monitoramento

VÍDEO: mais de 1,2 mil pessoas vivem em áreas de risco em Santa Maria

Arianne Lima

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Eduardo Ramos (Diário)

Há duas semanas, um temporal atingiu a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, deixando rastros de destruição, mais de 150 mortes e dezenas de desaparecidos. Deslizamentos de terras, enchentes e inundações, especialmente em áreas de risco, ligam os alertas dos municípios. Em Santa Maria, a Defesa Civil Municipal monitora 81 pontos considerados de risco. Para garantir a agilidade das equipes em situações emergenciais, o  Instituto de Planejamento (Iplan) mapeou essas áreas. O objetivo é intensificar o monitoramento dos endereços onde os efeitos da chuva são reincidentes, além de buscar soluções para antigos problemas enfrentados por cerca de 1,2 mil pessoas que vivem em mais de 300 locais distribuídos pelas diferentes regiões da cidade. 


REALIDADE

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">

Dois dos 81 pontos estão localizados na Vila Tropical, no Bairro Urlândia, Região Sul. Nesse espaço, há um córrego de água que corta mais de três ruas. O aposentado Avelino Albiero, 75 anos, é morador da Rua Raul Machado Soares, uma das afetadas. Há mais de 40 anos ele convive com os alagamentos:

Em razão da seca, ruínas submersas ficam à mostra na barragem do DNOS

- Nesta região, todo mundo foi e é prejudicado. A cada chuva, vira uma lagoa. Vai água até lá em cima, e como não tem saída na rua, ela entra para dentro do nosso pátio e das casas. É uma calamidade. É muito triste.

Os alagamentos e inundações têm levado Avelino a tomar algumas precauções, que também são adotadas por vizinhos. Além de construir um pequeno muro no portão que está direcionado para a sanga, ele investe em "barreiras improvisadas".

- Quanto começa a chover, boto sacos de areia ali para a água não invadir. Mas, ainda acho que uma hora dessas, iremos perder muita coisa.

O mesmo problema é relatado por quem mora na Rua Doralino Francisco, também na Urlândia, como conta o mecânico Cristiano Marques Dutra, 47 anos. Morador há mais de 20 anos em uma casa próxima à sanga, ele diz que já teve perdas materiais em dias de chuva.

- No fundo do nosso pátio, passa uma sanga. E com a reforma do trevo da Uglione, fizeram com que todo o escoamento da água viesse para essa sanga, além de ligar o Parque Dom Antônio Reis com a mesma sanga. Qualquer tipo de chuva acaba alagando ou subindo o nível dessa sanga, fazendo transbordar em todos os terrenos e casas dessa região. Em dias de chuva, ficamos isolados - finaliza Cristiano.

Jovem paga a faculdade e se forma vendendo lanches a colegas e em lojas

Ainda na mesma região, os efeitos da chuva são um problema. Na Rua David Muller de Araújo, mora o microempresário Celso Luiz Mortari, 56 anos. Ele, que é morador do local há quase 40 anos, afirma ter perdido a esperança muitas vezes, desde 2016. A casa dele também alaga a partir da mesma sanga, com marcas permanentes na casa. 

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">

- Os maiores danos foram no piso, porque a água chegava a um palmo acima. Cada vez que chovia, enchia de novo. Nós arrumávamos e não adiantava mais.

Além do piso, diversos móveis já foram danificados. Celso relata que com as recentes trocas de tubos feitas na região, a chuva deixa de entrar na casa da família. Os planos são de reformar a casa a partir de setembro, mas o receio de novos alagamentos ainda o assustam: 

- Se chover de 50 a 100 milímetros, está sujeito a entrar água de novo. 

MEDIDAS
Solicitados pela Defesa Civil entre outubro e novembro de 2021, o processo de mapeamento resultou na confecção de 10 materiais em janeiro de 2022. Trata-se de um mapa em grande escala de Santa Maria, e outros nove, de tamanho mediano, referentes às regiões administrativas. A carta conta com legenda, convenções cartográficas e dados técnicos, assim como 81 pontos com os respectivos raios de abrangência.

De acordo com a diretora do Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan), Leila Fernandes, a expectativa é de que o material auxilie a Defesa Civil:

- Esse mapa traz a informação que muitas vezes precisamos. Para o planejamento urbano tem pontos que pegam as áreas dos distritos e das zonas rurais. Então, é uma ferramenta muito importante, porque a partir dessa informação, começamos a cruzar com outras que temos e que futuramente coletaremos para tomar decisões mais plausíveis e técnicas.

