Suspeito por morte de mulher em suposto ritual era palhaço de circo e virou pai de santo em quilombo na região

Suspeito por morte de mulher em suposto ritual era palhaço de circo e virou pai de santo em quilombo na região

Foto: Rafael Menezes (Diário)

Preso desde o último sábado (10), Francisco Carlos da Rosa Guedes, o Chico Guedes, 65 anos, conhecido como pai de santo no Quilombo Passo dos Maia, é um ex-palhaço de circo que está sendo investigado como suspeito do brutal assassinato de Zilda Correa Bittencourt, 58 anos, durante um ritual religioso que ocorreu entre a noite de sexta-feira (9) e a madrugada de sábado (10).

 
Natural de Cachoeira do Sul, Francisco teve uma vida marcada por sua atuação nos circos itinerantes, onde encantava o público como palhaço. Contudo, o cenário da alegria circense parece ter dado lugar a um episódio sombrio, levantando questionamentos sobre o lado obscuro de suas práticas religiosas.


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O “pai de santo” residia no Quilombo Passo do Maia, onde atendia o público e praticava rituais religiosos. Em pelo menos dois perfis do Facebook atribuídos ao suspeito, Francisco aparece como artista de circo. Em um, inclusive, aparece vestido de palhaço na foto de perfil. No álbum de recordações, fotos em família e em alguns momentos no picadeiro.



Na rede social em que adota o nome Chico Guedes, ele se identifica como ex-integrante do Circo Rodeio Sul Amazonas, um pequeno estabelecimento itinerante que percorre municípios gaúchos. Teria atuado no circo entre 2003 e 2007.

 
Em nenhum momento, apresenta-se como pai de santo, embora seja conhecido no Quilombo Passo dos Maia por essa atividade. No perfil em que adota o nome completo, há postagens sobre crenças religiosas.



A Polícia Civil está colhendo depoimentos e evidências para entender o que motivou o crime e se outras pessoas estavam envolvidas. Até a publicação desta matéria, não havia informações sobre a defesa de Francisco Guedes.


Local onde suposto ritual teria ocorridoFoto: Rafael Menezes


Investigação

Após a morte de Zilda Bittencourt, novos desenvolvimentos surgiram na investigação, resultando na prisão de quatro suspeitos envolvidos no caso. Na noite do crime, os irmãos Larry Chaves Brum e Nayana Rodrigues Brum foram detidos em flagrante pelas autoridades.

 
Na manhã de domingo, o líder quilombola Jubal dos Santos Brum, 57 anos, pai de Larry e Nayana, apresentou-se na delegacia de polícia, acompanhado de uma advogada. O pai de santo Francisco Guedes foi capturado na residência de Jubal, localizada no Quilombo Passo dos Maia, local onde foi acolhido ao ir morar no município. Já o marido e o filho de Zilda foram ouvidos como testemunhas do caso.


 
Para a defesa de Jubal e dos filhos, os três não foram responsáveis pela morte de Zilda e são inocentes. Contudo, as advogadas que defendem a família apontam a responsabilidade para Chico Guedes. Até o momento, o pai de santo não apresentou advogado de defesa.

 
A investigação está a cargo da delegada Carla Dolores Castro de Almeida, de Formigueiro. Mais detalhes não são divulgados. O corpo de Zilda Bittencout foi sepultado no início da noite de sábado no Cemitério de Bom Retiro, em Restinga Sêca.



Relembre outros casos

Mortes decorrentes de atos religiosos não são tão comuns. Mas há pelo menos dois registros recentes na região central do Estado que chamaram a atenção.

 
Um deles aconteceu em 2015. Em setembro daquele ano, o militar do Exército Gilberto Zahn Couto, 19 anos, foi morto em um ritual de magia negra praticado por um colega de quartel no Parque Municipal da Jockey Club, em Santa Maria. A vítima levou 14 facadas ao redor do pescoço e no peito.

 
suspeito, de 19 anos na época do crime, foi condenado em 2018 a 27 anos de prisão pelo assassinato do colega. Ele teria praticado o crime com a intenção de "ascender na seita religiosa".

 
Já em outubro de 2014, o adolescente Rafael Carvalho, 15 anos, morreu durante um batismo no Rio Jacuí, em Agudo. Devido à correnteza do rio, Rafael acabou sendo levado pelas águas e se afogado. O missionário que presidia o ato foi indiciado pela polícia por homicídio culposo, em que não há intenção de causar a morte.

 
Na época, as investigações apontaram que o religioso foi imprudente ao não avaliar as condições do rio antes de praticar o batismo na água. Ele alegou não saber dos riscos no local do batismo.



*Colaborou Marcos Fonseca


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