data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Amigos de Verônica Oliveira, 40 anos, que foi assassinada na madrugada desta quinta-feira em Santa Maria, lembram com carinho do legado que a Mãe Loira deixa para a causa LGBTQIA+ na cidade. Glória Maria, 28 anos, é natural de Guaíba mas mora no alojamento fundado pela Mãe Loira, como era conhecida, há quatro anos.
Coletivo arrecada dinheiro para funeral de transexual assassinada
- Foi ela que me deu esse nome. Ela sempre foi uma mãe para todas as trans que residem aqui. Ela me ensinou muita coisa, me incentivou a fazer algumas plásticas e me ajudou a enfrentar a sociedade. É muito triste receber essa notícia sobre uma pessoa que fazia um trabalho imenso. Ela deixa um legado de respeito, de amor e de ensinamento - comentou.
Mortes de transexuais não são enquadradas na lei do feminicídio
O amigo de longa data, pai Tide de Iemanjá, conta que ela era devota de Mãe Oxum e, assim como a casa em que funciona o alojamento, Verônica construiu o cantinho dedicado à deusa do amor.
- Ela era minha amiga, minha irmã, minha confidente. São 24 anos de amizade, acompanhei toda a trajetória dela, desde quando tinha uma casinha de madeira até conseguir comprar essa casa para montar o alojamento. Aqui ela dava um caminho e uma luz para ter um objetivo na vida, lutar e ser respeitada - relata o amigo.
O corpo de Verônica está sendo velado no plenário da Câmara de Vereadores de Santa Maria desde a noite de ontem. Diversos amigos e militantes da causa LGBTQIA+ estiveram presentes na sessão para pedir aos vereadores que votassem a favor da realização do velório no local. O sepultamento está marcado para ocorrer a partir das 10h30min, no Cemitério Ecumênico Municipal.
O CASO
De acordo com a Brigada Militar, o caso aconteceu às 3h30min desta quinta na esquina da Avenida Borges de Medeiros com a Avenida Presidente Vargas. Quando os policiais militares chegaram no local, a vítima estava inconsciente e com um ferimento causado por faca no abdômen. Ela foi socorrida pelo Samu e encaminhada ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) em estado grave.
De acordo com o delegado Gabriel Zanella, o suspeito do crime ainda não foi identificado. O delegado afirma que a vítima estava acompanhada de mais duas mulheres. Um homem teria chegado de carro no local e solicitado um programa sexual. As três mulheres não aceitaram o valor que ele teria oferecido e, neste momento, uma discussão começou.
- Em um dado momento, o homem foi até o interior do automóvel, sentou no banco do motorista e tentou esconder uma arma branca (faca ou estoque). Nesta ocasião, mudou repentinamente de comportamento, tendo parado de proferir xingamentos. Quando iniciou a saída do local com o automóvel, desferiu um golpe de arma branca no abdômen da vítima, que estava parada na rua - afirma o delegado.
A polícia está buscando imagens de câmeras de segurança nas imediações.
TERCEIRA VÍTIMA TRANS
Verônica Oliveira é a terceira transexual assassinada neste ano na cidade. No dia 7 de setembro, Carolline Dias, 27 anos, foi morta com um tiro nas costas. O assassinato de Carolline também ocorreu na esquina das avenidas Presidente Vargas e Borges de Medeiros. Uma pessoa foi indiciada pelo crime e está na Penitenciária Estadual de Santa MAria (Pesm).
No dia 13 de setembro, Mana, 37 anos, foi morta a facadas por dois homens. O crime aconteceu na Zona Oeste e a dupla autora também está na Pesm. Depois dos dois assassinatos, um protesto foi organizado no Centro pedindo Justiça pelas duas mortes e defendendo o fim da homofobia. Verônica Oliveira participou do ato.