A cada eleição, Santa Maria e região têm a expectativa de aumentar a representatividade nos parlamentos, entretanto, à medida que o resultado das urnas é divulgado, o número de eleitos não muda. O placar de 2018 se repetiu em 2022: foram eleitos cinco deputados. À Câmara, Paulo Pimenta (PT) e Pedro Westphalen (Progressistas) se reelegeram, enquanto que para a Assembleia, Valdeci Oliveira (PT), Luiz Marenco (PDT) e Beto Fantinel (MDB) garantiram mais um mandato. A diferença em relação a 2018 é que o atual deputado Giuseppe Riesgo (Novo) ficou, agora, de suplente, embora tenha aumentado sua votação. Fantinel, que era suplente, conquistou vaga este ano na Assembleia.
Mas esse número poderia ser bem maior não fosse o terreno fértil encontrado por aqui pelos forasteiros. Os 12 candidatos de Santa Maria a deputado federal somaram 56 mil votos. Assim como no último pleito, Pimenta foi o mais votado com 33.013 votos na cidade e se elegeu com um total de 223.109 no Estado.
Já os 436 candidatos que não são de Santa Maria nem da região receberam 86.875 votos na Boca do Monte, o que seria suficiente para eleger dois deputados com base nos votos da candidata eleita com a menor votação à Câmara: Franciane Bayer (Republicanos). Ela recebeu 40.555 votos e garantiu vaga na carona da soma total dos votos do seu partido. Este ano, o quociente eleitoral a federal ficou em 198,3 mil, o que quer dizer que a legenda que atingiu esse número garantiu uma vaga ou mais dependendo da quantidade de votos feita.
Assim como em 2018, o candidato mais votado à Assembleia em Santa Maria foi Valdeci Oliveira (PT), com 34.704 votos. No Estado, o petista recebeu 70.580 votos. Foram 24 candidatos locais, e eles somaram 99.563 votos. Os forasteiros, por sua vez, receberam 47.412 votos do Coração do Rio Grande, entre 574 candidatos. Com base nesse número, Santa Maria poderia eleger mais um representante, levando em conta, claro, a soma de todos os votos dados aos candidatos e na legenda sob o parâmero também do quociente eleitoral, já que Sossella (PDT) garantiu a última vaga com 24.946 votos.
O professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Cleber Ori Cuti Martins explica que isso é natural dentro do sistema proporcional com lista aberta praticado no Brasil:
– Por mais que o eleitor vote no candidato ou na legenda, a vaga é do partido ou da federação, de forma que os mais votados são eleitos dentro do número de cadeiras que o partido conquistou – explica Martins.
Quando se fala em voto forasteiro, a questão do voto distrital vem à tona. Conforme José Carlos Martines, professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSM, no voto distrital uma região menor seria selecionada, e os candidatos dela só poderiam fazer campanha no mesmo distrito e os eleitores só poderiam votar em candidatos do local que residem.
– Nos moldes atuais, o candidato pode pedir voto em todo o Estado, e são vários os fatores que levam ao eleitor votar em políticos de outras cidades. Quem já está na Assembleia leva vantagem porque já tem os resultados a seu favor, e ele não traz melhorias somente para o seu domicílio eleitoral, mas também para outras cidades – afirma.
Diante desse cenário, claro, que, para os candidatos daqui, depender só de Santa Maria não é o suficiente. Entre os três eleitos da cidade – Fantinel, Pimenta e Valdeci, só o último conseguiria se eleger com os votos caseiros dentro do universo de votos do PT.
Leia mais:
Os deputados federais que seguem com a missão de defender os interesses do centro do EstadoQuantos votos receberam os 36 candidatos de Santa Maria à Assembleia do RS e à Câmara FederalDisputas de apoios para o segundo turno estão a pleno vapor no RS e no BrasilNascida em Santa Maria, deputada federal eleita Franciane Bayer defende política baseada em princípios e valoresCom mais mulheres e negros, confira a composição da Assembleia Legislativa eleita
Leia mais sobre as Eleições 2022Leia todas as notícias