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Bebê que chegou a receber atestado de morte é transferida para Porto Alegre

Dandara Flores Aranguiz

A pequena Bianca Vitória Silbershlach Cézar, de 1 ano e 7 meses, foi transferida, na tarde de sexta-feira, para o Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre. A menina, que chegou a ser dada como morta pelos médicos ao nascer, em fevereiro de 2017, estava internada na Unidade de Pediatria do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) desde o dia 8 de agosto, depois de ter tido uma endocardite - uma doença infecciosa no coração, após ter passado por um procedimento médico, segundo informou o pai da menina, Marcos Renato dos Santos Cézar, 31 anos.  

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Bianca só conseguiu a transferência por causa de uma liminar da Justiça que garantiu o leito no hospital da Capital e a realização de uma cirurgia no coração, que não poderia ser feita no Husm, de acordo com a assessoria de comunicação do órgão (leia, abaixo, a nota do Husm), porque o hospital não é habilitado para fazer o procedimento - cirurgia de retirada de trombo vegetação em veia cava superior. O pedido judicial foi feito no dia 6 de setembro, pelos pais de Bianca, por meio da Defensoria Pública.

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Na madrugada de sexta-feira, o juiz federal João Batista Brito Osório, que estava de plantão, deferiu o pedido e determinou, com urgência, que Bianca fosse transferida para Porto Alegre.

- Às 22h34min de ontem (quinta), recebi a informação de que o último hospital em que estávamos tentando uma vaga não tinha leito disponível e que a cirurgia não poderia ser feita lá. Às 2h de sexta, enfim, conseguimos a sinalização positiva do Santo Antônio, de que eles poderiam atender à demanda, e a liminar foi despachada com urgência - comentou o juiz.

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A família de Bianca já ingressou na Justiça com uma ação de reparação por danos morais contra o Husm. O caso também é acompanhado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal e foi registrado na Polícia Civil.

No dia 10 de setembro, em uma página no Facebook intitulada "Mães na luta contra a Violência obstétrica", a mãe de Bianca, Tiéli Martins, 31 anos, relatou a história da menina e a luta da família desde o parto. Segundo o relato, dias antes do nascimento de Bianca, Tiéli fez uma consulta no hospital e apresentou pressão alta, mas foi liberada. Quatro dias depois, a mãe apresentou sangramento forte. Ela nasceu às 13h30min e foi dada como morta pelos médicos.

- Ela ainda tinha batimentos quando chegou, depois começou a diminuir. Decidiram fazer a cesárea de emergência, e eu nem pude entrar, fiquei esperando. Pouco tempo depois, vieram me avisar que nós tínhamos perdido ela. Eram quase 20h quando uma pediatra me chamou e disse que havia uma possibilidade de ela ter sinais vitais, mas os médicos diziam que o coração estava batendo por causa da medicação que tinham dado para tentar reanimá-la, que eram movimentos involuntários - conta o pai de Bianca.

De acordo com Marcos, a recém-nascida ficou quase seis horas no expurgo do hospital, numa espécie de sala de depósito, sem estar ligada a qualquer tipo de aparelho e enrolada em um lençol, até que uma enfermeira percebeu que o bebê estava rosado.

- Ela urinava sangue, foi para a UTI com hipotermia, nada funcionava, teve que ser entubada. Ela ficou a tarde inteira lá, sozinha. Os dias seguintes foram complicados. Eu ficava feliz e triste ao mesmo tempo, porque as notícias não eram boas. Falavam que, se ela sobrevivesse, teria sequelas, que não ia nem abrir os olhinhos. Depois que tiraram os sedativos, e ela abriu os olhos... Eu sabia que ela estava viva - relatou, emocionado, o pai. 

O QUE DIZ O HUSM

O Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) informa que a paciente deixou a Unidade de Pediatria, onde estava internada desde 8 de agosto, às 14h45min de hoje. A menina segue para o Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre, em uma UTI móvel, onde irá realizar procedimento cirúrgico, solicitado pelo HUSM há 23 dias, conforme o protocolo de regulação nº 2018-0125570-7.

O hospital universitário reitera que, desde o nascimento do bebê em fevereiro do ano passado, vem oferecendo todo atendimento médico-assistencial possível, totalizando 38 consultas médicas, 9 internações e 24 procedimentos cirúrgicos de portes variados. Contudo, não é habilitado para a cirurgia que a criança terá que fazer agora. Por isso, desde o mês de agosto, vem solicitando vaga em hospital de referência junto a Central de Leitos do Estado, o que só foi providenciado essa madrugada, após decisão judicial.

O HUSM se coloca à disposição para atender a paciente durante os cuidados pós-operatório.

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