Ensino Superior

UFSM debate propostas para a permanência de cotistas

Joyce Noronha

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população do país é negra. Nas estatísticas sobre educação, o órgão apresenta que 12% dos alunos das instituições federais de Ensino Superior são negros. Para debater esses números, as cotas raciais e a permanência de cotistas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o Projeto Pilão promoveu, ontem, o seminário "Vamos falar sobre cotas raciais na UFSM?".

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Segundo a coordenadora executiva do Projeto Pilão, Vania Paulon, o seminário integra a Semana da Consciência Negra da universidade. Ela explica que o sistema de cotas é muito recente dentro das instituições de Ensino Superior do país, mas a preocupação vai além do ingresso de negros na academia.

– Queremos debater sobre propostas para permanência desses jovens na universidade e como as cotas são trabalhadas dentro da instituição. Falar sobre cotas apresenta mais do que o número de negros que entraram na faculdade, apresenta a realidade econômica dos estudantes, que precisam se manter na universidade – explica.

Vania diz que, para acompanhar o andamento do universo acadêmico, os estudantes, às vezes, precisam contar com benefícios em relação a materiais, alimentação e moradia.

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A coordenadora do Núcleo de Ações Afirmativas Raciais e Indígenas de Assuntos Educacionais, professora Rosane Brum Mello, lembra que a UFSM tem editais para disponibilizar auxílio em material pedagógico, moradia e até alimentação, mas que não é exclusivo para os cotistas. Conforme ela, para conseguir esse auxílio, o estudante precisa solicitar o Benefício Socioeconômico da UFSM, na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).

VIVÊNCIA
A estudante do 2º semestre de Pedagogia Kelara Menezes da Silva, 29 anos, é cotista da UFSM, mas formou-se em Educação Especial, na mesma universidade, sem o sistema de cotas. Hoje, ela percebe a diferença no tratamento das pessoas por ser cotista.

– Percebo, quando digo ser cotista, que algumas pessoas me tratam como se eu fosse menos inteligente. Em 2009, ingressei pelo Sistema Universal da UFSM, e a minha nota foi bem alta. Isso só prova que ser cotista não é ser menos que ninguém – conta Kelara.

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Além dessa distinção, a estudante conta que a maior parte dos cotistas costuma trabalhar em um ou dois turnos e, depois, vai para a aula, já cansada, e não tem compreensão de professores. Sobre o auxílio de material pedagógico, ela lembra que o benefício não cobre materiais como canetas e cadernos, considerando que há pessoas que realmente precisam desse tipo de auxílio na universidade. 

 Santa Maria - RS - BRASIL 16/11/2017Seminário sobre cotas raciais na UFSM
Kelara, 29 anos, diz que algumas pessoas a tratam como "menos inteligente" por ser cotista da UFSMFoto: Lucas Amorelli / New CO DSM

O pró-reitor da Prae, Clayton Hellig, afirma que o auxílio de material pedagógico é apenas para a aulas práticas, como nos cursos de Odontologia, Música, Enfermagem, entre outros.

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Segundo ele, não há projetos para ajudar os alunos que precisam de material tão específico como cadernos e outros produtos de estudo. Contudo, o pró-reitor conta que os professores são orientados a disponibilizar textos e outros conteúdos pedagógicos por plataformas digitais e que a UFSM dispõe de vários laboratórios de informática que ficam abertos aos estudantes. 

Hellig salienta que alunos cadastrados no Benefício Socioeconômico têm refeições gratuitas no Restaurante Universitário e acesso a moradia, quando solicitado.

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