Trajetória

Em busca do pleno funcionamento e com promessa de novo serviço, Hospital Regional de Santa Maria completa 5 anos

Em busca do pleno funcionamento e com promessa de novo serviço, Hospital Regional de Santa Maria completa 5 anos

Foto: Eduardo Ramos (arquivo/Diário)

Em meio a promessas, investimentos e conquistas na busca pelo funcionamento pleno, o Hospital Regional de Santa Maria completa 5 anos nesta quinta-feira (6). A instituição, que foi anunciada em 2003, passou por três gestões governamentais do Estado até que abrisse as portas no prédio localizado no Bairro Pinheiro Machado em 2018. Sob a gestão do Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), de Porto Alegre, atualmente, o hospital conta com quatro ambulatórios, bloco cirúrgico, além de ofertar consultas e cirurgias em especialidades como traumato-ortopedia (de média complexidade) e neurologia (de média e alta complexidades). 

A demanda cirúrgica tem sido tão significativa que, em outubro de 2022, o Regional chegou à marca de mil cirurgias. A situação também resultou na instalação, no local, de uma agência transfusional no início de junho deste ano –, ou seja, um espaço de armazenamento e manipulação de produtos sanguíneos.

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Apesar dos passos dados, os leitos de internação clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que ganharam importante papel na assistência a pacientes infectados pela Covid-19 em Santa Maria e região a partir de 2020, ainda são uma pauta polêmica, mesmo que se argumente que a instituição está no caminho certo para quase dobrar o número atual, que é de 100.

Com 420 funcionários, o Hospital Regional tem buscado prestar um serviço de qualidade e diminuindo listas de espera. Atualmente, cerca de 50% dos pacientes atendidos na instituição são de Santa Maria. No cronograma da instituição, que envolve também os mais de 30 municípios que compõem a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), as áreas de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista fazem parte da próxima etapa. Entretanto, não se sabe se estes ainda sairão do papel em 2023.​

Atendimentos

Inaugurado em julho de 2018, o ambulatório de Doenças Crônicas é considerado um serviço pioneiro no Estado ao oferecer atendimento especializado para pacientes com diabetes e hipertensão oriundos de municípios da Região Central e encaminhados pela 4ª CRS. Em agosto de 2019, começou a funcionar o ambulatório de Cardiologia na instituição, com a oferta de até 320 consultas por mês. Com a inauguração do bloco cirúrgico, um novo ambulatório foi criado em 2021. O serviço mais recente é voltado à assistência de pessoas idosas. O ambulatório, que também é considerado um serviço pioneiro na área, foi inaugurado em outubro de 2022.

Em entrevista ao Diário, o diretor geral do Hospital Regional, Geison Farias, explica que os atendimentos ofertados nestes espaços estão interligados. Ao ser encaminhado para um dos ambulatórios, o paciente contará com a assistência de uma equipe multiprofissional, composta por assistente social, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, nutricionista, profissionais de educação física, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogo, além de médicos anestesista, cardiologista, cirurgião geral, cirurgião do aparelho digestivo, entre outros.

No primeiro ano de funcionamento do hospital, foram realizadas 9.595 consultas com profissionais. Em 2019, o número aumentou para 50.662, com a abertura do segundo ambulatório. Mesmo com a pandemia de coronavírus, em 2020, a instituição manteve um alto número de consultas: 40.755. No ano seguinte, foram 37.060. Em 2022, os profissionais dos quatro ambulatórios contabilizaram, ao todo, 42.551 consultas e, até maio deste ano, foram registradas 21.666.

Sobre a faixa etária, o público com mais de 60 anos representa cerca de 65% dos atendimentos nestes espaços. Segundo Farias, com os encaminhamentos sendo feitos via sistema de Gerenciamento de consultas (Gercon), a instituição tem trabalho em parceria com a coordenadora adjunta da 4ª CRS, Carla Boniatti, para lidar com a demanda.

– Eu não poderia estar mais feliz em relação a esses bons números do hospital. Acho que o Hospital Regional está cada vez mais exercendo o seu papel de referência na região para os 33 municípios, diminuindo os números de consultas e exames nos ambulatórios, além de cirurgias na região e também em Santa Maria. Ficamos muito contentes com o crescimento do Regional e que vem contribuindo com essa demanda de espera, que acaba diminuindo a fila da região da 4ª CRS. Então, está sendo um resultado muito positivo – afirma Farias.