O superintendente da Defesa Civil de Santa Maria, Adão Lemos, reforça o propósito de que o mapa ajudará na tomada de decisões, assim como no gerenciamento de riscos:

- A ideia, além de mapear os locais, também é verificar, junto com outras secretarias, soluções pontuais para cada área. Por exemplo, aqui na Vila Tropical, ocorre tanto alagamento quanto inundação, já que temos um córrego que passa, inclusive, embaixo de algumas casas. Então, precisamos desse mapa para verificar qual é a extensão de famílias que são atingidas e no que podemos atuar para trazer uma solução rápida, definitiva e barata. 

Segundo o relatório feito pela Defesa Civil de Santa Maria a partir do mapa, 321 residências estão localizadas nas áreas de risco, o que equivalem a cerca de 1,2 mil pessoas. Segundo Lemos, trata-se de uma estimativa feita com base em um calculo da Defesa Civil Nacional, em que o número de casas atingidas deve ser multiplicado por 4 (número de possíveis moradores). O número real de pessoas atingidos nas áreas mapeadas em Santa Maria pode ser maior.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">

PONTOS
Segundo Lemos, os desastres mais monitorados nas 81 áreas de Santa Maria são inundações, vendavais e alagamentos. Os dois primeiros são efeitos da natureza, mas o último tem causa humana, sendo motivado muitas vezes pelo acúmulo de lixo em bueiros e tubos. Em bairros como o Campestre do Menino Deus, Itararé, Presidente João Goulart e Km3, há registro de áreas de deslizamento. Por bairros, confira o mapa abaixo e em seguida, a lista referente aos pontos e situações monitoradas:

style="width: 100%;" data-filename="retriever">

  • Tancredo Neves - 1 ponto de alagamento
  • Pinheiro Machado - 8 pontos de alagamentos e inundações
  • Renascença - 1 ponto de inundação
  • Juscelino Kubitschek - 6 pontos de alagamentos e inundações
  • Noal - 2 pontos de alagamentos e inundações
  • Urlândia - 4 pontos de alagamentos e inundações 
  • Chácara das Flores - 3 pontos de alagamentos e inundações 
  • Caturrita - 3 pontos de alagamentos e inundações 
  • Carolina - 1 ponto de deslizamento/alagamento 
  • Divina Providência - 7 pontos de alagamentos
  • Salgado Filho - 4 pontos de alagamentos e deslizamentos
  • Passo D'Areia - 1 ponto de alagamento
  • Centro - 1 ponto de alagamento/inundação
  • Nonoai - 2 pontos de alagamentos/inundações
  • Nossa Senhora Medianeira - 3 pontos de alagamentos
  • Itararé - 2 pontos de deslizamentos e inundações
  • Campestre do Menino Deus - 3 pontos de alagamentos e deslizamentos  
  • Presidentes João Goulart - 4 pontos de deslizamentos e alagamentos 
  • Km3 - 3 pontos de deslizamentos e alagamentos 
  • Tomazzetti - 2 pontos de alagamentos  
  • Lorenzi - 1 ponto de alagamento 
  • Passo das Tropas - 1 ponto de alagamento
  • Pé-de-Plátano - 1 ponto de deslizamento
  • Camobi - 3 pontos de alagamentos
  • Arroio Grande - 2 pontos de alagamentos
  • Agroindustrial - 1 ponto de alagamento
  • São José - 2 pontos de alagamentos
  • Nossa Senhora de Fátima - 1 ponto de alagamento
  • Bonfim - 1 ponto de alagamento 
  • Diácono João Luiz Pozzobon - 1 ponto de alagamento 
  • Cerrito - 1 ponto de alagamento
  • Patronato - 2 pontos de deslizamentos e alagamentos 
  • Estrada Passo da Ferreira (sem bairro) - 1 ponto de alagamento
  • Passo da Taquara (sem bairro) - 1 ponto de alagamento
  • Avenida Vista Alegre (que dá acesso ao distrito de Arroio Grande) - 1 ponto de alagamento

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Na parede do pátio, o mecânico Cristiano mostra a altura em que a água já chegou durante os alagamentos na Vila Tropical, um dos pontos monitorados na Região Sul

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Obras deixam acesso à Região Sul com bloqueios nesta segunda-feira

Jovem paga a faculdade e se forma vendendo lanches a colegas e em lojas Próximo

Jovem paga a faculdade e se forma vendendo lanches a colegas e em lojas

Geral