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Central de UTIs que poderia desafogar o Husm não tem data para abrir

Thays Ceretta


Foto: Renan Mattos (Diário)
Mesmo que a obra, que está 60% concluída, seja entregue neste semestre, ainda faltariam os equipamentos e os profissionais

As recorrentes superlotações no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) não são nenhuma novidade. Porém, uma obra que já deveria estar pronta há pelo menos quatro anos poderia ser uma solução para esse problema. Enquanto o prédio da Central de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Husm não fica pronto, os pacientes que precisam de um leito estão sendo acomodados em outros locais do complexo.

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SITUAÇÃO ATUAL 
Conforme a última previsão, prédio deve ser concluído no primeiro semestre deste ano. Confira como está o andamento da obra: 

  • 60% das obras da Central de UTIs já foram concluídas 
  • Atualmente, encontra-se na fase de execução de paredes e forro de gesso acartonado, pintura interna e externa, instalações elétricas/lógica e hidrossanitárias, e instalação de esquadrias e do piso em porcelanato 
  • O contrato com a empresa responsável pela obra, a Install, de Frederico Westphalen, termina em junho deste ano 
  • Os atrasos, segundo a Pró-Reitoria de Infraestrutura, são decorrentes do gerenciamento da empresa e de imprevistos da construção civil
  • Fonte: Pró-Reitoria de Infraestrutura da UFSM 

O último prazo divulgado pela Pró-Reitoria de Infraestrutura da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), responsável pela obra, é que o local seja entregue ainda no primeiro semestre de 2018, porém, ainda não há data para que a UTI comece a funcionar. 

O Husm é referência em atendimentos de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para 44 municípios da área e abrangência da 4ª e 10ª Coordenadorias de Saúde, além de atender também a demanda da cidade, somando uma população de cerca de 1,3 milhão. Por essa demanda potencial,a UTI está sempre com uma taxa de ocupação altíssima, sem contar que por falta de leitos, muitos pacientes acabam ficando em outros locais como no Pronto-Socorro e em unidades de internação.

- A UTI está sempre lotada, e, além disso, nós temos em torno de 20 pacientes internados nas unidades e no Pronto-Socorro que são pacientes de UTI. Esses pacientes deveriam estar sendo tratados em unidades especiais e não estão pela falta de leitos. Isso gera um aumento no custo, porque o paciente está recebendo tratamento especial, mas ele não está no espaço destinado a isso. Então, o ressarcimento pelo SUS não é considerado. Além disso, as unidades não têm o quadro de pessoal dimensionado para um atendimento de tratamento intensivo - desabafou o gerente administrativo do hospital, João Batista Vasconcellos.

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O Husm é classificado na categoria de grande porte, com 403 leitos normais e 45 de UTI. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o indicado é haver de três a cinco leitos por mil habitantes. Mas, hoje em dia, os hospitais públicos acabam tendo dois leitos para cada 10 mil habitantes. Quando a central ficar pronta, o Husm passará de 45 para 82 leitos de UTI, número que, segundo a direção do hospital, ainda não é o ideal, mas vai ajudar muito a atender a demanda.

O titular da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), Roberto Schorn, explica que é por meio da Central de Leitos, que fica em Porto Alegre, que os pacientes são encaminhados para os hospitais que têm vaga de UTI. Muitas vezes, vão para as cidades de Bagé, Santiago, Porto Alegre, Pelotas, Passo Fundo, Cruz Alta, Ijuí, conforme a disponibilidade de leito credenciado pelo SUS. Segundo Schorn, quando a Central de UTIs do Husm começar a operar, vai desafogar bastante os leitos em Santa Maria, ajudando a cidade e todo o Estado, já que o Husm é referência.

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- Existem algumas dificuldades, mas não é algo desesperador. Claro que, a partir do momento que abrir, vai desafogar muito. Às vezes, temos que mandar pacientes para outros lugares. Normalmente, o paciente vai primeiro para um hospital de referência, como o Husm. Se não tem vaga ali, o médico entra em contato com a Central de Leitos, em Porto Alegre, que procura uma vaga nos hospitais que têm UTI no Estado - comentou Schorn.

OBRA
O prédio está sendo construído em cima do Pronto-Socorro do hospital e tem dois andares. O recurso é oriundo do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Depois de enviado à Universidade, é a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) quem repassa o valor para a empresa prestadora do serviço.

  • A obra começou em 2013
  • Os trabalhos pararam em 2015, por mudanças no projeto
  • Foi retomada em 2016
  • Orçamento é de R$ 7,7 milhões
  • Com a central, o Husm passará dos atuais 45 leitos de UTI para 82 (30 adultos, 20 neonatais, 10 pediátricos e 22 intermediários)
  • A área construída de 4.507 m² é quatro vezes maior do que o tamanho da área atual (962,04 m²)
  • A Install, de Frederico Westphalen, é a responsável pelo serviço
  • Onde hoje há UTIs, serão abertos leitos de internação e espaços acadêmicos

