saúde pública

Equipe incompleta na ressonância afeta emissão de laudos de tomografia no Husm

Dandara Flores Aranguiz

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Terminou, na quinta-feira, o prazo final para que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) formasse a equipe para operar o aparelho de ressonância magnética do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). O equipamento está funcionando desde 16 de janeiro, mas ainda faltam profissionais da área médica para completar o quadro necessário para que o serviço funcione 100% - atualmente, o aparelho faz 5 exames por dia, quando a capacidade é para 10 a 15 exames diários.

HUSM PODE SER MULTADO 
A Ebserh, que administra o Husm, chegou a fazer a convocação de candidatos que prestaram concurso público anteriormente, mas, por enquanto, 12 dos 15 profissionais estão trabalhando. As três vagas para médico radiologista ainda não foram preenchidas. O pedido de contratação imediata de uma equipe com 15 profissionais foi feito ainda em setembro de 2018, pelo Ministério Público Federal (MPF) de Santa Maria, que ingressou com uma ação civil pública contra a Ebserh.

Aparelho de ressonância do Husm vai começar a funcionar em setembro

No dia 11 de outubro, a 3ª Vara Federal atendeu parcialmente a liminar e estabeleceu um prazo para que a empresa remanejasse temporariamente os profissionais de seu quadro pessoal para o Husm, com pena de multa diária no valor de R$ 5 mil em caso de descumprimento da ordem judicial. Considerando a não contratação dos médicos, a multa, em princípio, incide a partir do término do prazo, ou seja, a partir de hoje.

- Até que tenha uma decisão revogando essa multa, ela incidirá a partir da data fixada, que é 14 de fevereiro. Nossa compreensão é de que o remanejamento interno não nos basta, caso contrário, a gente nem precisava ter ajuizado a ação. A gente quer uma equipe específica para operar a ressonância, sem prejuízo dos demais serviços. Agora, está nas mãos do Judiciário, e é preciso que ele se sensibilize quanto a isso também - pontua a procuradora da República Bruna Pffaffenzeler.

MENOS EXAMES QUE A CAPACIDADE
De acordo com a superintendência do Husm, no momento, estão sendo feitos apenas cinco exames de ressonância magnética por dia, no turno da manhã, em pacientes que já estão internados no hospital (politraumatizados, emergências e pacientes em tratamento contra o câncer). A expectativa é que, após a contratação dos radiologistas, o serviço seja estendido para a tarde, com possibilidade de ampliação para um terceiro turno, aumentando a capacidade atual para 10 a 15 exames por dia. 

Nós já tivemos uma condição muito pior do que a de hoje, com a máquina parada. Colocá-la em funcionamento era uma grande preocupação nossa. É claro que a situação não é a ideal, mas seria prejuízo maior não ter a ressonância - avalia João Batista Vasconcellos, gerente administrativo do Husm.

Na manhã de ontem, a autônoma Liziane Bender, 39 anos, aguardava na sala de espera do setor para fazer um exame de ressonância no ombro esquerdo. Ela faz tratamento em traumatologia desde que fraturou o úmero em um acidente de trânsito, em julho de 2017.

- Mesmo com o tratamento, minha dor é crônica. Já fiz Raio X, tomografia, mas a ressonância vai servir para avaliar se precisa ou não de cirurgia. Eu consultei em janeiro e, quando fui marcar, me informaram que, se não fosse considerado urgente, eu entraria em uma fila de até um ano de espera. Fui procurar por fora, e custa cerca de R$ 2 mil no particular, sem convênio - comenta Liziane.

FALTA DE PROFISSIONAIS REDUZ EXAMES DE TOMOGRAFIA
Para poder colocar o equipamento em funcionamento, no entanto, o Husm precisou fazer um remanejamento interno de médicos radiologistas da Unidade de Diagnóstico por Imagem para fazer, também, o exame de ressonância até que mais profissionais sejam contratados. Com isso, dos 11 médicos radiologistas da unidade, cinco profissionais que atuam diretamente no serviço de tomografia estão dividindo a emissão de laudos de exames com a ressonância, o que já teve impacto imediato nos números.

De acordo com o chefe da unidade, Guilherme Lopes Weis, o método de elaboração dos laudos para a ressonância é mais demorado por ser um exame mais complexo do que os outros.

- É um método mais específico, por especialidade, que demanda vários médicos para tentar dar cobertura da análise. Fizemos um levantamento comparando as emissões de laudos de tomografia, de janeiro de 2018 e janeiro de 2019, e tivemos uma queda de 28% nesse serviço pela inserção da ressonância. É muito diferente de uma clínica privada, que trabalha basicamente com pacientes ambulatoriais - aponta.

Após 6 anos parado, aparelho de ressonância do Husm vai funcionar

A contrapartida para remanejar esses profissionais era o "empréstimo" de médicos radiologistas de outros hospitais de fora de Santa Maria, que fazem parte da rede da Ebserh, no auxílio da emissão desses laudos. No entanto, até agora, somente os profissionais do Husm estão fazendo esse serviço. Segundo Weis, são feitos de 1,8 mil a 2 mil exames de tomografia por mês no Husm.

- Nossa grande preocupação sempre foi tornar o mais ágil possível o atendimento a essa população carente desse serviço, mas a Ebserh está distante demais, os posicionamentos são muito genéricos, de quem não conhece a realidade que nós vivenciamos aqui - afirma a procuradora da República Bruna Pffaffenzeler.

O QUE DIZ A EBSERH
"A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua em conjunto com o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) para a contratação dos últimos três médicos radiologistas para a unidade.

Nos próximos dias, a estatal realizará uma nova convocação de aprovados em concurso público para este cargo. A Ebserh reforça que, independentemente de qualquer solução temporária, continuará focada em convocar profissionais aprovados via concurso público, iniciativa que resolve a questão em definitivo. Somente este ano, 9 já foram chamados para as vagas.

Conforme já informado, os outros 12 profissionais (enfermeiros, técnicos em enfermagem, técnicos em radiologia e assistentes) foram contratados e estão atuando na unidade.

Outras alternativas, como a possibilidade de que os laudos sejam feitos por profissionais de outras unidades, estão sendo avaliadas, pois dependem de disponibilidade de médicos radiologistas em outros hospitais, carga horária, possibilidade de hora extra, dentre outros.

Vale destacar que nenhum paciente tem ficado sem assistência, visto que todos os médicos tratam com os pacientes os casos, com base no exame, e o paciente recebe atendimento."

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