VÍDEO: interrompido pela pandemia, a lacuna deixada pelo esporte amador na cidade

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VÍDEO: interrompido pela pandemia, a lacuna deixada pelo esporte amador na cidade

Foto: Renan Mattos (Diário)

O saudosismo diante do campo de futebol vazio evidencia o sentimento gerado pela ausência do esporte amador durante a pandemia. Para o aposentado Cirlon Moreira, de 71 anos, dirigente de um dos mais de 70 times do futebol de veteranos de Santa Maria, o sábado à tarde não é o mesmo desde março de 2020, quando foram canceladas as atividades esportivas por conta da crise sanitária causada pela Covid-19. Para Santa Maria, que é reconhecida como um polo do esporte amador, com campeonatos organizados e equipes de destaque até mesmo no cenário nacional, a falta de competições muda a rotina da cidade e as trajetórias de muitas pessoas.

Nesta reportagem, são ilustrados exemplos de esportes e organizações diretamente afetadas pelo vírus. Como foi no futebol de veteranos, que levava cerca de 6 mil pessoas aos campos de futebol aos sábados, e as copas do futebol amador, com cerca de 80 times que representam as comunidades dos bairros nos quatro cantos da cidade. Equipes amadoras que levavam o nome de Santa Maria pelo Estado e pelo país, como o Soldiers, do futebol americano, e o Universitário, do rúgbi, também tiveram as atividades paralisadas, assim como os campeonatos de futsal que agitavam noites no Centro Desportivo Municipal (CDM). Tudo parou, e poucas são as perspectivas de retomada.

Estão representadas, aqui, apenas algumas das pelo menos 35 modalidades esportivas. Em uma cidade que abriga praticantes de modalidades como o futebol de botão, golfe, luta de braço e canoagem, a pluralidade, ceifada pela pandemia, era o que ditava o ritmo do cenário esportivo local.

Para entender esse contexto, a prefeitura prepara um censo do esporte. Conforme adiantado pelo secretário de Esporte e Lazer, Gilvan Ribeiro, um formulário online deve ser lançado ainda em maio para ser respondido por entidades e praticantes. A ideia é mapear todas as atividades esportivas presentes no município. Os resultados serão divulgados no mês do esporte, em agosto.

A partir da mudança do novo sistema de monitoramento da pandemia pelo governo do Estado, quadras e campos puderam retomar, aos poucos, as atividades. Com isso, treinamentos voltam a acontecer, junto da esperança para a volta das competições. Para o secretário, há expectativa de retorno a alguns eventos esportivos no segundo semestre, e a prefeitura deve apoiar iniciativas que venham do setor privado. Entretanto, eventos maiores, como campeonatos de futsal ou futebol, precisarão esperar mais.

– São eventos grandes, que movimentam uma massa de pessoas. No futsal, por exemplo, são mais de 100 equipes. É uma concentração grande de público, e é difícil de conter – explica o secretário, referindo-se aos protocolos de segurança sanitária.

Por outro lado, de forma oficial, a prefeitura ainda não recebeu pedidos para a realização de eventos esportivos de grande porte. O ginásio do CDM, que costumava ser palco do Citadino de futsal, segue reservado apenas para treinamentos de equipes como o União.

A pandemia, que já ceifou a vida de 642 santa-marienses, ainda parece longe de terminar. Por enquanto, a saudade das competições ainda deve permanecer entre os milhares de esportistas amadores da cidade.

O VAZIO QUE A SUSPENSÃO DO FUTEBOL DEIXA ÀS COMUNIDADES

Foto: Fabiano Marques (Diário)

É verdade que o futebol amador praticado nos campos dos bairros de Santa Maria nem sempre é sinônimo de qualidade técnica e jogadas bonitas. Mas não há, nem de perto, outra modalidade que consiga ser tão próxima, presente e representativa na vida das comunidades do município. Aos finais de semana, os campos de futebol são ponto de encontro para atletas e torcedores. Pelo menos eram, até março do ano passado, antes do agravamento da crise sanitária gerada pelo novo coronavírus.

Conforme o presidente da Liga Santamariense de Futebol Amador, Danilo Silva, são cerca de 80 equipes em atividade no município. É a liga que organiza a categoria livre, com torneios como a Copa dos Campeões e a Copa Druzian.

Desde março de 2020, as competições foram suspensas e seguem sem data para voltar, apesar da mobilização dos clubes que clamam pelo retorno das partidas. De acordo com os representantes, a falta de perspectiva de jogos impacta diretamente nas comunidades.