EQUIPAMENTOS JÁ LICITADOS EM FASE DE PARECER

  • 1 Monitor miltiparâmetros para uso em Unidade de Terapia Intensiva
  • 2 Monitor multiparâmetros para uso em Unidade de Terapia Intensiva
  • 3 Monitor multiparâmetros para uso em Unidade de Terapia Intensiva
  • 4 Central de monitorização
  • 5 Ventilador pulmonar, eletrônico, microprocessado
  • 6 Ventilador pulmonar neonatal, eletrônico, microprocessado
  • 7 Suprimento de teto para leitos de UTI com dois braços monoarticulados
  • 8 Suprimento de teto para leitos de UTI com um braço monoarticulado
  • 9 Suprimento de teto para leitos de UTI com dois braços biarticulados
  • 10 Suprimento de parede para leitos de UTI
  • 11 Eletrocardiógrafo Portátil
  • 12 Carrinho para eletrocardiógrafo

EQUIPAMENTOS QUE ENTRARÃO NA LICITAÇÃO

  • Aspirador
  • Negatoscópio
  • Ventilador pulmonar não invasivo
  • Foco auxiliar, a LED, com bateria
  • Carro de emergência
  • Marcapasso cardíaco externo dupla câmara
  • Guincho para transferência e suporte de pacientes
  • Carro maca para transporte de pacientes intra hospitalar
  • Monitor multiparâmetros para transporte
  • Ventilador pulmonar microprocessado para transporte
  • Refrigerador para medicamentos
  • Aparelho de fototerapia
  • Ventilador pulmonar neonatal com modalidade de alta frequência
  • Berço acrílico simples
  • Sistema ultrassom portátil
  • Berço aquecido para recém-nascidos
  • Oxímetro de pulso
  • Sistema híbrido (incubadora e berço)
  • Incubadora
  • Aparelho de fototerapia
  • Cardioversor
  • Balança digital de mesa
  • Sistema de ultrassom portátil
  • Sonda transesofágica
  • Bisturi eletrônico microprocessado
  • Câmara elétrica hospitalar com balança
  • Cama elétrica hospitalar com balança e gaveta para filme de raio x


Foto: Gabriel Haesbaert (Arquivo Diário)
Para que a central de UTIs entre em funcionamento, será preciso ampliar o quadro de servidores

LEVANTAMENTOS 
Desde o ano passado, dois levantamentos começaram a ser elaborados para que a Central de Unidade de Terapia Intensiva possa entrar em funcionamento: um sobre a aquisição de equipamentos, produzido por profissionais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra o Husm em Santa Maria, e outro sobre a ampliação do quadro de funcionários que irão trabalhar na Central, denominado Plano de Redimensionamento de Pessoal. Esse documento foi estudado por quatro profissionais da Ebserh, que fica em Brasília. Eles estiveram na cidade durante cinco dias avaliando a estrutura, os serviços, os leitos e os aparelhos necessários para o funcionamento. 

Conforme João Batista Vasconcellos, o primeiro levantamento está pronto, e o processo de licitação para compra dos equipamentos teve que ser dividido em dois. Um deles foi concluído na última terça-feira, 15 de maio, no valor de cerca de R$ 3,8 milhões. A outra licitação está em processo de abertura. A previsão é que essa licitação abra na primeira quinzena de junho (confira na página ao lado). Quando a central ficar pronta, o local onde hoje funciona a terapia intensiva abrigará leitos de internação e salas para uso acadêmico.

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Levantamento aponta que complexo deve contratar 250 profissionais 
Uma das questões que envolve a abertura da Central de UTIs do Husm diz respeito ao quadro de profissionais. O levantamento feito junto ao hospital está na sede, em Brasília, e aponta que serão necessários cerca de 250 novos profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, técnicos administrativos, assistentes sociais, entre outros para manter as escalas da unidade de tratamento intensivo. 

A situação está em tratativas com o Ministério do Planejamento, que precisa divulgar e liberar o número de funcionários. As vagas devem ser preenchidas por meio de cadastro reserva ou, havendo a necessidade, será aberto outro concurso público.

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De acordo com o gerente administrativo do Husm, João Batista Vasconcellos, a ampliação da UTI trará uma melhora significativa na relação habitante/leito. Segundo ele, depois da fase de licitação, ainda será preciso buscar recursos para comprar os equipamentos, no valor de cerca de R$ 7 milhões. Vasconcellos comenta ainda que isso dependerá de uma mobilização política.

- Estando pronta a obra, há uma perspectiva de conseguir o recurso, pois os órgãos de governo percebem que terá um retorno imediato para a população. Além disso, para uma UTI funcionar, ela precisa do credenciamento junto ao Ministério da Saúde. Para isso, precisamos da mobilização política que envolve os atores municipais, estaduais e federais, porque o valor é alto. Nós estamos trabalhando sempre no sentido de que a gente possa, até o final do ano, estar em condições de fazer a abertura da UTI - explicou Vasconcellos.

Pelo fato de alguns processos não dependerem exclusivamente da direção do Husm, o gerente administrativo não quis pontuar prazos para a abertura da Central de UTIs.
- Eu não gosto de dar prazos quando não está na nossa gestão. Os processos de conclusão da obra e de buscar recursos não dependem da nossa gestão, mas eu acredito que deva haver um esforço de todos esses atores para fazer o espaço funcionar no menor tempo possível - concluiu.

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