Construção civil

Uma pessoa morre por ano em Santa Maria, em acidentes de trabalho

Pâmela Rubin Matge

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Uma estatística que não combina com o ritmo de um dos setores de maior crescimento da cidade. Desde 2007, morre, em média, uma pessoa por ano em acidentes de trabalho da construção civil em Santa Maria. Logo no início do ano, no último dia sete, Carlos Ferreira, 27 anos, entrou para essa estatística, ao cair do 11º andar de uma obra da Rua General Neto.

Uma semana depois, a reportagem do Diário e da RBS TV começou a percorrer as ruas da cidade e fotografou seis locais onde há obras de construção civil. O engenheiro e especialista em segurança do trabalho Luis Pedro de Araújo foi convidado a dar um parecer diante das imagens captadas. De acordo com Araújo, houve três flagrantes de irregularidades (confira abaixo).

Segundo dados da Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Santa Maria (GRTE/SM), em 2013, na cidade, foram cerca de 50 embargos (paralisação da obra como um todo) ou interdições (paralisação de um setor de serviço, máquina ou equipamento).

Conforme o mesmo órgão, as atividades relacionadas à construção civil que mais resultaram em acidentes na cidade foram os serviços de pintura com contato acidental com a rede elétrica (postes e fiação), trabalhos com betoneira e serra circular. Já os casos de queda, aparecem em segundo lugar. A maior parte dos acidentados são representados por homens jovens e pertencentes à classe C.

A segurança aos trabalhadores está ligada às garantias que oferecem o Equipamento de Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção Coletiva (EPC). Mais do que isso, é responsabilidade de quem executa o projeto da obra oferecer as condições de trabalho que minimizem quaisquer riscos de acidente aos trabalhadores (veja quadro).

Por que é tão difícil cumprir a lei?

A área da construção civil é ampla. Compreende atividades relacionadas a edificação, reforma, demolição ou escavação, obras que são responsabilidade de diferentes empresas, órgãos ou tomadores de serviços. Cezar Araujo da Rosa, auditor da GRTE/SM, alerta para a necessidade de um profissional habilitado, que oriente e emita laudos e projetos adequados antes mesmo da execução, proporcionando um ambiente de trabalho seguro:

_ Algumas construtoras acabam subcontratando outros empreiteiros muitas vezes de modo informal, o que acaba por tornar mais precário o local de trabalho _ salienta o auditor.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Santa Maria (Sinduscon/SM), Evandro Zamberlam, atenta para a importância do relacionamento entre empresa e funcionário. Quanto ao uso dos equipamentos, ele diz que questões individuais podem interferir na segurança:

_Temos que fazer um trabalho baseado no diálogo e na conscientização. Infelizmente, na mesma obra, há diferentes trabalhadores, os quais recebem o mesmo tipo de treinamento e não se comportam da mesma maneira. Tem funcionário que não aceita usar os equipamentos necessários, é resistente, sobretudo os de mais idade que já trabalham no ramo há bastante tempo. Muitas vezes, temos que advertir _ explica Zamberlam.

Segundo o engenheiro Luiz Fernando Pacheco, membro do Sinduscon/SM, há 12 anos não são registradas mortes por acidente de trabalho em nenhuma das 40 empresas associadas ao órgão. O engenheiro atribui o fato à fiscalização rigorosa nas execuções realizadas por essas empresas.

_ É preciso mudar a cultura da construção civil. Nós, somos muito fiscalizados e isso acabou sendo positivo, pois mudamos a mentalidade e evoluímos. Também investimos num trabalho de conscientização com treinamentos periódicos e palestras _ conta Pacheco.

O Diário de amanhã traz uma reportagem que mostra que 17,6% das empresas do setor fiscalizadas no ano passado apresentavam irregularidades.

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