NathSchneider
“Alceu, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”, gritava o público em um “bis” ensaiado pelo próprio Alceu Valença, que dava tchau ao público e pedia para as luzes serem desligadas; para, logo em seguida, “retornar”, emendando sucessos como “La Belle de Jour” e “Anunciação”, apenas com voz, violão e o coro de Santa Maria. Na noite do dia 20, o pernambucano de 76 anos comandou como um maestro o lotado Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no show da turnê “Solo” que durou pouco mais de 1h30min. Conforme adiantou em entrevista ao Diário, Alceu iniciou o show contando que o repertório seguiria uma espécie de roteiro cinematográfico, uma narrativa costurada à fatos que marcaram a vida do artista e o inspiraram a escrever as canções.
O público embarcou na história do ícone da música popular brasileira, que começa o espetáculo com uma versão de “Pau de Arara”, do conterrâneo Luiz Gonzaga, que relata a origem de ambos os artistas e a cultura do sertão profundo. Depois de “Xote das Meninas” e “Cavalo de Pau”, Alceu relembra quando esteve em Olinda, conheceu o mar pela primeira vez e ouviu o sino tocando, o que o levou a tocar “Sinos de Ouro”.
O pernambucano arrancava risos da plateia com sua espontaneidade e irreverência, como quando conta de um carnaval em que viu um casal fantasiado de onça-pintada e cachorro. Segundo ele, tal fato serviu de inspiração para o sucesso “Como Dois Animais”. A história segue, com Alceu levando o público de trem para a “Estação da Luz” e até para o espaço sideral, a bordo do famoso “Táxi Lunar”.
Em momentos como “Morena Tropicana” o público entoou a música inteira quase sozinho, acompanhado pelo violão e pelo sorriso de Alceu. O artista, aliás, pedia para as pessoas ligarem a lanterna dos celulares, pedia palmas cada vez mais fortes ao fim de cada música e repetia que estava muito surpreso com a animação dos presentes no local. Quando falou em carnaval e cantou um frevo, Alceu disse que ia transformar o espaço no “Bloco de Santa Maria”. Luzes de todas as cores brincavam e iluminavam o artista e o palco. Na linda performance de “Girassol”, a luz amarela projetou a flor sobre o Alceu Valença no palco.
No encerramento, Alceu pediu para a plateia continuar entoando a sua “Anunciação”, enquanto se retirava lentamente do palco, que dominou o tempo todo com o apoio do público e de seus quase 50 anos de carreira.
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