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Doses não usadas em gestantes podem ser destinadas a pessoas com comorbidades

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Matéria atualizada em 11 de maio de 2021, às 19h08min

A continuidade da vacinação de gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto) contra a Covid-19 em Santa Maria ainda não tem caminho certo. As aplicações, que começariam nesta terça-feira, foram suspensas pela prefeitura depois de nota divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Secretaria Estadual da Saúde (SES) manteve a suspensão em todo Rio Grande do Sul, conforme nota divulgada no começo da tarde. A suspensão para puérperas foi adotada como precaução, já que a Anvisa recomenda apenas a suspensão para gestantes. O Ministério da Saúde não se pronunciou, mas vai divulgar, ainda nesta terça-feira, qual a orientação para a sequência da vacinação deste grupo.

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Segundo informe assinado pela coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Tani Ranieri, o Estado vai definir os próximos passos a partir do que for orientado pela pasta federal. A suspensão é somente para a vacina da AstraZeneca. Porém, apenas este imunizante era utilizado para esse grupo em Santa Maria. No Rio Grande do Sul, somente Porto Alegre dispõe de doses da Pfizer para gestantes. As remessas desta vacina não foram distribuídas para outras cidades pela necessidade de alto resfriamento e diferente logística dos demais imunizantes.

- As doses podem ser direcionadas para outras comorbidades. Ainda não temos o dado de quantas gestantes foram vacinadas, mas pedimos um levantamento aos municípios - disse Tani à reportagem do Diário.

Caso houvesse doses disponíveis da CoronaVac, estas também poderiam ser usadas em gestantes e puérperas, segundo a assessoria da SES. Porém, o Brasil enfrenta déficit de produção da vacina, e o Instituto Butantan, responsável pela fabricação do imunizante no país, sofre com falta de insumos. O que ilustra essa situação é que idosos a partir de 67 anos só tomaram a segunda dose da CoronaVac 11 dias depois do previsto em Santa Maria. E o montante disponível ainda foi insuficiente para todos que estão com a dose atrasada. .

A prefeitura explica que as doses ficarão garantidas para gestantes e puérperas, mas o Executivo ainda espera a indicação correta por parte do Estado, caso seja destinado a outro grupo. Até haver novo destino, as 2 mil doses seguirão armazenadas.

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MOTIVOS
A suspensão da vacinação deste grupo com AstraZeneca se repetiu em todo o país. Segundo a Anvisa, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fabrica a vacina no Brasil, notificou a suspeita de um acidente vascular cerebral hemorrágico com plaquetopenia (prejuízo na coagulação) em uma gestante de 35 anos e que causou a morte do feto, que tinha 23 semanas. Ela morreu em 10 de maio, quatro dias depois.

De acordo com o Painel, do jornal Folha de São Paulo, o Ministério da Saúde investiga a morte de uma gestante que havia sido vacinada com o imunizante no Rio de Janeiro. Não há confirmação da relação entre a morte e o uso da vacina. A Anvisa considera possível a causalidade levando em conta a história clínica da paciente, dados de exames laboratoriais e sinais e sintomas apresentados após a administração de um medicamento ou vacina.

A agência mantém a recomendação pela continuidade da vacinação dentro do previsto em bula e reitera que a vacinação é efetiva na prevenção da Covid-19. No comunicado de suspensão, o órgão informa que a maioria dos efeitos colaterais que ocorrem com o uso das vacinas são leves e transitórios. 

Até março, não era recomendado pela pasta federal que gestantes fossem vacinadas. A mudança na orientação veio depois que a vigilância do ministério monitorou uma crescente de óbitos de grávidas por Covid-19 no país. Ainda assim, a vacinação deste grupo não era unanimidade, e especialistas recomendavam avaliação de cada caso entre paciente e médico, o que é reiterado pela Anvisa.

O governo estadual orienta que as gestantes que já tomaram a primeira dose com essa vacina devem aguardar novas informações com relação à aplicação da segunda dose. Em Santa Maria, algumas gestantes chegaram a receber a vacina em outras ações voltadas para outros públicos, como profissionais da área da saúde. O portal de monitoramento da vacinação do Estado, contudo, não aponta quantas mulheres grávidas ou puérperas receberam a vacina, e a prefeitura ainda não informou o dado. Segundo a SES, até o momento, não foi notificado nenhum efeito adverso em grávidas no Estado.

PREVENÇÃO A GESTANTES
O Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) reitera que não há evidência concreta de que as grávidas corram mais riscos, mas que é notório que elas podem ser afetadas por infecções respiratórias devido às mudanças nos corpos e nos sistemas imunológicos.

 O teste clínico da vacina da AstraZeneca, que tem na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) um dos centros de estudo, impõe a condição de que a voluntária não engravide por um ano, durante a pesquisa. A testagem das vacinas excluem as gestantes, entretanto, há países que deram aval para vacinação desse grupo além do Brasil. O coordenador do estudo na UFSM, o médico infectologista Alexandre Schwarzabold considera, por não haver estudos com mulheres grávidas, que não há como traçar uma orientação geral a todo grupo.

- Na verdade, não tem estudos clínicos específico em gestantes. Mas há mulheres que engravidaram nas quase 300 milhões de doses distribuídas. Mais mulheres amamentando sem problemas e estudos prévios pré-clínicos, não mostrando teratogenicidade (quando há um desenvolvimento pré-natal fora do normal). Ou seja, o risco numa grávida de adquirir e adoecer do coronavírus é maior que o risco não relatado de complicação da vacina - explica.

Os Estados Unidos aplica doses da Moderna e da Pfizer em gestantes. No Reino Unido, é indicado qualquer vacina disponível, mas com preferência para essas duas. Ambas utilizam mecanismo diferente para criação de imunidade em relação à AstraZeneca e CoronVac.

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