Consultas com profissionais nos ambulatórios

  • 2018 – 9.595
  • 2019 – 50.662
  • 2020 – 40.755
  • 2021 – 37.060
  • 2022 – 42.551
  • 2023* (até maio) – 21.666
Foto: Eduardo Ramos (arquivo/Diário)


Leitos

Sob promessas do governo do Estado, o Hospital Regional permaneceu sem leitos de internação de 2018 até abril de 2020. Somente em 27 de abril de 2020, com o início da pandemia no Rio Grande do Sul, um passo efetivo foi dado com a abertura de 30 leitos clínicos e 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) voltados exclusivamente ao atendimento de pacientes infectados com a Covid-19.


Com capacidade total para 198 leitos (30 de UTI e 168 clínicos), o Regional tem batalhado para se aproximar deste número entre aumentos e reduções.

– Hoje, possuímos 100 leitos no hospital. Existe uma expectativa de aumento. Não há dúvida. Não posso precisar números, mas porque isso depende muito da autorização do Estado. Mas, a ideia do Governo é abrir seus leitos e garanti-los em sua plenitude o mais breve possível. Pode ser que demore um pouco mais, mas a ideia é ter o hospital como na sua totalidade – afirma Farias.

Número de procedimentos cirúrgicos cresce no hospital

Com capacidade inicial para mais de 55 cirurgias por mês, o bloco cirúrgico do Hospital Regional foi inaugurado em 27 de outubro de 2021. Atualmente, o espaço é utilizado para procedimentos de média complexidade como cirurgias geral, vascular, torácica, traumatológica, de aparelho digestivo e neurológico, além de neurocirurgias de alta complexidade. Os encaminhamentos ocorrem, na maior parte, pelo sistema de Gerenciamento de Internações Hospitalares (Gerint).

– Depende muito da capacidade e dos dias no bloco, mas já chegamos a fazer 180 cirurgias por mês – conta o diretor geral do hospital, Geison Farias.

No ano passado, o hospital iniciou uma série de avanços cirúrgicos. Em 27 de maio de 2022, foi realizada a primeira Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE). O procedimento feito em homem de 43 anos no bloco cirúrgico durou cerca de 25 minutos. De acordo com Farias, 373 procedimentos do tipo foram feitos em um ano.
Em 9 de junho, a equipe celebrou a primeira cirurgia nas áreas de traumato-ortopedia. Uma mulher de 52 anos, moradora de Santiago, passou por uma cirurgia no Tendão de Aquiles. Ela aguardava na fila de espera por consulta e cirurgia traumatológica há um longo período. Para Farias, a missão é continuar reduzindo as listas de espera.

 – Nós viemos fazendo em torno de 40 procedimentos de traumatologia de média complexidade, entre pacientes eletivos e de emergência do Gerint, que são dois sistemas regulados. Pacientes do Gerint e Gercon acabam sendo atendidos nessas 40 cirurgias, em média, por mês. Fazemos esse número, mas acaba chegando pacientes mais urgentes nessa fila também. Então, se me perguntar se teria que aumentar o número de procedimentos e se teríamos essas condições, eu te diria que sim – enfatiza.

Em 17 de agosto do ano passado, duas cirurgias de bloqueio prolongado de sistema nervoso foram as primeiras de média complexidade realizadas na área de neurologia. Devidamente habilitado junto ao Ministério da Saúde, o hospital realizou também a primeira cirurgia neurológica de alta complexidade em setembro. O procedimento feito foi uma retirada de tumor da base do crânio com invasão da órbita, que durou sete horas. Conforme o diretor geral do Hospital Regional, atualmente, são realizados de 20 a 25 procedimentos/mês na especialidade:

– Estamos organizados para cerca de 20 procedimentos. Então, temos atendido pacientes de AVC, aneurisma ou alguma situação de paciente que precisa de uma descompressão. Eles acabam vindo para o hospital. Há também aqueles que vêm da região, geralmente do Husm ou de algum PA, UPA ou hospital da região.

Um ano depois da inauguração do bloco cirúrgico, em outubro de 2022, a realização da milésima cirurgia também foi motivo de comemoração para a instituição. O procedimento em questão foi uma safenectomia e correção de varizes de membro inferior em uma paciente de 61 anos, da cidade de Dilermando de Aguiar, que aguardava na fila do SUS por atendimento vascular há três anos.