– Acompanho o futebol amador desde criança. Nasci e me criei na zona norte de Santa Maria. Fui presidente do Cerro Azul e, agora, estou junto do Vitória. Eu enxergo no futebol amador como uma oportunidade para as pessoas mais carentes, das vilas, que têm no futebol uma esperança, uma chance de um dia chegar no profissional – afirma Juliano Marafiga Cardoso, 40 anos, integrante da diretoria do Vitória.

 Danilo Silva concorda:

– É muito importante na questão social. Dentro das comunidades, é um dos lazeres. Na maioria dos eventos que são feitos em Santa Maria, as famílias das comunidades não têm acesso. Já a prática do futebol amador congrega toda essa gente sem custo nenhum.

As equipes também enfrentam dificuldades para manter as estruturas em dia. O Campo do Kennedy, no Bairro Salgado Filho, é um exemplo positivo: a grama segue cortada e uma pintura foi providenciada para os muros que circundam o gramado. Mas tudo gera custos, muitas vezes bancados pelo bolso dos atletas.

– O time de futebol amador sempre vai enfrentar dificuldades. Para arrumar campo, patrocínio… E com a pandemia, ficou tudo parado – conta Vagner Lencina, 40 anos, representante do Kennedy.

Conforme o regramento estadual, jogos em campos abertos, como é o caso do futebol amador, devem seguir as mesmas regras sanitárias das quadras e similares. É proibida a presença de público durante as atividades. De acordo com a prefeitura, campeonatos esportivos amadores podem ser organizados mediante atendimento aos protocolos obrigatórios e variáveis e com autorização específica do município.

ARBITRAGEM

Outro ramo afetado pela paralisação dos jogos é a arbitragem. A cada fim de semana, entre 100 e 150 juízes e auxiliares trabalham nas partidas do futebol amador.

– Era um complemento que todos os árbitros tinham. Nos fins de semana, era um ganho a mais, que ajuda na renda – relembra Hardi Henrique, o Jardel, árbitro da várzea santa-mariense.

PRESSÃO PELA VOLTA DOS JOGOS

É unanimidade entre os oito dirigentes de clubes amadores ouvidos pelo Diário o pedido pela volta das competições. Os dirigentes garantem a possibilidade do cumprimento de protocolos de segurança, mas clamam por auxílio do poder público municipal para auxiliar e viabilizar eventos seguros. Mas existem dificuldades:

– Tem que ter responsabilidade, respeitando protocolos. Também temos que escolher os campos para podermos fazer os jogos, com campos fechados. No futebol, a gente lida com a emoção das pessoas. É difícil marcar um jogo e limitar a 50 pessoas de público, por exemplo. O pessoal que gosta, se dedica, vai querer ir assistir aos jogos – explica Danilo Silva.

O dirigente concorda que um retorno realmente seguro está condicionado à vacinação da população, mas que há um trabalho conjunto em andamento para pensar possibilidades para viabilizar as partidas. Mas não há uma perspectiva concreta de data para a volta dos jogos.

DO FUTEBOL DE SÁBADO, O QUE RESTA É A LEMBRANÇA

Foto: Renan Mattos (Diário)

Campos de futebol desocupados nas tardes de sábado em Santa Maria eram paisagens raras. Nesse horário, tradicionalmente, os gramados da cidade eram tomados pelas chuteiras dos veteranos da bola. Os campeonatos, que reuniam mais de 2 mil praticantes acima de 35 anos e 71 times divididos em sete categorias, faziam também a diversão de outros tantos que, da arquibancada, torciam, confraternizavam e “corneteavam” lances nem sempre “ao estilo de craque” protagonizados dentro das quatro linhas.

– O futebol amador é o entretenimento que tenho no fim de semana, ainda mais para a gente, que já tem mais idade. Era muito bom dar uma saída no sábado à tarde e no domingo, para ver os jogos – relembra Cirlon Moreira, de 71 anos, dirigente do time do Sintracon, que disputava a categoria 60 anos.

Hoje, as rodadas de sábado permanecem apenas na memória de Moreira e dos demais apaixonados pelo esporte. Em março de 2020, a pandemia forçou o cancelamento dos campeonatos da Associação de Futebol de Veteranos de Santa Maria (Afuvesma). A medida deixou em casa cerca de 6 mil pessoas, entre torcedores, atletas, árbitros e dirigentes, que todos os sábados se envolviam de alguma forma com o campeonato. Agora, o contato com o esporte fica restrito à televisão.

