VÍDEO + FOTOS: mãe e filho compartilham paixão por ler e criar histórias

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VÍDEO + FOTOS: mãe e filho compartilham paixão por ler e criar histórias

Nikelen nasceu em 19 de setembro de 1973, em Rosário do Sul. Filha de Elza, professora, e Aldrovando Witter, técnico em comunicações, ela cresceu cercada por obras e narrativas que a transportavam para onde quisesse. Não é coincidência que tenha se apaixonado pelos livros e os resgate nas lembranças de infância:

– No inverno, eu lembro que minha mãe colocava eu e minha irmã, Anie, em uma cama juntas, para aquecer, e eu ficava lendo para ela horas e horas.

A escritora concorda que o estímulo da mãe foi essencial para que seguisse a carreira e, mais tarde, para que também desejasse ser mãe.

– Em questão de maternidade, minha mãe sempre foi meu porto seguro. E eu acho que isso é um espelho de ação. Eu sempre quis ser isso para o meu filho. Um porto seguro para que ele voasse com as próprias asas, mas que soubesse que tem para onde voltar – argumenta Nikelen.

Os planos para a vida envolviam uma rotina de muito estudo, ideias de histórias e conhecimento a ser repassado. Dedicou-se à graduação em História na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 1997, ao mestrado em História do Brasil, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC) e mais tarde, para o doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Com a carreira estável, Nikelen sentia-se pronta para se entregar a uma experiência totalmente nova: ser mãe.

ALTOS E BAIXOS

Ao lado do marido, o professor e também escritor Luis Augusto Farinatti, Nikelen demorou dois anos para engravidar. Na gestação, continuou escrevendo e buscou por títulos para ler quando já estivesse com o filho nos braços.

Entretanto, aos seis meses de gravidez, os médicos descobriram uma perfuração no intestino de Nikelen, e foi necessária uma cirurgia de emergência para salvar mãe e filho. No dia 31 de março de 2009, de cesárea, no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, nasceu Miguel. A escritora comenta que, naquele momento, um elo de superação se estabeleceu:

– Eu e ele ficamos muito perto da morte. Ele passou 50 dias na UTI Neonatal com respirador e eu passei por quatro cirurgias em dois anos. Tive que reaprender a andar e respirar. No fim, nós não só superamos esses momentos, como conseguimos sair os dois sem sequelas. Fomos sortudos em contar com uma equipe médica inigualável em Santa Maria.

Para Nikelen, a maternidade se definiria na conquista de várias etapas que não foram fáceis, mas possibilitaram que refletisse sobre o avanço da medicina em situações como a dela.

– Conheço casos semelhantes de mães que perderam filhos e de maridos que perderam esposas nessas condições. E como historiadora, sempre argumento que se isso tivesse acontecido anos atrás, nenhum de nós estaria aqui – conclui.

PRIMEIRO CONTATO

Nikelen só conheceu Miguel quatro dias após o nascimento. Naquele momento, mesmo sem poder tocar ou abraçar o bebê, ela já compreendia a dimensão do que estava por vir. O primeiro encontro ocorreu no segundo domingo de maio, tradicionalmente comemorado o Dia das mães.

– Meu presente de primeiro Dia das Mães foi poder pegar ele no colo pela primeira vez. Porque, até então, eu só o via pelo vidro e mantinha o contato com luvas. Segurá-lo foi bem emocionante. Foi o auge para mim – comenta a escritora, emocionada.

O primeiro ano de Miguel foi de muitos exames, medicações e acompanhamento médico. Nikelen, que também se recuperava das cirurgias, teve que contar com uma rede de apoio, especialmente para voltar a escrever. Em casa, gerenciando as tarefas e contando com o auxílio dos familiares, começou a escrever os primeiros capítulos do livro A Devoradora de Mundos, publicado em 2013 pela Draco Editora digital.

– Meu marido entende que se eu não escrever, eu fico insuportável (risos). Por isso ele arrumava um jeito. Durante a semana, a gente se revezava. E no sábado, ele pegava o Miguel e o levava para a casa dos bisavós em Jaguari. Ele saía de manhã, voltava de noite e eu tinha o sábado inteiro só para mim. Mas sem essa divisão de tarefas seria muito difícil – afirma.

A imersão resultou em obras como Territórios Invisíveis (2017), Viajantes do Abismo (2019) e Dezessete Mortos (2020), todos pela AVEC Editora. E também no premiado Guanabara Real e a Alcova da Morte, com Eneias Tavares e AZ Cordenonsi (2017), entre outros.

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RECONHECIMENTO

Nikelen não se tornou uma das mais importantes representantes do gênero steampunk no Brasil do dia para noite. Como qualquer escritor, seu processo criativo envolve elementos que a possibilitam acessar cenários e personagens antes de descrevê-los em um papel. Como historiadora e pesquisadora, grande parte de suas ideias vêm de estudos e inquietações sobre a sociedade e o mundo.

