Nesta semana completam 10 anos da noite em que 242 vidas foram levadas pela tragédia da Boate Kiss. Uma das vítimas foi Andrielle Righi da Silva, filha do ex-presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e atual conselheiro, Flávio Silva. Nesta terça-feira (24), ela estaria completando 32 anos de idade, por isso seus familiares e amigos fizeram uma homenagem ao seu aniversário.
A vigília ocorreu às 8h na tenda destinada à memória das vítimas da tragédia na Praça Saldanha Marinho. Uma mesa foi montada com um porta-retrato da jovem e um álbum de fotos dela com as amigas. Também foram colocados itens pessoas de Andrielle, como o seu violão.
Em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade! da Rádio CDN, Flávio explicou que essa foi uma forma de lembrança do dia e de demonstrar amor e carinho por Andrielle. Ele também responsabilizou os quatro reús do processo de julgamento da Boate Kiss pela perda de sua filha.
— A gente não pode deixar de fazer um agradecimento para as pessoas que fizeram a gente estar nessa situação aqui hoje. Quero agradecer aos senhores Mauro Hoffman, Elissandro Spohr, Luciano Leão e Marcelo de Jesus. Graças a eles, graças a colaboração deles na tragédia que matou a minha filha, a gente está aqui hoje tendo que fazer essa homenagem para o aniversário dela, mas sem ela — afirmou.
Flávio ressaltou ainda que a associação está na luta por justiça há uma década e que não tem sido fácil, mas acredita que a justiça será feita:
— É muito complicado falar disso, mas temos que lembrar as pessoas que até hoje eles ainda estão impunes. Acreditamos que essas pessoas vão voltar a cumprir sua penas com certeza e que em breve vamos ter um desfecho justo para essa história. Somente assim, teremos um certo alívio.
Andrielle Righi da Silva
Carinhosamente apelidada de Andrii, a jovem havia ido à Boate Kiss comemorar seu aniversário de 22 anos ao lado de seus amigos: Vitória Saccol, Flávia Torres, Gilmara Oliveira, Mirela Cruz, Merylin Camargo, Luana Facco Ferreira, Rafaela Cruz e Maike dos Santos (destes, apenas os dois últimos sobreviveram). Andrielle é uma das oito vítimas que fará parte da campanha “Tempo Perdido” que simulará as feições de como eles estariam, 10 anos após a tragédia.
A garota de longos cabelos pretos, usava piercing no lábio, tocava violão e era rápida na conquista de novos amigos, apesar da timidez com os garotos. Com fome de viver, ela se preocupava pouco com o futuro. No réveillon de 2013, ela fez uma promessa à família: disse que naquele ano tudo seria diferente. Prometeu aos pais que eles sentiriam muito orgulho dela. Andrielle tinha passado no vestibular para Design Industrial, para o orgulho dos pais.*
A jovem deixou sua mãe Ligiane, seu pai Flávio e sua irmã Gabrielle.
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*trecho do livro “Todo Dia a Mesma Noite” de Daniela Arbex