– Chega a dar coceira nos pés para o cara sair – brinca Moreira.

SEM PERSPECTIVA

Foto: Renan Mattos (Diário)

A Afuvesma vive um momento de indefinição. Durante a pandemia, a gestão da diretoria terminou e não houve uma assembleia para eleição dos novos mandatários. A comunicação entre clubes é feita por WhatsApp, e há divergências sobre um assunto que voltou com força a partir da implantação do modelo 3As pelo governo estadual, que permitiu a reabertura de quadras e campos esportivos: a retomada das competições.

Atualmente, não há data ou perspectiva para que os campeonatos do futebol de veteranos retornem. Para José Mezzomo, 1º secretário da Afuvesma, a volta seria viável a partir da vacinação contra a Covid-19 de todos os participantes. Há também a preocupação com o cumprimento dos protocolos de segurança.

– O futebol de veteranos não tem aquele espírito profissional. O pessoal vem mais para confraternizar. Tem jogos que as laterais do campo lotam. As pessoas procuram os jogos pela interação social – acrescenta o presidente da Afuvesma, Airton Xavier.

Há a preocupação com aglomerações e com a própria saúde dos atletas – grande parte está no grupo de risco da Covid-19. A própria estrutura dos campos, sem controle de acesso, é um dificultador.

– A liberação ainda é muito vazia. Nós continuamos na preocupação de como organizar um protocolo em campos abertos, sem permitir a entrada de público, ou como fiscalizar – argumenta Mezzomo.

Por outro lado, a saudade e a vontade de jogar futebol também pesam na decisão. No time de Moreira, apenas três não querem retornar ao campo: são pessoas que tiveram Covid-19 e, por conta de sequelas pulmonares, estão impedidos de voltar a competir.

DA PANDEMIA, O ESFORÇO PARA REESTRUTURAÇÃO

Foto: Renan Mattos (Diário)

Sem treinos, eventos ou jogos, o Santa Maria Soldiers aproveita a pandemia para se reestruturar. O time é hegemônico no território gaúcho, com seis títulos estaduais, mas ainda não deu a Santa Maria um título nacional, objetivo perseguido desde o acesso à elite do futebol americano no Brasil em 2017. O planejamento, que a longo prazo busca a profissionalização das atividades, é atrelado ao reinício das competições, o que ainda não tem data para acontecer. Sem atividades presenciais, fica difícil medir o impacto que a crise gerada pelo novo coronavírus terá no elenco, que é composto, na maioria, por pessoas apaixonadas pelo esporte, mas que não contam com o futebol americano para garantir o sustento.

– Muita gente perde o ímpeto. O pior disso tudo é o fato de não ter perspectiva de retorno, de competições. Começar a treinar sem perspectiva de campeonato não funciona. O que move o esporte amador é o ímpeto da competição ou das pessoas se desenvolverem individualmente. Mas, para um grupo, é a competição. Quando não tem esse objetivo, de treinar para ganhar, fica tudo muito vago, ainda mais no nosso caso, em que não há salários – avalia o presidente e quarterback Douglas Rodrigues, de 31 anos.

A situação não é diferente para as atletas do Soldiers Flag Football, uma modalidade do futebol americano com menos contato físico. A equipe bicampeã estadual vive de incertezas.

– A gente não teve treinos e nem perspectiva de campeonatos. A única coisa que temos são treinos individuais, com atletas mantendo a parte física. Mas o time existe, continua. Por mais que seja pandemia, estamos em busca de nomes para compor a comissão técnica. A equipe permanece em pé. Não está funcionando, mas permanece existindo – afirma Kelly Veiverberg, jogadora de defesa e integrante da diretoria do Soldiers.

Foto: Renan Mattos (Diário)Conforme Kelly, 23 atletas seguem com o grupo, mas não há como garantir que todas continuem com o time até o retorno das competições.

