Geoparques da região são apresentados ao mundo no evento da Unesco em Marrakech

Deni Zolin e Gilberto Ferreira


Muitos chineses, canadenses e outras pessoas de diversos países pararam no estande dos geoparques do Brasil para conhecer as belezas naturais e produtos artesanais feitos nos geoparques da Quarta Colônia e Caçapava do Sul, que vão receber no sábado (9) o selo da Unesco. No local, uma pequena babel, com pessoas falando as mais diversas línguas e até com auxílio de tradutor no celular quando não sabiam inglês. Os estrangeiros ficaram maravilhados com o que viram, como dinossauros feitos à mão, doces que simulam pedras de Caçapava e outros artesanatos. Durante o evento, todos os detalhes e muitas fotos dos dois novos geoparques da Unesco foram apresentados no auditório principal pelo pró-reitor de Extensão da UFSM, Flavi Lisboa.


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A quinta-feira de feriado do Dia da Independência no Brasil foi mesmo de muito trabalho em Marrakech, no Marrocos, durante a 10ª Conferência Internacional dos Geoparques Globais da Unesco. A comitiva gaúcha chegou cedo ao Complexo Cultural Habous e já começou a apresentar, a 1,3 mil pessoas de mais de 50 países, as belezas naturais e produtos artesanais feitos por moradores dos novos geoparques da Unesco, da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul. Ao todo, há estandes de 48 países que têm os 195 geoparques globais da Unesco. No espaço brasileiro, também estão os geoparques Caminhos dos Cânions do Sul, da Araripe (CE) e do Seridó (RN).


Por volta das 9h30min, os prefeitos de São João do Polêsine, Matione Sonego, de Faxinal do Soturno, Clovis Montagner, de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy, e os coordenadores dos geoparques da Quarta Colônia, Jaciele Sell, e de Caçapava, André Borba, e o secretário estadual de Assistência Social, Beto Fantinel, chegaram ao estande e, logo, já foram abordados por muitos chineses. É que a China é o país com mais geoparques Unesco do mundo, com 58. Além das paisagens e dos produtos artesanais, os estrangeiros ficaram surpresos com o fato de que a Quarta Colônia é o berço dos dinossauros mais antigos do planeta, reconhecido também pelo Guinness Book, o Livro dos Recordes.



Pouco depois, o vice-governador Gabriel Souza, chegou ao evento e conversou com os prefeitos e coordenadores de geoparques. Eles já haviam jantado juntos na noite anterior e começaram a discutir o que as regiões precisam de apoio para melhorias, para consolidar os geoparques e fazer crescer o turismo. Souza se comprometeu a pensar e colocar em prática uma política de Estado permanente para desenvolvimento dos geoparques.


— Quando voltarmos ao Brasil, vamos fazer uma reunião no meu gabinete com os prefeitos das regiões e os coordenadores dos geoparques — afirmou o vice-governador.


O prefeito de São João do Polêsine, Matione Sonego, está muito feliz com a conquista, mas reconhece que esse é só um primeiro passo.


— Vendo aqui o que outros geoparques tem ou já fizeram, a gente vê que temos muito a aprender e fazer. A presença do vice-governador é um bom sinal e acho que ele conseguiu perceber a grandeza desse projeto dos geoparques e se colocou à disposição para criar uma política de Estado que atenda as necessidades dos geoparques. Elas são muitas, em todas as áreas: do turismo, da educação, da cultura, da infraestrutura, da capacitação, de um plano de mídia e divulgação. Essa cobrança que fizemos ao governo do Estado é importante, porque os municípios e as universidades sozinhos não vão conseguir. Até porque não é papel deles fazer um grande plano de mídia e uma preparação dos nossos empreendedores e investidores, a identificação dos locais que podem ser explorados turisticamente.



O embaixador do Brasil no Marrocos, Alexandre Parola, saiu da capital Rabat para Marrakech para o evento e destacou a importância do selo da Unesco.


