Dezembro Laranja: prevenção contra o câncer de pele começa com ações simples

Você sabia que a pele é o maior órgão do corpo humano? Composta por unhas, cabelos, glândulas sebáceas e sudoríparas, ela protege os órgãos internos e atua no controle da temperatura corporal, na eliminação de substâncias a partir do suor e no combate a bactérias, vírus e radiação Ultravioleta (UV).

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É considerando esse papel e as consequências da negligência com esse órgão que a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou, em 2014, a campanha Dezembro Laranja. A iniciativa tem como principal objetivo conscientizar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico de câncer de pele.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse é o tipo de maior incidência no Brasil. Estima-se que mais de 220 mil casos novos de câncer de pele tenham surgido por ano no triênio 2023-2025. O cenário de 2026 também é de alerta, segundo a instituição, principalmente nas regiões mais ensolaradas do país.

Fatores

A exposição prolongada da pele à radiação UV é um dos fatores de risco para o câncer e outros problemas. O alerta é feito pela dermatologista Laura Mombach Mota:

– Além do câncer de pele, o sol causa outros danos, como o envelhecimento precoce, a perda de colágeno e várias outras doenças relacionadas. Então, as pessoas devem se preocupar com feridas que não cicatrizam, geralmente avermelhadas; manchas antigas que cresceram, coçam, sangram ou mudam de cor, e pintinhas novas ou antigas que sejam assimétricas, com bordas irregulares ou várias cores. Pessoas de pele clara, com histórico de queimaduras solares principalmente na infância, exposição solar acumulada sem proteção ao longo da vida ou que trabalham ao ar livre têm maior risco.

Segundo Laura, o atual cenário, no qual 30% dos diagnósticos de câncer realizados no país são de pele, pode ser mudado.

 – As pessoas precisam saber que, quando diagnosticado precocemente, a chance de cura (do câncer de pele) é muito alta. Por isso, vale a pena manter a revisão e os cuidados, tanto na prevenção quanto no diagnóstico precoce. Para pacientes saudáveis, recomenda-se uma revisão anual com dermatoscópio para analisar pintas e manchas. Já para pacientes que já tiveram câncer de pele, essa revisão deve ocorrer a cada seis meses – disse.

Bronzeado

Seja com o uso de autobronzeadores, efeito “glow” (brilho) ou adoção de marquinhas, o bronzeado é uma tendência que exige cuidado.

– Não existe um bronzeado saudável. Apesar da nossa cultura, o bronzeado não é sinal de saúde, mas sim de dano celular. Além disso, é importante alertar sobre as câmaras de bronzeamento, que são proibidas no Brasil e aumentam drasticamente o risco de câncer com apenas uma sessão – afirma Laura.

Com relação ao tempo máximo de exposição solar, a dermatologista explica que a resposta pode variar de pessoa para pessoa, sendo necessário utilizar a Escala de Fitzpatrick, que classifica fototipos de pele do 1 (muito clara) até 6 (negra), para definir o nível de proteção solar adequado, entre outros pontos:

– Não existe um tempo fixo, pois depende do fototipo da pele. Pessoas com pele mais clara têm menos melanina e, portanto, menos proteção natural. Para alguém com pele clara, apenas 5 ou 10 minutos em contato com o sol já pode gerar uma queimadura. Então, a prevenção deve incluir o uso de produtos com, no mínimo, filtro de proteção solar (FPS) 30, devendo ser reaplicado a cada duas horas ou após entrar na água e suar excessivamente. Também se recomenda proteção física, como chapéus, óculos de sol e roupas com proteção UV, além de evitar a exposição solar entre as 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa e propensa a causar queimaduras.

Bloqueador x protetor

Na hora de escolher o melhor produto para a pele, saber o que é bloqueador e protetor solar pode fazer a diferença.

– Basicamente, a ideia é a mesma, mas o bloqueador solar utiliza filtros físicos que formam uma barreira branca sob a pele e não espalham facilmente. Já o protetor solar moderno costuma ter mais tecnologia, espalha melhor e pode conter aditivos como hidratantes, antirrugas ou antioleosidade. A recomendação é usar FPS acima de 30 para o corpo e acima de 50 para o rosto. É importante também verificar se o produto possui proteção contra o Ultravioleta A (UVA), que penetra profundamente na pele e está muito relacionado ao câncer – argumenta Laura.

Além da hidratação, a dermatologista afirma que é necessário considerar a quantidade de produto a ser usado e o tempo de reaplicação desse:

– Um FPS maior não aumenta o tempo de ação do produto. Então, o ideal continua sendo a reaplicação a cada duas horas. Também é fundamental observar a quantidade aplicada. A SBD orienta a “regra da colher”, ou seja, duas colheres de sopa para cada braço e duas colheres para a parte da frente do tronco. É uma quantidade considerável para garantir a proteção, especialmente em situações como praia ou piscina.

Campanha

Diversas ações do Dezembro Laranja estão previstas para esse verão, que além de quente, deve ser de conscientização no país.

 – A geração mais jovem já é muito mais consciente quanto à proteção e evita horários de maior radiação, preocupando-se tanto com a saúde quanto com a estética e manchas. As gerações anteriores não tinham tanto acesso a informações ou produtos. Então, acredito que as coisas estão mudando. O Dezembro Laranja nos convida a cuidar da pele e evitar transtornos futuros – concluiu a dermatologista. 

Dicas para cuidar da pele neste verão

• Usar protetor solar diariamente, com FPS 30 ou mais e reaplicação a cada 2 ou 3 horas
• Evitar exposição solar entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa
• Utilizar barreiras físicas como chapéus, óculos com proteção UV, roupas com filtro solar
• Buscar sombra sempre que possível, especialmente em atividades prolongadas ao ar livre
• Hidratar a pele e o corpo, prevenindo queimaduras e inflamações
• Observar pintas e manchas que mudem de tamanho, cor, formato ou textura
• Realizar consultas regulares com dermatologistas e oncologistas, principalmente pessoas de grupos de risco
• Evitar o uso de câmaras de bronzeamento, proibidas no Brasil pela Anvisa devido ao alto risco carcinogênico