NOVO PROJETO

Desde o começo do ano, Douglas, que é um dos fundadores do exército verde e preto, assumiu a direção do time e busca, em conjunto, consolidar a parte administrativa. O Santa Maria Soldiers integra a Conferência Sul do Brasil Futebol Americano (BFA), que é a primeira divisão nacional do esporte. O torneio, que não ocorreu no ano passado, mas costuma ser disputado no segundo semestre, obriga o time a viajar ao Paraná e a Santa Catarina pelo menos três vezes ao ano. Para uma equipe de cerca de 50 atletas, o custo é alto. O novo modelo pretende tornar o Soldiers um produto vendável para patrocinadores, aumentando a arrecadação. Uma das engrenagens desse novo sistema é Fabrício Gnatta, de 46 anos. O contato começou quando ele passou a apoiar o clube através de um empreendimento próprio, que fechou com a pandemia. No começo do ano, sem receber por isso, Gnatta aceitou o convite para ser o gerente geral do time, um cargo na instituição.

– Meu trabalho é fazer uma estruturação administrativa. Eles perceberam que tinham certas dificuldades em ser atletas e administradores ao mesmo tempo. Contato com fornecedores, com futuros atletas, gerindo as questões burocráticas – explica.

O foco, conforme Douglas Rodrigues, é descentralizar a gestão.

– A ideia é criar um ecossistema dentro do time que a gente nunca teve. É desenvolver um projeto administrativo. Por exemplo: o técnico vai ser responsável pela parte esportiva, o Fabricio será da parte administrativa, e vamos ter outro braço, que é o projeto de comunicação – explica Douglas.

Em um tempo difícil de fazer previsões, o plano do Soldiers é rumar, aos poucos, do esporte amador ao profissionalismo, mesmo que o processo dure anos. O sonho é antigo, mas é possível que a pandemia seja o impulso que faltava.

MUDANÇA DE RUMO

Foto: Renan Mattos (Diário)

A pandemia obrigou uma mudança de foco na carreira de um dos mais promissores atletas do Santa Maria Soldiers. Adner Sanchez, 21 anos, o recebedor e um dos destaques da equipe na temporada de 2019, agora tem o esporte como segundo plano. Há dois anos, Adner veio do Pará com o objetivo de se desenvolver no Soldiers. Agora, sem o esporte, o que o mantém no Coração do Rio Grande são os estudos. No começo de 2020, Adner ingressou no curso de Educação Física – Licenciatura na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Como a pandemia resumiu a temporada do ano passado a apenas dois treinamentos em março, Adner chegou a retornar a Belém, onde seguiu os estudos de forma remota. O atleta seguiu com treinamentos individuais focado em seletivas nacionais que dariam a oportunidade de jogar o futebol americano fora do Brasil, mas os planos também foram interrompidos pela Covid.

De volta para Santa Maria para mais um ano letivo, até mesmo o futebol americano, que inicialmente trouxe o paraense à cidade, ficou em segundo plano. Agora, o foco é no atletismo, com a equipe da UFSM.

– Mudaram todos os meus planos. Vou focar mais no atletismo, por conta da competição. No futebol americano, não adianta treinar sem almejar nada, sem competição – disse o atleta, que persegue o índice para participar da prova dos 100 metros rasos na Taça Brasil.

MESMO COM LIBERAÇÃO, O RETORNO PARECE DISTANTE

Foto: Renan Mattos (Diário)

A temporada de 2020 do Universitário Rugby foi cancelada dias antes da estreia no Campeonato Gaúcho, em março de 2020. Os atletas chegaram a ter um gostinho do que seria a temporada em um amistoso realizado no começo de março, contra o Antiqua UFPEL Rugby. O atropelo dos santa-marienses, que abriram mais de 100 pontos de diferença do adversário, premeditava uma temporada em que o clube mirava um acesso inédito ao Campeonato Brasileiro de Rugby. Um novo estilo de jogo foi implementado, mas a pandemia fez o time parar. Mais de um ano depois, o clube ensaia uma retomada, mas sem perspectivas.

– Estávamos acreditando que iríamos fazer um Estadual melhor que o anterior. Faríamos jogos diferentes, e tínhamos jogadores que estavam voltando, que não haviam participado da temporada anterior – lamenta o atleta, técnico e presidente, Bryan Backes.

Durante a pandemia, muitos dos atletas, estudantes da UFSM ou outras instituições deixaram Santa Maria por conta da possibilidade do estudo remoto. Outros preferem aguardar por melhores condições sanitárias. Por conta disso, o primeiro treinamento desde março de 2020, realizado no último domingo, teve oito atletas. A atividade não foi oficial e foi respeitada a decisão de cada atleta. O cenário já ilustra que uma eventual retomada não será simples.

– O rúgbi é um dos esportes que mais precisa de tempo em campo para se tornar um bom jogador – explica Backes.

