Há 600 milhões de anos, formaram-se a Pedra do Segredo e outras rochas que compõem as belas paisagens de Caçapava do Sul. Também muito antes de essa terra se chamar Rio Grande do Sul e de o homem pisar nela, há 232 milhões de anos, viveram na Quarta Colônia os precursores dos dinossauros, considerados até pelo Guinness Book como os mais antigos do Planeta Terra. Rochas que foram esculpidas pela ação do tempo e fósseis de dinos que foram preservados. Duas riquezas únicas que garantiram aos geoparques Caçapava e Quarta Colônia um título internacional: são agora Geoparques Globais da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Título que será entregue neste sábado, às 16h30min (12h30min no horário de Brasília), durante a 10ª Conferência Internacional dos Geoparques Unesco, que recebeu 1,4 mil pessoas de mais de 59 países em Marrakech, cidade de 1 milhão de habitantes no Marrocos.
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Uma das principais entidades do mundo reconheceu a importância de Caçapava e da Quarta Colônia, e visitantes de dezenas de países conheceram as riquezas geológicas, naturais, culturais, arqueológicas e paleontológicas da Quarta Colônia durante o evento, que começou na segunda-feira e termina neste sábado. As regiões fazem parte do seleto grupo de 195 geoparques Unesco no mundo, de 48 países, sendo só cinco no Brasil.
Além de apresentarem os dois geoparques em palestras, os representantes das prefeituras, da UFSM e da Unipampa estiveram no estande do Brasil no evento, conversando com integrantes de geoparques do mundo todo. Conversas em inglês, espanhol, entrega de panfletos e degustação de produtos das ruas regiões, como um doce que simula pedras de Caçapava, ou artesanatos de dinossauros da Quarta Colônia, foram algumas formas de apresentar as regiões. O estande do Brasil e o evento lembravam uma torre de babel, com uma imensa diversidade de línguas e culturas. Gente que agora sabe onde fica Caçapava e a Quarta Colônia.
A presença do vice-governador do Estado, Gabriel Souza, junto com os prefeitos de Faxinal do Soturno, Clovis Montagner, de Restinga Sêca, Paulo Salerno, de São João do Polêsine, Matione Sonego, e de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy, além do secretário estadual Beto Fantinel e dos coordenadores dos geoparques, Jaciele Sell e André Borba, foi importante pela troca de experiências com outros geoparques. No encontro, eles também puderam identificar tudo que ainda será preciso fazer para melhorar os geoparques e para que esse selo da Unesco seja revertido em novas atrações turísticas e crescimento do turismo. Afinal, a chancela da Unesco deve atrair muita gente da região, do Brasil e de outros países.
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O vice-governador se comprometeu em criar uma política permanente de incentivo aos geoparques, para obras de infraestrutura, treinamento de pessoas para receber turistas, entre outras necessidades. Afinal, o selo da Unesco é só um primeiro passo de um futuro promissor. Vale lembrar que regiões como o Recanto Maestro ou dos olivais de Caçapava, onde há vários empreendimentos turísticos, eram apenas campo 10 ou 20 anos atrás. A realidade mudou muito e deve mudar ainda mais a partir do selo da Unesco.
A diretora da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, foi a Marrakech para o evento e para parabenizar os dois novos geoparques da Unesco. A entidade é uma agência com sede em Paris, fundada em 1945 e que reúne 193 países, além de 11 associados, para o desenvolvimento sustentável da educação, da cultura e da ciência.
— Estou muito feliz que os geoparques do Brasil e do Rio Grande do Sul estejam participando da Conferência Mundial de Geoparques da Unesco. É uma oportunidade excepcional, porque quando a Unesco reconhece e certifica os geoparques, ela atesta o valor excepcional que esses locais têm, não só do ponto de vista geológico e dos recursos naturais, mas também histórico, arqueológico, paleontológico. Então, é muito importante que toda a população visite e conheça esses lugares, que estão ali pertinho de Santa Maria e de reconhecimento mundial. Significa que estão inscritos em uma rede mundial de locais com valor excepcional. É muito importante que a própria região reconheça o valor desses locais e estimule a visitação e o turismo local, pois ativa a economia local e que cada vez mais tenha turismo sustentável e preocupado com o futuro do planeta, e que as pessoas entendam que o reconhecimento da Unesco é um atestado da qualidade do local — disse Marlova, ao Diário.
O que é um Geoparque?
- Os geoparques são territórios (regiões) de um ou mais municípios, reconhecidos como regiões que possuem importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica únicas. Há vários geoparques nacionais, mas somente 5 no Brasil são reconhecidos mundialmente, pela Unesco
- Nesses locais, a Memória da Terra é preservada e utilizada de forma sustentável para gerar desenvolvimento para a sua comunidade
- Um geoparque é composto por vários geossítios, que geralmente são pontos turísticos, como um mirante em uma montanha, uma formação rochosa rara, como a Pedra do Segredo, em Caçapava do Sul, ou um centro de pesquisa e exposição de fósseis, como o Cappa, na Quarta Colônia, onde podem ser vistos os fósseis dos mais antigos dinossauros do planeta
- Com os 18 novos geoparques mundiais que receberão o certificado da Unesco, a entidade passará a reconhecer 195 geoparques em mais de 40 países
- No Brasil, serão 5 geoparques Unesco: Araripe (Ceará), Seridó (Rio Grande do Norte), Caminhos dos Cânions do Sul (entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Quarta Colônia e Caçapava do Sul
Grupo Diário no Marrocos
Uma comitiva brasileira com 40 autoridades está no Marrocos para o evento. Entre elas, o vice-governador Gabriel Souza (MDB), prefeitos da região, representantes da UFSM e de outros geoparques do país. Os repórteres Deni Zolin e Gilberto Ferreira participam da comitiva. O Grupo Diário é o único veículo de comunicação do Brasil inscrito na Unesco para cobrir o evento em Marrakech.