A alta demanda por procedimentos cirúrgicos gerou a necessidade da instalação de uma agência transfusional no local, que nada mais é do uma unidade hemoterápica que armazena sangue e seus derivados, realiza exames imuno-hematológicos pré-transfusionais, além de liberar e transportar produtos sanguíneos para as transfusões em diversos setores.

– Queremos cada vez mais aumentar o número de leitos do hospital e continuar com essa média de internações e principalmente de cirurgias, que é para qual o Hospital Regional está organizado. E também organizar essas questões de serviços prósperos e próximos a nós para poder contribuir com a abertura total do Regional.

Para o futuro, um novo passo pode ser dado com o credenciamento junto ao Programa Nacional de redução das filas de cirurgias eletivas, exames complementares e consultas especializadas, iniciado pelo Ministério da Saúde. Mas por enquanto, o Hospital Regional ainda está trabalhando na proposta.

– Ainda não. Estamos vendo junto com a Secretaria da Saúde como se organizar e participar disso, porque temos a questão do bloco cirúrgico e o pessoal. Mas, pretendemos sim, inclusive, é algo que conversamos com a secretária da saúde, Arita. Para que possamos, pelo menos, contribuir com as cirurgias eletivas, que estão acontecendo porque o hospital acaba fazendo. Estamos tentando, mas ainda não aderimos oficialmente – conclui Farias.


Foto: Divulgação/HRSM

Apesar de anunciado, serviço de Hemodinâmica não tem previsão de início

Entre os investimentos e as metas do governo Eduardo Leite anunciadas para a saúde em 2023, estava a oferta de um novo serviço no Hospital Regional de Santa Maria. Previsto para este mês, o sistema de Hemodinâmica permite o diagnóstico e tratamento de doenças do coração e dos vasos sanguíneos a partir de procedimentos cirúrgicos.

Os primeiros repasses de recursos para a instalação do serviço ocorreram ainda no ano passado. Em novembro, a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, assinou dois contratos, repassando mais de R$ 3,5 milhões ao Hospital Regional. Deste quantitativo, cerca de R$ 3 milhões foram destinados para aquisição do sistema de Hemodinâmica.

Apesar das movimentações, o serviço não deve iniciar em 2023 como anunciado. Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informa que “a Hemodinâmica está em fase final do seu processo licitatório. O processo teve alguns recursos/processos que prolongaram um pouco o prazo. Ainda não possuímos previsão para início das atividades”. 

O Diário entrou em contato com a secretária Arita Bergmann para tratar sobre os cinco anos do Hospital Regional. Porém, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

Confira como foi a evolução referente aos serviços do Regional

  • 6 de julho de 2018 – Hospital Regional é inaugurado com o ambulatório de Doenças Crônicas. Nos anos seguintes, a instituição passa a contar com mais três ambulatórios: de Cardiologia (agosto de 2019), cirúrgico (outubro de 2021) e o da Pessoa Idosa (outubro de 2022)
  • 27 de outubro de 2021 – É inaugurado o Bloco cirúrgico. Com seis salas equipadas, a capacidade inicial era de mais de 55 cirurgias. Atualmente, são realizados até 180 procedimentos por mês no espaço
  • De 27 de abril de 2020 até hoje – 100 leitos, sendo 40 clínicos, 40 cirúrgicos e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A abertura dos mais recentes 20 leitos cirúrgicos foi anunciada na metade do ano passado, junto com o início das neurocirurgias
  • 5 de maio de 2022 – O Regional passa ofertar uma das primeiras especialidades de média complexidade: traumato-ortopedia. O contrato prevê 280 consultas e 40 cirurgias por mês. Os primeiros atendimentos da área começaram em 18 de maio. Já a primeira cirurgia ocorreu em 10 de junho
  • Maio de 2022 – Com investimento de R$ 900 mil, é anunciada a disponibilidade da Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) no hospital. Em um ano, 373 procedimentos do tipo foram feitos
  • 26 de julho de 2022– Governo do Estado anuncia o início dos atendimentos de média complexidade em neurologia e a solicitação ao Ministério da Saúde para alta complexidade. O contrato prevê a oferta de 240 consultas, além de 40 cirurgias por mês de média e alta complexidade

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