NOVA COMPETIÇÃO

Uma reunião entre clubes e Federação Gaúcha de Rugby (FGR), realizada no último sábado, apenas evidenciou como a volta das competições ainda está distante. Conforme Bryan, apenas em setembro, a FGR dará uma resposta sobre previsões para a volta do esporte. A falta de perspectiva dificulta as atividades de uma equipe de caráter amador, como é o Universitário.

– A gente tinha a ideia de retomada de atividades com categorias de base, mas não se consegue colocar as coisas em ações e isso desmotiva bastante – diz Backes.

Para contornar isso, há a ideia de fazer, caso seja liberado legalmente, um campeonato citadino de rúgbi sevens, modalidade de menos contato e com apenas sete atletas em cada equipe. Bryan planeja quatro equipes participantes, em uma tentativa de reativar os praticantes da modalidade em Santa Maria.

OTIMISMO PARA RECOMEÇAR DO ZERO

Foto: Fabiano Marques (Diário)

De uma semana para outra, pelo menos 104 equipes de futsal em Santa Maria ficaram sem perspectiva de competições. Com a pandemia, o ano de 2020, que parecia promissor para a Liga Futsal Santamariense (LFS), foi totalmente perdido. As consequências da paralisação de treinamentos e jogos também atingiu equipes, atletas e ginásios. Com a possibilidade da retomada, conforme o presidente da LFS, Erony Paniz Junior, caso haja a liberação por parte do poder público, os torneios podem começar já no mês de julho.

Mas ainda há um longo caminho pela frente. Após quase um ano e meio de paralisação, a volta das equipes não é automática. É o caso do Dallas, equipe feminina que costuma figurar nas primeiras colocações dos torneios municipais.

– Agora a gente vai começar do zero. É muito tempo parada. Tenho certeza que as gurias estão loucas para voltar, mas temos que ter paciência – relata a atleta e coordenadora Carla Dotto, de 37 anos.

A relação de Carla com a bola de futsal e de futebol começou aos seis anos de idade e foi interrompida apenas pela pandemia. Ela é uma das fundadoras da equipe, em 2016, e, com a retomada, pretende, aos poucos, passar o foco para a administração do time. Os treinamentos devem recomeçar na próxima semana.

– Fomos prejudicados com o rompimento de um trabalho que vinha sendo construído há mais de dois anos e a evolução da equipe era visível. Também fomos atingidos na parte física e da saúde, já que os treinos eram o único lugar de prática de atividade – destaca o treinador, Bernardo Boemo.

Carla tem no esporte o meio de sustento. Ela é sócia e administra o Ginásio Pinheirão, no Bairro Parque Pinheiro Machado. Com a pandemia, o espaço ficou fechado. Ela também comanda uma escolinha de futsal para crianças de 5 a 13 anos, que teve as atividades interrompidas em março de 2020. Sem o ganha-pão, Carla buscou uma alternativa e lançou, junto de uma amiga, a Bulldog Store, uma loja online de artigos esportivos.

– Foi bem complicado, cruel. Mas a gente foi levando do jeito que deu – explica Carla.

Durante a última semana, com a liberação do funcionamento das quadras esportivas pelo governo estadual, o ginásio reabriu.

– Estou “com uma adrenalina” desde sábado, que nem durmo direito. A procura é sensacional. A gente está com cinco a seis horários por dia. Dos antigos clientes, nenhum desistiu dos horários fixos – comemora.

FUTSAL PROJETA RETOMADA EM BREVE

O presidente da LFS, Erony Paniz, projeta jogos sem torcida para viabilizar a volta das competições municipais da modalidade. A entidade ainda avalia os protocolos de segurança e a autorização da prefeitura.

– Pensávamos em começar em maio, mas a pandemia não deixou. Agora, a gente vai trabalhar para julho, também para dar um tempo e deixar as equipes voltarem a treinar – afirma.

São quatro competições no calendário. No ano passado, a maior delas, o Citadino, se estendeu por seis meses, com quase 300 jogos. Cada noite de partidas no Centro Desportivo Municipal (CDM) mobilizava cerca de 400 pessoas. Para este ano, o número deve ser diminuído. Não há um levantamento de quantas das 104 equipes participantes em 2019 voltariam a jogar em 2021, mas Paniz estima o número em cerca de 80.

– A gente sempre teve contato com árbitros, fornecedores…Toda a estrutura foi mantida com a esperança de voltarmos assim que liberado – explica.

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