Com uma fala articulada e, acima de tudo, próxima da juventude, a vereadora Fernanda Melchionna (PSol), 30 anos, falou, na noite desta segunda-feira, para uma plateia atenta em Santa Maria. Por quase uma hora e meia, a parlamentar que está em seu segundo mandato - em 2008, ela elegeu-se com 2,9 mil votos e, em 2012, foi reeleita com 7,2 mil votos, abordou questões que são recorrentes em seu mandato: o transporte urbano e a mobilidade urbana. Próximo das 20h, a parlamentar deu início a conversa, que ocorreu no Boteco do Rosário. Com o olhar para o exemplo de Porto Alegre, onde tem forte atuação e uma militância vigilante, a parlamentar não deixou de fazer comparações com a realidade de Santa Maria.
_ Invariavelmente, o cenário é o mesmo. Há um conluio entre empresários e poder público. A lógica é a mesma. O transporte virou um negócio extremamente lucrativo.
Conhecida por ser um dos nomes mais fortes da oposição do Legislativo da Capital, Fernanda é uma das vozes mais atuantes quando o tema é o transporte público. É rotineiro nas falas da parlamentar o apoio favorável à redução das tarifas do transporte público, ao passe livre (para desempregados, estudantes, indígenas e quilombolas) e, inclusive, à abertura das planilhas das empresas de ônibus.
Ainda em abril do ano passado, Fernanda teve uma grande projeção. Ela e o colega de bancada, o vereador Pedro Ruas (PSol), ingressaram com uma ação cautelar que acabou suspendendo o aumento da tarifa de ônibus em Porto Alegre. À época, a 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital revogou a passagem de R$ 3,05 para R$ 2,85.
A vereadora também comentou que o direito de ir e vir "virou um calvário ao trabalhador e, em contrapartida, tornou-se um negócio milionário para um determinado setor da sociedade". O vice-presidente do PSol de Santa Maria, Tiago Aires, também falou ao público.
_ Essa é uma bandeira que deveria ser de toda uma sociedade. Há muita coisa errada e que precisa, urgentemente, ser revista. Cito, aqui, apenas um exemplo: as gratuidades. O empresariado tem dito que são elas (as gratuidades) que acabam por impedir que a passagem não reduza. O que é uma mentira _ enfatizou Aires.
A parlamentar também foi questionada por um jovem, que escutava a fala da vereadora, sobre o projeto de lei do vereador João Ricardo Vargas (PSDB), que quer a proibição do uso de máscaras por manifestantes:
_ É mais uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais. Esse (projeto), assim como em Porto Alegre (em referência ao projeto da vereadora Mônica Leal, do PP de Porto Alegre, que teve matéria aprovada por colegas e que proíbe o uso de máscaras), visa tirar a legitimidade dos movimentos sociais. É um projeto inócuo.
Em seu segundo mandato, na Câmara de Porto Alegre, a vereadora está à frente de um pedido de criação para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) voltada para o transporte público, na Capital. No entanto, ela afirma estar com dificuldades na obtenção das 12 assinaturas necessárias para que a comissão seja aberta.
Ao fim da conversa com o público, composto basicamente por jovens universitários e alguns militantes partidários, a vereadora foi aplaudida e mostrou-se solícita para continuar conversando com os estudantes sobre as questões em torno do transporte.
Boteco do Rosário foi a saída encontrada pelo PSol local
O vice-presidente do PSol local, Tiago Aires, explica que se não fosse os donos do Boteco do Rosário cederem o local dificilmente o debate teria saído. Aires recorda que, no mês de fevereiro, foi até a Câmara de Vereadores e pediu que fosse disponibilizado o plenário do Legislativo. Contudo, Aires disse que a resposta que lhe foi dada era que o plenário só poderia ser utilizado para atividade partidária. Aires entende que o debate, desta segunda-feira, é público e não político-partidário.
Do lado do Legislativo, o presidente da Casa, Werner Rempel (PPL), explicou que, c"