Entre julho e 3 de novembro, o repórter fotográfico Jean Pimentel registrou pelo menos 36 veículos largados nas ruas. Em muitos casos, após saques e depredações, restaram apenas as carcaças, onde se acumulam mato e lixo. Outros ainda preservam o mínimo necessário para rodar: os pneus e o motor.
Como o "Diário" já havia mostrado em reportagens produzidas em maio e julho de 2012, ainda não há uma lei que determine que esses veículos, que ocupam espaços públicos, sejam retirados. Curiosamente, a situação poderá mudar a partir de 2016, já que a Secretaria de Mobilidade Urbana planeja encaminhar para análise do prefeito Cezar Schirmer (PMDB) um projeto de lei para regulamentar a questão (leia mais abaixo).
Na terça-feira, a reportagem do "Diário" tentou conversar com os proprietários de sete veículos, mas apenas em dois locais a equipe foi recebida. Na maioria dos casos, os donos não foram localizados. Além disso, os vizinhos, mesmo incomodados com a situação, recusaram-se a falar.
Na Rua Dario Prates Rodrigues, no bairro Tancredo Neves, a Brasília ano 1979, que pertence ao professor de música Marcelo de Medeiros, 50 anos, está estacionada na frente da casa, sobre a calçada, há cerca de dois meses. No entorno, o mato já tomou conta. O dono afirma que a vontade é providenciar a arrumação do carro dentro de 10 dias. A falta de dinheiro, conforme ele, impossibilitou que o conserto do veículo, que está com problemas no motor, acontecesse.
É o único carro que tenho e, apesar de não precisar pagar mais o IPVA, pago R$ 54 por ano pelo seguro dele. Está parado porque não tive condições de arrumar, mas ele funciona e serve para eu levar meus cachorros no veterinário. Não quero que ele fique parado por muito tempo garante Medeiros.
Carros particulares e de prefeituras
Na Rua Otávio Rocha, no Itararé, há quatro carros estacionados, um atrás do outro, formando uma fila. Um dos veículos virou também abrigo de animais. Nos outros, o mato segue crescendo embaixo e no entorno dos automóveis.
Já na Rua Dom Atalício Pithan, na Vila Lorenzi, onde funciona a Oficina do Bozó, há um caminhão da prefeitura de Novo Cabrais e um ônibus ocupando espaço. Segundo o proprietário da oficina, Luiz Fernando Souza Neves, o ônibus está no local há mais de seis anos. O veículo foi deixado para conserto, mas a Justiça bloqueou o bem e não permitiu que o ônibus fosse retirado da oficina. Desde então, ele permanece ocupando a rua, tomado de pó e sendo alvo de pichações.
Uma vizinha disse que bandidos se escondem ali para roubar. Acabei perdendo dinheiro com o serviço que comecei e ninguém veio retirar reclama Neves.
Quanto ao ônibus de Novo Cabrais, Neves afirma que a prefeitura deixou o veículo para ser arrumado, há cerca de dois anos, e não teve recursos para pagar pelo serviço. A reportagem também encontrou abandonada em Santa Maria uma Kombi da Secretaria de Saúde e Bem Estar Social de São Vicente do Sul.
Projeto de lei para 2016
O secretário de Mobilidade Urbana, Miguel Passini, promete levar ao prefeito Cezar Schirmer (PMDB) um projeto de lei para regulamentar a questão dos carros abandonados. Segundo Passini, um projeto parecido tramitou na Câmara de Vereadores no final de 2013, mas não seguiu adiante por causa de questõe"