Suelen Aires GonçalvesSocióloga e professora universitária
O tema central da nossa reflexão da semana é o tema do acesso às armas no Brasil e as tragédias provocadas pela facilidade de acesso . O atual governo publicou mais de 30 decretos e atos normativos desde o início de seu governo para facilitar o acesso às armas. Nossa coluna vai problematizar o tema, pois estamos diante de tragédias anunciadas em um país majoritariamente desigual onde a distribuição da produção da morte está nitidamente expressa nos dados de homicídios no Brasil.
Com o acesso mais facilitado, existe uma produção de maior letalidade, ou seja, mais mortes provocadas pelo instrumento. Diferentemente de outros instrumentos como arma branca, mais conhecido como faca. A arma de fogo pode ocasionar ferimentos graves e de longo alcance, já a faca necessariamente envolve o contato físico e proximidade entre autor e vítima.
Vejamos os casos de feminicídios, morte violenta de mulheres, segundo o Atlas da Violência 2021, enquanto os homicídios de mulheres nas residências cresceram 10,6% entre 2009 e 2019, os assassinatos fora das residências apresentaram redução de 20,6% no mesmo período, indicando um provável crescimento da violência doméstica. E o instrumento utilizado é majoritariamente arma de fogo.
Não tenhamos dúvidas, as mudanças recentes na legislação de controle, ou não, de armas de fogo flexibilizam e agravam o contexto da violência doméstica e familiar no Brasil. País armado é um país sem paz para muitas e muitos, principalmente para as meninas e mulheres que sofrem da violência de gênero e racial presente na sociedade brasileira até os dias atuais.
Leia o texto de Marcio Felipe Medeiros