– Eu tenho que escrever sobre o que me incomoda e quando eu coloco no papel consigo lidar melhor. No momento de gestação dessas ideias, eu fico mais silenciosa e gosto de caminhar. Não faço longas fichas de personagens porque gosto de ficar com eles, conhecendo-os melhor dentro da minha cabeça, até o momento em que me sinto pronta para passar para o papel, que para mim, é quando a história realmente existe. Eu tenho tantas ideias na minha cabeça, que se não estão no papel ,parecem que não existem – afirma a escritora, que também aposta em pesquisas audiovisuais e musicais.

O reconhecimento destes processos vieram com o tempo. Em 2013, foi uma das finalistas na categoria Melhor Romance Fantástico do Prêmio Argos com o livro Territórios Invisíveis (na época, somente em e-book).Em 2018, venceu ao lado dos escritores Enéias Tavares e AZ Cordenonsi a categoria Melhor Romance Fantástico Nacional do Prêmio Le Blanc e uma categoria equivalente do Prêmio AGES com o livro Guanabara Real e a Alcova da Morte.

O sucesso do romance Viajantes do Abismo, lançado em 2019, resultou em uma indicação na categoria Melhor Romance de Entretenimento no 62º Prêmio Jabuti em 2020. Para Nikelen, foi um momento de satisfação que reflete o retorno do público:

– Só de ficar entre os finalistas, eu já considerei como uma conquista. No mesmo ano, esse romance ganhou o prêmio Odisseia. Para mim, foi bonito ver o impacto que o livro estava tendo nas pessoas, porque trouxe uma sensação de trabalho bem feito – comenta a escritora, já com outras obras em andamento.

Para 2021, Nikelen está preparando uma coletânea de contos próprios e deve retomar sua parceria como Eneias Tavares e AZ Cordenonsi para o lançamento da sequência Guanabara Real e o Covil do Demônio.

TAL MÃE, TAL FILHO

Desde que recebeu o resultado de que estava grávida, Nikelen escolheu com todo o cuidado e carinho as séries que gostaria de ler com Miguel. O desejo por um “filho leitor” se fortalecia a cada ultrassom e audição dos batimentos cardíacos.

Hoje, Miguel, que é estudante do 7º ano do Colégio Coração de Maria, admira e se inspira na carreira da mãe, fazendo valer o ditado: tal mãe, tal filho.

– Minha mãe sempre leu para mim, quando eu era menor. E eu pensava que seria legal, se eu soubesse escrever algo assim – argumenta o jovem escritor.

Aos 12 anos, ele já coleciona textos literários e obras, que com a ajuda da mãe, pretende lançar um dia.

– Atualmente, tenho dois: Paranormal, que conta a história de um menino que consegue ver espíritos e fazer com que descansem em paz, e Filhos das Bruxas, que é sobre crianças que viviam na época da caça às bruxas e estão tentando vencer um rei tirano – conta.

Viva os Livros começa nesta segunda-feira para celebrar a literatura

VIVA OS LIVROS

Para valorizar o consumo local de livros, a literatura e a leitura em tempos de pandemia, surge o projeto Viva os Livros, uma realização da prefeitura de Santa Maria, em parceria com Universidade Franciscana (UFN) e o Diário. A iniciativa vai de 10 a 29 de maio e faz parte do Viva Santa Maria. As ações contam com promoções especiais, brindes e descontos em livrarias participantes para compras.

Além dessas ações, durante o mês de maio, o público acompanhará bate-papos com livreiros e autores locais, leituras de clássicos e o lançamento do projeto Livros em Debate, com os integrantes da Turma do Café. No primeiro dia, segunda-feira, a TV Diário (canais 26 e 526 da Net e no Facebook) vai transmitir uma edição do programa Sala de Debate especial, às 19h, com a presença da secretária de Cultura, Rose Carneiro, do professor universitário Bebeto Badke e do escritor Antônio Cândido Ribeiro. Todas as segundas, quartas e sextas-feiras, o jornal publicará matérias sobre as livrarias participantes.

Para Nikelen, a iniciativa propõe um melhor enfrentamento desde período na companhia de um bom livro.

– Não tem nada mais agradável e mais maravilhoso do que deixar a imaginação tomar os espaços sombrios da mente. E nós estamos em um período muito sombrio. Por isso, abrir um livro representa estar no nosso lugar de sol ao longo dos dias. Trata-se disso – comenta. 

PROJETO VIVA OS LIVROS 

Quando – De 10 a 29 de maio

Onde – Nas livrarias Espírita Lar de Joaquina, Anaterra, Livraria da Mente, Sebo Camobi, Livraria UFSM, Livraria Athena, Cesma, Multiverso Geek Stores, Livraria Santos, Sebo Capitu, Sedic Livraria Espírita e Livraria Corvus e nas redes sociais do Diário, prefeitura, e da Feira do Livro

Foto: Pedro Piegas (Diário)

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