com a palavra

Empreendedora fala sobre a trajetória no ramo da geriatria

Gabriele Bordin

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Arquivo Pessoal

A desportista e empreendedora Giovanna Bonella Barros, 47 anos, é formada em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e especialista e mestre em estudos sobre o envelhecimento da população. Ao lado da irmã, a enfermeira Giuliana, ela é sócia-proprietária do Dolce Vita Centro Especializado em Cuidado ao Idoso. Na entrevista a seguir, Giovanna conta sobre o caminho de descobertas na carreira profissional e nos esportes, sempre tendo a família como alicerce.

Diário - Antes do Dolce Vita, a senhora imaginou trabalhar com idosos? 

Giovanna - Não, mas tenho dedicado quase toda minha vida a eles. Na infância, passava longos períodos com a minha avó Nyora. Saíamos pela cidade dela, Silveira Martins, a cuidar das idosas que eram suas amigas. Quando eu tinha 4 anos, minha irmã, Giuliana, chegou ao mundo. Ela é minha companheira e sócia desde a barriga de nossa mãe. Éramos muito apegadas a essa avó.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">As irmãs Giovanna (a partir da esq.) e Giuliana contam com a ajuda da mãe, Marisa Barros, na rotina da empresa

Diário - Vocês sempre sonharam empreender? 

Giovanna - Eu, sim. Meu pai, Felisberto Barros, inventou uma fórmula de adubo orgânico. Com as vendas desse produto, pagamos as primeiras despesas da empresa. Em 2009, após trabalhar por 10 anos no serviço público, me sentia engessada e sonhava com vários empreendimentos. No mesmo ano, quando Giuliana encerrou um contrato de trabalho, nosso pai sugeriu a ela que fôssemos empreendedoras. Então, tive a ideia de unirmos nossas habilidades abrindo uma geriatria diferente. Eu mal sabia do esforço que precisaria fazer para quebrar um estigma negativo e enraizado. Afoitas por empreender, em 50 dias, achamos um imóvel, reformamos, mobiliamos e inauguramos a empresa. 

Diário - Como é trabalhar em uma empresa familiar?

Giovanna - Eu amo! Trabalhar em família proporciona uma liberdade ímpar. Com ajustes de comunicação e transparência, é difícil dar errado. Há quatro anos, nossa mãe, Marisa Bonella Barros, trabalha conosco. De forma calorosa, ela recepciona os familiares de clientes e nos assessora, além de nos dar o melhor, ou seja, sua presença diária e amor inigualável.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Giovanna e o pai, Felisberto Barros

Diário - Quais foram os momentos mais marcantes do Dolce Vita? 

Giovanna - Em 2014, fomos case do MBA em Gestão, Marketing e Planejamento Estratégico, de Gabriela Fröhlich. Fruto deste trabalho, nossa empresa expandiu. A partir dos pedidos de clientes, em 2016, nasceram os treinamentos para acompanhantes de idosos. Em 2017, começamos a prestar consultoria para empresas no ramo. Em 2019, com muita alegria, falamos sobre a "Arte do Cuidado", na terra natal do pai, em Sant'Anna do Livramento. A palestra foi no auditório que tem o nome de minha avó paterna, Eulalia Rosa Barros. Lá, contamos nossa história. Para 2020, tenho mais dois projetos. Estou trabalhando neles há cerca de dois anos. Os resultados devem aparecer em breve. 

Diário - A senhora também é atleta?

Giovanna - Como amante do esporte, tive períodos diferentes de práticas, entre elas, vôlei, padel, tênis e natação. Desde 2017, me dedico à corrida de rua. Gosto de participar de provas grandes. Em junho deste ano, corri, em Porto (Portugal), a corrida de São João, fiz a São Silvestre. Para novembro, na maratona de Florianópolis, estou tentando repetir o feito dos 21 quilômetros, os quais fiz na maratona internacional de Porto Alegre, em 2019. A corrida é como um remédio mágico. O exercício me ajuda a resolver questões da empresa e da vida, além de me presentear com prazer.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">O afilhado Lucas proporciona diversos e felizes aprendizados à "dinda"

Diário - E além da saúde física, de que forma busca o bem-estar? 

Giovanna - Aos 6 anos, eu admirava muito às rezas da minha avó. Sou uma eterna buscadora do bem-estar. Em 1998, tive o privilégio de escutar uma palestra de Chagdud Rinpoche em Santa Maria. Ali, comecei uma forte conexão com esse mestre. Rinpoche fundou o Chagdud Gonpa Brasil, em Três Coroas, um mosteiro típico do budismo tibetano. Eu ia para lá sempre que podia.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Equipe do Dolce Vita, Centro Especializado em Cuidado ao Idoso. Giovanna e a irmã, Giuliana, administram a empresa

Diário - Como faz uso dos ensinamentos do budismo? 

Giovanna - Rinpoche dizia "não adianta fazerem práticas de sadhana (livros litúrgicos) se não praticarem no dia a dia". Em 2009, quando comecei a empresariar, vi que estava diante da maior prática da minha vida. Atualmente, faço curso de filosofia clássica, além das corridas e práticas diárias de meditação e estudos. É preciso dedicar mais do que conhecimento técnico para gerir um grupo com harmonia e resultados. Essas e outras questões me fazem ver o mundo de forma diferente.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Na recepção do Dolce Vita, sempre há tempo para um café

Diário - O que mais lhe fez mudar o jeito de ver o mundo? 

Giovanna - Gosto de inventar e implementar. Tenho prazer em ver o diferente acontecer. Já na fase adulta, o que me ensinou a ver tudo diferente foi o Lucas, 16 anos, meu afilhado, que tem Síndrome de Down. Conviver com o que foge do padrão me tornou mais sensível. Passei por momentos difíceis, como o câncer da mãe, hoje curada, o infarto da minha irmã e a morte da minha vó Nyora. Somando a isso, no Dolce Vita, trabalhamos cuidados paliativos. Minha jornada nas últimas duas décadas me trouxe riquezas emocionais. Me sinto cada vez mais aprendiz da vida. Sou muito positiva, um tanto pensadora e grata por tudo. Costumo falar e escrever "Keepgoing", e colocar um coração verdinho para as pessoas que estão diante de alguma jornada. Era o que meu mestre Rinpoche me dizia.

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