de uma colescistomia, intervenção cirúrgica para retirada da vesícula. Então, ficou internada enquanto a equipe médica tentava uma transferência para o Husm. Por três dias seguidos, segundo Lainie, a equipe da UPA recebeu negativa de internação para cirurgia, alegando que o bloco cirúrgico do hospital universitário estava fechado.

Por isso, elas decidiram pagar pelo procedimento. O total de despesas com a cirurgia chegou a R$ 8,3 mil. Apesar de realizar uma rifa pelo Facebook e arrecadar parte do dinheiro, além das doações dos parentes, a família ainda tem várias prestações de cartões de créditos para quitar.

- O médico que a operou disse que ela não aguentaria se não fizesse a cirurgia, pois tinha pedra na vesícula e no canal - recorda Lainie.

Sobre o caso de Núbia, o Husm informou que após resultado de exames, foi descartada a urgência. Ainda, conforme a instituição, o quadro foi discutido entre os médicos plantonistas (UPA e Pronto Socorro do Husm) e foi definida conduta ambulatorial.

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Já a cabeleireira Ronise Oliveira dos Santos Jorge, 31 anos, faz tratamento para um câncer na mama no Husm. A covid-19 não modificou o plano de tratamento, segundo ela, mas gerou dificuldades para a marcação de exames. Ronise descobriu um nódulo no seio em outubro do ano passado. Em 6 de dezembro começou o tratamento quimioterápico no Husm. A última sessão foi no dia 12 de maio. Segundo ela, o médico indicou a retirada do seio direito após a quimioterapia. A consulta com a equipe da mastologia estava marcada para o dia 27 de maio, mas dependia da apresentação de exames de ultrassonografia e mamografia.

- Ao procurar a marcação desses exames, me disseram que não havia previsão para agendamento de ultrassonografia e que a mamografia só teria data para 16 de junho - conta.

Com isso, Ronise buscou os exames na Secretaria de Saúde de São Sepé, onde mora. Conseguiu fazer a mamografia, mas precisou fazer a ultrassonografia pela rede privada.

O Husm informou, em 3 de junho, que os exames haviam sido agendados e que data e hora seriam informadas diretamente ao paciente. Porém, Ronise informou à reportagem que já havia feito os exames. A cabeleireira passou por cirurgia em 8 de junho e está bem.

OS EXAMES NO HUSM

QUEDA

Diagnóstico em pneumologia (auxilia no diagnóstico de doenças respiratórias)

  • 2019 - 1149
  • 2020 - 432
  • Queda de 62,5%

Diagnóstico por mamografia (auxilia no diagnóstico de câncer de mama)

  • 2019 - 161
  • 2020 - 64
  • Queda de 60,3%

Diagnóstico por radiologia (auxilia no diagnóstico de todos os tipos de doença)

  • 2019 - 6435
  • 2020 - 4363
  • Queda de 32,2%

Diagnóstico por tomografia (para diagnóstico de todas as doenças e também para limitar a área a ser irradiada no tratamento do câncer)

  • 2019 - 3331
  • 2020 - 2536
  • Queda de 23,9%

Diagnóstico por ultrassonografia (auxilia no diagnóstico de todos os tipos de doença)

  • 2019 - 2199
  • 2020 - 1221
  • Queda de 44,5%

Biópsias

  • 2019 - 137
  • 2020 - 83
  • Queda de 39,5%

Exames relacionados à cardiologia

  • 2019 - 2818
  • 2020 - 722
  • Queda de 74,4%

Exames laboratoriais

  • 2019 - 141.794
  • 2020 - 106.242
  • Queda de 25,1%

ALTA

Diagnóstico e terapia por medicina nuclear (auxilia no diagnóstico de doenças como câncer de mama e de pele)  

  • 2019 - 104
  • 2020 - 177
  • Aumento de 41,3%

Diagnóstico por ressonância magnética nuclear (define a maioria dos diagnósticos, especialmente, câncer e outras doenças graves)

  • 2019 - 217
  • 2020 - 281
  • Aumento de 22,8%

Exames de patologia cirúrgica (define o tipo de doença/câncer a partir da análise de tecido retirado do paciente)

  • 2019 - 541
  • 2020 - 961
  • Aumento de 43,8%

Imunohistoquimica (define o tipo de doença/câncer, especialmente na área de hematologia)

  • 2019 - 23
  • 2020 - 76
  • Aumento de 69,8%

Fonte: Husm. Dados referentes aos meses de março e abril de 2019 e 2020

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