incêndio na boate

'Um tapa na cara de Santa Maria', diz réu da Kiss sobre a suspensão do júri

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

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Em entrevista ao Diário na manhã desta sexta-feira, um dos réus do caso Kiss, Luciano Augusto Bonilha Leão, fala sobre a suspensão do julgamento, marcado inicialmente para a próxima segunda-feira no Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

- No meu entendimento, é um tapa na cara da sociedade de Santa Maria. Um tapa na cara também dos pais, que lutam por justiça. Faltando três dias, está tudo pronto para fazer o júri em Santa Maria e pedem a suspensão. Eu quero ser julgado em Santa Maria. Vocês já viram um réu pedir pra ser julgado? É o que eu estou fazendo. Não tenho medo, assim como aqueles que pediram para ser julgado em Porto Alegre. Me deem a oportunidade de olhar na cara dos jurados e falar que eu sou inocente - afirmou o réu

VEJA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:


Durante a entrevista, Luciano atacou a atuação do Ministério Público no processo. Segundo ele, os promotores não teriam provas suficientes para a condenação. Sobre um possível júri em Porto Alegre, ele diz estar preparado.

- Eu estou preparado para ser julgado em qualquer lugar do Brasil. Eu sou uma vítima. Mas onde essa tragédia ocorreu? Onde as lágrimas foram derramadas? Foi aqui em Santa Maria. É um sentimento de impotência. Uma instituição que diz defender o povo (Ministério Público), mas que quer vingança. Estamos na véspera do júri. Essa noite eu delirei, enlouqueci. Achei que ia ser julgado, que ia tirar esse peso da minha cabeça, mas suspenderam - destaca.

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Sobre o uso do artefato pirotécnico dentro da boate, Luciano alega que o dono da empresa não teria lhe avisado que o objeto era apenas para uso externo. 

- Imagina só: uma pessoa que sai para trabalhar, quase morre, vai presa, é acusada, chamada de assassina e tem que ouvir tudo calada. Foi o que aconteceu comigo. Se eu achasse que estava devendo, jamais ia querer fazer o júri aqui, porque teria medo de ser condenado. 

O réu questiona, ainda, o fato de nenhuma autoridade que, segundo ele, teria o dever de fiscalizar os estabelecimentos, ser acusada pela tragédia. 

- Se o extintor estivesse funcionando, ninguém estaria chorando. Sete anos que venho lutando por essa justiça, sete ano que os pais vem sendo iludidos. Outra tragédia vai acontecer em Santa Maria - pondera. 

Sobre o que faria de diferente se pudesse voltar naquela noite, Luciano diz que gostaria de não ter entrado na boate:

- A Kiss trouxe muita tristeza na minha vida. Tenho uma cruz, que eu acho que não deveria carregar, porque eu não queria tirar a vida de ninguém. É o mesmo sentimento que todos os pais devem, de querer voltar naquela noite e não deixar os filhos saírem. 

SOBRE O MOMENTO DO INCÊNDIO
Luciano afirma que trabalhava como holding da banda Gurizada Fandangueira e não produtor, como aponta a denúncia do Ministério Público. No momento do incêndio, o réu conta que tentou apagar o fogo com extintor, mas ele não funcionou. 

- Lembro que o segurança tirou debaixo do balcão o extintor. O Marcelo (vocalista da banda) apontou o extintor e não funcionou. Eu olhei o extintor. Bati na lata, estava sem o lacre. Passamos por um corredorzinho, o pessoal num gritedo. Naquele momento, todo mundo já sabia o que acontecia na boate. Eu só pedia a Deus para me ajudar a sair da boate.

Quando saiu do local, Luciano conta que ajudou a tirar outras pessoas de dentro da boate.

- Quando eu saí, segui meu instinto e ajudei a salvar as pessoas. Eu lembro que era a única pessoa da banda que ajudou a salvar pessoas. Vi o Kiko (Elissandro, sócio da boate) lá também, ajudando a quebrar a parede para tirar gente. Eu acho que ele tem culpa, porque o lugar não tinha segurança. Mas eu vi ele ajudar. O Mauro (outro sócio) eu não vi lá.

DESDOBRAMENTOS
Diante da impossibilidade de reunir todos os réus em um mesmo júri em Santa Maria, o Ministério Público resolveu pedir ao Tribunal de Justiça do Estado (TJRS) que Luciano tivesse seu julgamento transferido para Porto Alegre, e ainda requereu liminar para suspender a sessão de segunda-feira. O desembargador relator negou a liminar, mas o pedido principal - o desaforamento - ainda não foi julgado.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogerio Schietti Cruz deferiu, na noite desta nesta quinta-feira, o pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul para suspender o julgamento

Os outros três réus - Elissandro Callegaro Spohr, Mauro Londero Hoffman e Marcelo de Jesus dos Santos - já têm a definição de que serão julgados em Porto Alegre, ainda sem data definida.

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