— Não é um selo qualquer, dá muita credibilidade e visibilidade para esses geoparques — afirmou ao Diário Parola, que junto com Souza, recebeu o anuário de Caçapava do Sul e se solidarizou com as vítimas das fortes enchentes no Rio Grande do Sul.

Antes do meio-dia, o pró-reitor da UFSM Flavi Lisboa fez duas apresentações no evento. A primeira, em uma sala para 100 pessoas, sobre o projeto Progedir, da universidade, para desenvolver a formação de pessoas para melhor atender os turistas e para divulgar mais o geoparque da Quarta Colônia. Depois, no auditório principal, para mais de 200 pessoas, apresentou fotos e um resumo das riquezas dos geoparques Caçapava e Quarta Colônia, além da pesquisa para a criação dos dois sites dos geoparques, com informações sobre a cultura e pontos históricos dos locais, mas com linguagem criativa e atraente ao público. Um dos objetivos é fazer os moradores e visitantes compreenderem melhor o valor de cada local.


— A gente tem de saber que quando a gente está no centro de Caçapava e cruza por aquela muralha de pedra, aquilo, mais do que um forte Dom Pedro 2º, representa um patrimônio histórico e cultural daquele município. A única fortaleza de pedra edificada no Estado, construída para ser frente de defesa do nosso território. Quando a gente entender o valor que isso tem como patrimônio, para a nossa cidade, talvez isso possa ser melhor cuidado. A gente não vai ter descarte de lixo naquele lugar, por exemplo.



Às 16h30min em Marrakech (12h30min no Brasil), uma cerimônia oficial reuniu mais de 1,2 mil pessoas para a abertura da 10ª Conferência Internacional de Geoparques Globais da Unesco.


O prefeito de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy, está muito satisfeito com o resultado de tantos anos de esforço para obter o reconhecimento da Unesco e a divulgação internacional dos geoparques da nossa região. Porém, destacou que o selo também é fundamental para o aumento da autoestima dos moradores, de que têm riquezas naturais e culturais reconhecidas mundialmente.


— Além dos turistas de fora, é importante que as pessoas da região também conheçam os nossos geoparques. Muita gente paga caro e viaja longe para conhecer outros locais e outros países, mas não conhece lugares tão bonitos que temos aqui em Caçapava e na Quarta Colônia, que ficam a 100 km de distante. Então, fica o convite para que as pessoas da nossa região venham conhecer nossas belezas — diz Amestoy.


O que é um Geoparque?

  • Os geoparques são territórios (regiões) de um ou mais municípios, reconhecidos como regiões que possuem importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica únicas. Há vários geoparques nacionais, mas somente 5 no Brasil são reconhecidos mundialmente, pela Unesco
  • Nesses locais, a Memória da Terra é preservada e utilizada de forma sustentável para gerar desenvolvimento para a sua comunidade
  • Um geoparque é composto por vários geossítios, que geralmente são pontos turísticos, como um mirante em uma montanha, uma formação rochosa rara, como a Pedra do Segredo, em Caçapava do Sul, ou um centro de pesquisa e exposição de fósseis, como o Cappa, na Quarta Colônia, onde podem ser vistos os fósseis dos mais antigos dinossauros do planeta
  • Com os 18 novos geoparques mundiais que receberão o certificado da Unesco, a entidade passará a reconhecer 195 geoparques em mais de 40 países
  • No Brasil, serão 5 geoparques Unesco: Araripe (Ceará), Seridó (Rio Grande do Norte), Caminhos dos Cânions do Sul (entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Quarta Colônia e Caçapava do Sul


Grupo Diário no Marrocos

Uma comitiva brasileira com 40 autoridades está no Marrocos para o evento. Entre elas, o vice-governador Gabriel Souza (MDB), prefeitos da região, representantes da UFSM e de outros geoparques do país. Os repórteres Deni Zolin e Gilberto Ferreira participam da comitiva. O Grupo Diário é o único veículo de comunicação do Brasil inscrito na Unesco para cobrir o evento em Marrakech.


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