Após mais de 15 horas de sessão, o tribunal do júri de São Sepé condenou as rés Taiane dos Santos, 29 anos, e Graciéla Borba, 39, pelo homicídio de Bruno Toledo dos Santos, ocorrido em 7 de agosto de 2019.
Taiane foi condenada a 19 anos de prisão e segue presa. Já Graciela foi sentenciada a 11 anos e 4 meses, mas como estava respondendo em liberdade, ela não será presa até que ocorra o trânsito em julgado. Conforme a assessoria do TJRS, os jurados reconheceram a menor participação da Graciela.
A sentença foi anunciada por volta da meia-noite desta sexta-feira (15) pela juíza Bruna Casagrande Siebeneichler, da 1ª Vara Judicial da Comarca de São Sepé. A decisão cabe recurso.
O que diz a acusação
O advogado e assistente de acusação, Divor Bassan, informou que o desfecho do caso ocorreu conforme as expectativas da acusação, e comentou sobre o acalento à família:
– A comunidade de São Sepé entendeu a brutalidade do crime, e que as rés deveriam ter reconhecida a culpa. Isso pra família é um alento, junto da sensação de que a justiça foi feita.
Divor assumiu o caso desde o dia do crime ao lado da advogada Fabiane Bassan, que informou que está satisfeita com a decisão.
– Trabalhamos bastante nas qualificadoras, tendo em vista que a assistência de acusação entendeu que as qualificadoras do crime de homicídio incidiu sobre as duas rés. Elas agiram de forma ardilosa e cruel, e a conclusão do julgamento na madrugada desta sexta-feira põe um ponto final na sensação de injustiça da família de Bruno, que sofreu com a perda – comenta Fabiane.
O que dizem as defesas
Responsável pela defesa de Graciéla Borba, a advogada Sharla Rech informou que vai avaliar a sentença, no sentido de averiguar se houve algum equívoco na forma de avaliação dos quesitos qualificadores por parte dos jurados.
– Como os jurados acolheram a tese de participação de menor importância da ré Graciela Borba Dutra, esperávamos que como consequência deste acolhimento ocorresse o afastamento das qualificadoras que, quando mencionadas no texto, dizem respeito apenas à ação da ré Taiane. Vamos esperar a publicação da sentença e avaliarmos a possibilidade de entrar com recurso de apelação.
A reportagem tentou contato com o responsável pela defesa de Taiane dos Santos, o advogado João Marcos Adede y Castro, mas até o momento de publicação desta reportagem não obteve retorno.
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Manifestações por justiça tomaram a frente da Câmara de Vereadores de São Sepé.
O julgamento
Como a comarca de São Sepé não possui salão do júri, o julgamento ocorreu no plenário da Câmara de Vereadores do município, tendo início às 9h de quinta-feira (14), com o depoimento de quatro testemunhas. Após a pausa para o almoço foi ouvida mais uma testemunha, seguida pelo interrogatório das duas rés.
Às 17h37min os debates foram iniciados pela acusação, que teve 2h30min para se manifestar. Por volta das 20h20min iniciou-se a pronúncia dos advogados de defesa, que tiveram as mesmas 2h30min para se manifestar, divididos igualmente entre cada uma das defesas. A acusação teria aberto mão de realizar réplica, encerrando a fase de debates por volta das 23h15, momento em que os jurados se reuniram para discutir a sentença.
Entenda o caso
No processo, que transcorreu em segredo de justiça, Taiane dos Santos, 29 anos, que seria a ex-namorada de Bruno, e a amiga Graciéla Borba, 39, foram indiciadas por homicídio doloso com três qualificadoras: traição (trair a confiança da vítima em uma emboscada), motivo torpe (ciúmes) e meio cruel (emprego de fogo).
Taiane e Graciéla teriam atraído o jovem até a casa em que ele morava, na noite do dia 7 de agosto por volta de 21h30min, para cometer o assassinato. No final da tarde do dia seguinte, 8 de agosto de 2019, Bruno foi encontrado com o corpo carbonizado em um quarto de sua casa, em São Sepé. Conforme o laudo da perícia, Bruno foi queimado vivo e morreu devido à ação direta das chamas no quarto onde foi encontrado.
* Com informações do Jornal do Garcia Online e da assessoria de imprensa do TJRS