
Foto: Lucas Amorelli (Diário)/O projeto ensina meninas a fazer objetos de decoração que são vendidos para a vizinhança
Criatividade e concentração são alguns dos benefícios de uma prática comum e antiga: o artesanato. Para estimular as duas coisas em quem ainda tem muitas oportunidades de desenvolvimento pela frente, um grupo de voluntários decidiu promover oficinas de artesanato para meninas de 12 a 13 anos, no Beco da Tela, na Vila Schirmer, em Santa Maria.
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- Queremos dar oportunidades a elas, principalmente, porque a gente consegue que fiquem com a cabeça ocupada enquanto estão conosco - explica uma das voluntárias, a educadora e artesã Elisa Diná Vieira Pinto, 63 anos. Trabalhando com artesanato há mais de 30 anos, Elisa encontrou, em uma promessa feita depois de oito anos lutando contra um câncer, a motivação para participar do projeto e ajudar as meninas:
- Aprendi a fazer artesanato quando era criança, mas sempre fui autônoma. Quando fiquei doente, fiz um voto de que, se eu ficasse bem, eu ampliaria meu trabalho como voluntária.
BRAÇO DIREITO
Andreia Porto da Silva, 41 anos, é moradora do Beco da Tela desde a infância e está sempre ao lado de Elisa nas aulas para a gurizada. Ela conta que aprendeu a fazer artesanato em um curso em uma igreja e, depois disso, decidiu fazer parte do projeto para dar a outras pessoas as oportunidades que não teve:
- Quando eu era nova, esse tipo de projeto não existia aqui. Depois das oficinas, nós vendemos os produtos para os vizinhos e arrecadamos verba para promover festas para as crianças. A aceitação do trabalho desenvolvido pelas voluntárias e suas alunas é tão positivo que já resultou em dois eventos para a comunidade: a Festa Junina, ocorrida na metade do ano, e a Festa da Natal, que será realizada no próximo sábado.
DIÁLOGO
Apesar de ensinar as meninas a transformar linhas, garrafas, potes e tecidos em objetos de decoração e dar a elas oportunidades de uma renda extra no futuro, Elisa garante que a melhor parte do trabalho está na relação que desenvolve com as alunas. Em meio a uma rotina difícil para muitas delas, as meninas encontram na artesã ouvidos e olhos atentos para uma boa conversa, além de momentos de descontração e alegria.
- Eu sento no chão, converso, levo brincadeiras. Isso proporciona momentos bons para elas e para nós, voluntárias - diz Elisa. Para Eleandra da Silva, 32 anos, que integra o projeto há seis meses, esse diálogo que as voluntárias conseguem estabelecer com as meninas também é a parte mais gratificante:
- É uma troca de conhecimento. Eu aprendo e elas aprendem. A gente toma chimarrão e dá risada, é uma relação muito agradável.

Foto: Lucas Amorelli (Diário)/Elisa teve câncer e prometeu que, se conseguisse se curar, seria voluntária
SUPERAÇÃO
Ainda de acordo com Eleandra, as mudanças são profundas nas vidas das alunas: - Uma das meninas teve um filho e estava com depressão. Depois de conversar com ela, descobrimos que adorava maquiagem e o trabalho de manicure. Então, a gente deu maquiagem e produtos de unhas para ela. Agora, ela está trabalhando com isso.
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PARA AJUDAR
Interessados em ajudar podem fazer doações de tinta, retalhos, tecidos, tesoura, cola quente, material reciclável e material de construção. Basta entrar em contato pelos telefones (55) 98158-0248 e 99153-0163.