Plano

Polícia descobre carta de aluno de 13 anos que planejava ataque armado a escola em Santa Maria

Uma investigação da Polícia Civil pode ter evitado uma tragédia em uma escola de Santa Maria. Um aluno de 13 anos teria elaborado um plano para atacar pelo menos seis colegas e uma professora na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Santa Helena, no Bairro Camobi. O adolescente teria assumido a autoria do plano, que pretendia colocar fogo na escola. Em cerca de uma hora, policiais da 4ª Delegacia de Polícia receberam a informação e chegaram ao suspeito.

Conforme o delegado Antonio Firmino de Freitas Neto, titular da delegacia, uma pessoa encontrou o plano desenhado em uma folha de caderno próximo a escola. A pessoa, após ver do que se tratava, entregou o plano na 4ª DP. Os policiais foram até a escola, e com a ajuda da direção e de professores, conseguiram identificar o adolescente. Depois disso, professores, a diretora e o aluno foram ouvidos pelos policiais.

– No início, ele negou, mas depois, quando eu conversei, ele assumiu a autoria do plano. Ele disse que planejou há mais ou menos um mês porque estava com muita raiva dos colegas. Nós fomos até a casa dele, os pais ficaram surpresos. Ele será encaminhado para acompanhamento psicológico. Como envolve um adolescente, agora vamos enviar inquérito à Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

A delegada Luiza Sousa, titular da DPCA, disse não ter tido acesso ao caso, que ainda está com a 4ª Delegacia de Polícia.

O plano
A carta está escrita em inglês e foi queimada parcialmente enquanto estava dobrada, havendo ausência de parte da folha no meio da página. No topo, estão o título, “Operação Vingança”, e os materiais necessários para a execução do plano, estando escritos “arma (de qualquer tipo), cianeto (se conseguirmos a arma, não será necessário), isqueiro ou fósforo, uma garrafa, álcool e uma faca”.

Na lateral esquerda constam as instruções do plano, e é possível ler, em determinados trechos, frases como “plantar a bomba na sala” e “acerte os alvos”. Ao centro da folha, o estudante desenha um mapa da escola e o descreve como “mapa não tão preciso”. Nessa parte, ele faz uma planta da escola, indicando os diferentes ambientes do prédio e as saídas.

No mapa também constam a localização das câmeras da escola. Em duas das saídas estão escritos “molotov”, que sinalizam para utilizar o artefato incendiário nesses locais. Na lateral direita da folha, estão os nome de seis estudantes e de uma professora.


Próximos passos

Nesta quinta-feira (07), a EMEF Santa Helena e a secretaria municipal de Educação realizam uma coletiva de imprensa para esclarecer quais os procedimentos que estão sendo adotados diante do caso. Na oportunidade, a diretora da instituição, Silvana Alegransi, relatou que o objetivo, agora, é fornecer acolhimento à comunidade escolar e acompanhar o adolescente que elaborou o plano:

– Ele sempre foi nosso aluno, faz oito anos que está na escola, e era tranquilo, nós não tínhamos sérios problemas com ele, de comportamento ou de rendimento. Ele foi encaminhado e está sendo orientado pelos órgãos competentes e vamos seguir com todo esse acolhimento à família e ao adolescente.

De acordo com a superintendente de gestão pedagógica da secretaria de Educação, Gisele Bauer, o trabalho de prevenção e acompanhamento, que já existe na rede municipal, será intensificado na EMEF Santa Helena por meio de um plano de ação:

– A secretaria vem acompanhando a direção da escola desde a noite de ontem, organizando uma ação coordenada com toda a rede de apoio, com os programas de atendimento especializado e com o núcleo de desenvolvimento e cuidado dos servidores. Estamos com um plano de ação para apoiar a escola na retomada dos trabalhos. Essa escola vem sendo cuidada e acompanhada pela secretária durante todo o ano. Isto é mais um fato que vamos nos envolver, mas já existe um trabalho de prevenção e cuidado constante. Esse fato em si vem nos ensinando muito a nós, educadores, professores, comunidade em geral, e, principalmente, as famílias, sobre como pensar atenção ao comportamento dos nossos filhos.

O prefeito, Jorge Pozzobom (PSDB), reforçou que este trabalho com as escolas da rede municipal sempre esteve em andamento. Ele também afirmou que, por enquanto, o trabalho que compete aos órgãos públicos é o de acolhimento:

– Todo e qualquer papel de investigação é competência da polícia. É um fato atípico na rede municipal de Santa Maria e nós vamos tratar isso com carinho, dando acolhimento para os alunos, para os pais, que, hoje, ficaram com medo de trazerem os filhos, o que é uma coisa natural.

Já a assessora da Promotoria de Justiça Regional de Educação (Preduc) de Santa Maria, Cristina Martins, afirmou que o foco, neste momento, é com o trabalho pedagógico.

– Nós já acompanhamos a rede pública e privada de ensino com políticas públicas que estimulam práticas restaurativas. Vamos dar continuidade ao trabalho com apoio e cuidado a essa escola. Nossa promotoria regional abrange 44 municípios e sempre vamos dar suporte na parte pedagógica.


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Maurício Barbosa

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