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Hospital Regional não revela número de atendimentos feitos na primeira semana

Dandara Flores Aranguiz

Foto: Renan Mattos (Diário)

Aberto de forma parcial há uma semana, o Hospital Regional Centro, em Santa Maria, ainda está longe de ser a referência em alta complexidade estadual em neurologia e traumatologia a qual se propôs. Mais ainda, ao que tudo indica, distante também de ser a alternativa para desafogar a fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Inaugurado há 10 dias, o prédio, de 20 mil m² e que custou R$ 70 milhões, abriu as portas, na última segunda-feira, do Ambulatório Especializado em Doenças Crônicas (para atender pacientes diabéticos e hipertensos).

:: Como vão funcionar os atendimentos no Hospital Regional

E, mesmo com as 13 salas de consultas disponíveis, com estrutura para realização de diversos exames de apoio de diagnóstico e com uma equipe multiprofissional formada por cerca de 50 funcionários, a primeira semana de funcionamento do ambulatório teve um baixo número de atendimentos realizados: se o cronograma de agendamentos se confirmou, apenas 13 pacientes da lista de espera encaminhada pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS) foram às consultas.

No segundo dia de atendimento, Hospital Regional recebe três pacientes

O número real de pacientes atendidos durante a primeira semana, no entanto, não foi divulgado ao Diário, nem pelo Instituto de Cardiologia - responsável pela gestão do hospital -, nem pela 4ª CRS, nem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Como justificativa, os órgãos alegaram que essa primeira semana foi um "período de ajustes e adequações de fluxos e processos internos", e que a presença da imprensa atrapalharia a rotina de trabalho da equipe. Por esse motivo, a equipe do Diário só teve acesso às dependências do ambulatório no primeiro dia de funcionamento. Nos outros quatro dias, a reportagem permaneceu do lado de fora do complexo, aguardando a saída dos pacientes para fazer o acompanhamento (leia mais no quadro abaixo).

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Procurado pelo Diário para uma entrevista sobre o balanço da primeira semana do ambulatório, o titular da 4ª CRS, Roberto Schorn, disse que estava afastado por alguns dias para resolver problemas pessoais, e que se inteiraria dos fatos ao retornar de viagem, nesta segunda-feira.

DIFICULDADES
A solenidade de abertura da unidade ocorreu no último dia permitido pela lei eleitoral para que os políticos que irão concorrer, nas eleições de outubro, participassem de inaugurações - o governador do Estado, José Ivo Sartori, é pré-candidato do MDB à reeleição - em 6 de julho, cinco dias antes do prazo estabelecido na assinatura do convênio, em 11 de junho, de 30 dias. Uma das justificativas para o baixo número de atendimentos até o momento é a adaptação ao novo Sistema de Regulação Ambulatorial Online, que deve ser implementado até o final deste mês. Por enquanto, o hospital opera com agendamentos e formulários manuais.

Outra dificuldade encontrada pela equipe do ambulatório é em relação ao absenteísmo (não comparecimento do paciente a um procedimento previamente agendado, sem notificação), já que muitos municípios da região apresentaram dificuldade em transportar os usuários até Santa Maria, em algumas ocasiões.

Ainda nesta semana, os prefeitos que compõem a Associação dos Municípios do Centro do Estado (AM-Centro) devem se reunir para tratar das questões envolvendo o Hospital Regional Centro. De acordo com o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, o encontro, que ainda não tem data marcada, servirá para compreender o que estaria acontecendo nesse primeiro momento.

- Isso é fundamental para que possamos compreender o problema que está tendo agora, no início, e saber se é nós que estamos falhando, se é o hospital ou se é o Estado. Tenho certeza que eles (Instituto de Cardiologia) estão num processo de organização interna, e que essa proposta vai ser uma grande referência para o Brasil inteiro. Demanda tem - afirmou o prefeito.

Ainda segundo Pozzobom, só de Santa Maria, a demanda reprimida é de cerca de 800 pessoas, que aguardam na fila de espera do SUS, aptas a serem encaminhadas para atendimento no ambulatório. 

"Que não seja só politicagem, que se abram muito mais portas"

Para os moradores vizinhos ao Hospital Regional, no Bairro Pinheiro Machado, as mudanças vieram, principalmente, na forma de revitalizações e melhorias feitas nas ruas do entorno da área. Para o aposentado Olavo Irineu Medina Coden, 76 anos, a expectativa é que o hospital funcione 100% em breve.

- Eu estou achando pouco (número de pacientes atendidos por dia), tinha que ter mais. Isso aí um pouco é política, né? Eleição se aproximando, aí, vagarosamente, abriram. Espero que não seja só politicagem, que se abram muito mais portas - avaliou Coden, que mora quase em frente ao hospital, na Rua Florianópolis, há cerca de seis anos.

João Francisco da Silva, 53 anos, mora ao lado do hospital há 12 anos, com a esposa e a neta. Ele avalia como positiva a abertura do hospital, porém, é um pouco pessimista com relação ao prazo dado para que as primeiras internações sejam feitas, daqui a um ano:

- É muito tempo, nem sei se vou existir até lá. Tem muitos aqui que chegaram a morrer, os coitados, esperando o hospital abrir e morreram antes de ver funcionar. Eu acho pouco movimento, os funcionários ficam ali esperando quem? Todo o dia ali parados, difícil, né? Para nós, melhorou a rua, que antes era barro. Mas, para quem mora aqui, não teve muita diferença. Não dá para a gente chegar direto ali e consultar.

A Secretaria de Mobilidade Urbana instalou dois pontos de ônibus na Rua Florianópolis: uma ao lado da entrada do Hospital Regional, e a outra, em frente a um estabelecimento comercial que está em construção. De acordo com a prefeitura, os trabalhos (revitalização e sinalização do trânsito, limpeza externa do prédio e pavimentação de quatro ruas) foram concluídos entre dezembro e fevereiro deste ano. As obras foram executadas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, com recursos de R$ 10 milhões.

Uma parada de ônibus deve ser instalada, nas próximas semanas, bem em frente ao complexo hospitalar. 

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