surto de toxoplasmose

Laboratório do Husm pode ser solução para agilizar confirmação de casos de toxoplasmose

Pâmela Rubin Matge


Foto: Ronald Mendes (Diário)

Duas medidas têm sido a prioridade da Secretaria Municipal de Saúde diante do surto de toxoplasmose em Santa Maria, que já contabiliza 51 casos comprovados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), com sede em Porto Alegre: viabilizar mais verbas para os 11 laboratórios conveniados ao Estado, que atendem o município e fazem testes de toxoplasmose, e agilizar o diagnóstico, o que significa trazer para Santa Maria o teste de contraprova da doença sem a necessidade de enviar amostras para o Lacen, na Capital.

DIFERENÇAS NAS ESTATÍSTICAS
Para que o leitor entenda a diferença das estatísticas, é necessário explicar o caminho da confirmação dos casos. Os pacientes atendidos em consultórios das redes púbica e privada que têm a toxoplasmose confirmada por meio de exames feitos em laboratórios de Santa Maria só entram para a estatística oficial depois que o Lacen, de Porto Alegre, faz a contraprova do exame, uma espécie de confirmação do resultado. Para enviar os casos ao Lacen, os médicos precisam notificar a Vigilância em Saúde da prefeitura, que encaminha os exames para contraprova. Segundo a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual, Tani Ranieri, o Lacen precisa de 48 horas entregar o resultado.

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ENCURTANDO CAMINHO
Preliminarmente, as tratativas de fazer a contraprova em Santa Maria - e não depender mais do Lacen - envolvem o Husm, que detém tecnologia para a realização dos exames. Contudo, ainda não há definições. Na segunda-feira, a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual, Tani Ranieri, afirmou que o resultado precisa de 48 horas para ficar pronto e que as primeiras amostras chegaram ao Lacen em 11 de abril. Porém, Tani não explica por que os resultados das primeiras 72 amostras ainda não foram todos divulgados. A secretária de Saúde do município, Liliane Mello Duarte, alega que depende de respostas do Estado.

Profissionais das Vigilâncias em Saúde do município e do Estado acumulam 193 notificações de toxoplasmose (incluindo as 72 já enviadas). O restante segue em um procedimento de busca ativa dos pacientes e posterior análise interna, antes de serem remetidas. As informações são da secretária Liliane, que concedeu uma entrevista ao Diário na tarde de ontem, na sede do jornal.

ENTREVISTA: SECRETÁRIA DE SAÚDE
Por 1h23min, enquanto não tirava o olho de um netbook e interrompendo a conversa para atender seis ligações no celular, inclusive do prefeito Jorge Pozzobom, que se encontrava em Brasília, Liliane falou sobre como se dá o fluxo de exames que saem de Santa Maria e são encaminhados ao Lacen e da relação entre município e Estado. Também explicou o porquê de o número de casos apontados por infectologistas da rede privada ser diferente dos divulgados pela Vigilância em Saúde. A conversa foi acompanhada pela médica infectologista Paula Martinez, que também respondeu aos questionamentos da reportagem, e pelo chefe da comunicação da prefeitura, Ramiro Guimarães. Confira a entrevista:

Diário de Santa Maria _ A senhora afirmou que para falar de toxoplasmose é preciso entender questões técnicas, com profissionais de credibilidade. Pelos estudos já feitos, tem alguma perspectiva do que possa ser a fonte de contaminação?
Liliane Mello Duarte _ Não me arrisco a opinar. 

Diário _ Infectologistas da cidade mencionaram que bairros da Região Oeste são os mais afetados dentre o número divulgado pela prefeitura de 13 (com a atualização, 18). A Secretaria de Saúde confirma? 
Liliane _ Não. A Secretaria de Saúde é plena da atenção primária. A confirmação oficial é do Lacen.  
Paula Martinez _ A contaminação pode não ser onde elas residem, pode ser onde elas almoçam. Não estamos contrariando os infectologistas, mas só podemos confirmar o que o Estado confirmar. 

Diário _ Como se dá o fluxo de exames de Santa Maria para o Lacen. Por que tanta demora na confirmação dos exames? 
Liliane _ Estamos tentando agilizar. A prefeitura aguarda o aumento da cota de valores repassados aos laboratórios de Santa Maria para que façam o primeiro atendimento (primeira coleta) da atenção primária frente ao surto de síndrome febril que está se confirmando toxoplasmose. Também queremos trazer para perto o exame de contraprova. 
Paula Martinez - É uma corrente. Se o Estado não nos dá o diagnóstico, consequentemente não nos dá o tratamento. 

Diário - Por que os números, isto é, cerca de 200 casos, divulgados pelos infectologistas não batem com os do município?
Liliane - Esse é um número deles, do atendimento privado. 

Diário - Mas não ficou acertado que eles repassariam os números à Secretaria de Saúde?
Liliane - Sim, mas não temos como fiscalizar se passam tudo. Eles têm um banco de dados deles. Estamos fazendo uma investigação epidemiológica, onde há o setor de Vigilância do Estado, e estamos juntos. São 12 pessoas. É como se fosse uma investigação policial. É preciso o consenso de todo o grupo. Tem médico que fala em vários casos, mas nunca notificou o município. 
Paula - A gente torce que eles (os médicos infectologistas) estejam certos, que a fonte seja descoberta a partir disso e que o Estado concorde. A gente está aguardando que juntem dados e cruzem as informações.

Diário - Desde o início das suspeitas até o surto da toxoplasmose, como tem sido ser secretária de Saúde e administrar a situação? 
Liliane - Nada foi pior que a Kiss. O surto (de toxoplasmose), a maioria é benigno. Hoje, a preocupação é que o menor número de pessoas sofram as consequências da toxoplasmose e que ninguém perca um bebê planejado.

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