Dia Mundial da Saúde Ocular

Quais os sinais de alerta para buscar um oftalmologista

Joyce Noronha

Abrir os olhos e enxergar o mundo em todas as suas cores e nuances é o que a maioria das pessoas espera. Mas há quem veja tudo de maneira diferente e nem tenha ideia de que há algo errado.

E, para conscientizar sobre os cuidados com "as janelas da alma", no dia 10 de julho é celebrado o Dia Mundial da Saúde Ocular.

A estudante de Enfermagem Anaí Rigão de Oliveira, 22 anos, percebeu ainda criança que não conseguia ver o que a professora escrevia no quadro ou que não enxergava os contornos dos objetos.

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Com a insistência de criança, Anaí pedia aos pais para "ir ao médico dos olhos", referindo-se a um oftalmologista. Depois de muito pedir, ela foi ao especialista e aos 7 anos recebeu o diagnóstico de 4 graus de miopia nos dois olhos. A miopia é um distúrbio visual que afeta a focalização das imagens antes que elas cheguem à retina. Um míope consegue ver os objetos próximos com nitidez, mas os distantes ficam desfocados.

– Ninguém havia percebido, nem meus pais, nem na escola. Provavelmente eu já não enxergava bem antes de ir para a escola, mas ninguém achou que fosse problema de visão. Pensavam que eu era desatenta e mais atrasada do que as outras crianças, "boca-aberta", como alguns diziam – lembra a estudante.

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Enquanto Anaí cresceu, os graus de miopia também foram aumentando, até que com 16 anos estagnou nos 7 graus nos dois olhos. Pouco antes disto, com 14, a jovem também recebeu o diagnóstico de astigmatismo, uma condição que resulta em visão borrada ou distorcida em todas as distâncias e pode afetar as pessoas em qualquer idade. O astigmatismo é comum em míopes ou hipermetropes.

Anaí, agora, aguarda completar 24 anos para ver se a condição visual dela se mantém estagnada, e, se o oftalmologista considerar possível, a jovem quer fazer a cirurgia de correção.

Sem visão

A jornalista Eliana de Linhares, 33 anos, também vai passar por um procedimento cirúrgico. Mas para ela, a cirurgia é o único recurso de tratamento, pois ela tem pterígio, uma formação carnosa que avança sobre a córnea, geralmente do lado nasal. Popularmente conhecido como "carne no olho", o pterígio é uma resposta a um processo de irritação ocular crônica.

Por conta do pterígio, Eliana não consegue ficar em lugares com iluminação alta sem estar com um bom óculos de sol Foto: Eliane de Linhares / Arquivo pessoal

Eliana percebeu os primeiros sintomas de irritação e vermelhidão nos olhos em 2013. Porém, ela pensou que se tratava de uma simples alergia e não procurou um médico. Meses depois, e após perceber uma pequena formação carnosa no olho esquerdo, ela procurou o oftalmologista, que explicou à jornalista sobre o pterígio e os principais riscos desta doença, que é progressiva, degenerativa e, se não tratada, pode levar à perda da visão.

Na época do diagnóstico, Eliana morava em Frederico Westphalen, mas conta que agora vive em Florianópolis e não consegue ir à praia, porque a exposição ao sol, à poeira, e ambientes com muita luz a incomodam. Foi em fevereiro deste ano, quando estava de férias em Caçapava do Sul, que Eliana descobriu que precisará de um transplante de conjuntiva, membrana mucosa que reveste a parte interna da pálpebra. A técnica é nova e remove a conjuntiva doente, e um enxerto é feito com uma membrana mucosa saudável.

Visitas periódicas ao médico ajudam no diagnóstico precoce

Os cuidados com os olhos e a visão devem ser feitos com periodicidade ao longo da vida, segundo a oftalmologista e retinóloga Dotnara Roncato, que é membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Ela sugere que os momentos de acompanhamento com um especialista são no nascimento, que deve ser feito o teste do olhinho, e, caso não seja constatado qualquer problema, uma nova consulta deve ser realizada quando a criança está com 2 anos de idade. Na sequência, é necessário voltar ao consultório com 6 ou 7 anos.

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Dotnara explica que muitas das condições oculares em crianças podem ser reversíveis se tratadas antes dos 7 anos de idade, pois, é até idade a visão se desenvolve completamente. A oftalmologista ainda lembra que algumas doenças da visão podem afetar apenas um olho. Então, a criança pode aparentar que está tudo bem, porque o olho bom "faz todo o trabalho" no campo da visão.

Na adolescência, também é preciso seguir com as consultas. Dotnara diz que entre os 12 e os 15 anos é quando ocorrem com mais frequência os diagnósticos de miopia. Já na vida adulta a recomendação é que, após os 40 anos, seja feita uma visita por ano ao oftalmologista.

A oftalmologista Dotnara Roncato explica que a medicina ocular melhorou muito com o passar dos anos Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

– Pode ser difícil de acreditar, mas 60% da vida depende da visão e as pessoas só percebem isso quando começam a ter dificuldade para enxergar. Mas há casos em que a pessoa não sente qualquer sintoma e pode ter pressão ocular, glaucoma ou qualquer outra condição. Por isso é importante manter as visitas periódicas, principalmente, nestas idades que mencionei – esclarece a oftalmologista.

Avanços no campo

A especialista comenta que ficar atento ao histórico familiar de doenças ou condições oculares é importante. Contudo, Dotnara diz que não é preciso sentir-se preocupado, porque os avanços na medicina ocular são grandes. Hoje em dia, se é preciso intervenção cirúrgica, a maioria pode ser realizada em ambulatórios e o paciente tem a recuperação em poucos dias. No caso da cirurgia refrativa para corrigir miopia, o paciente passa a enxergar no final do procedimento.

Sintomas

A oftalmologista e retinóloga Dotnara Roncato sugere que a pessoa procure um médico ao menor sinal de visão embaçada, irritação ou ardência nos olhos. Mas, deixa claro que alguns sintomas de condições e doenças oculares podem se apresentar de outras maneiras:

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– Dor de cabeça: Muito frequente em pessoas que usam muito computador ou fazem muita leitura ao longo do dia. Pode ser sinal de miopia, hipermetropia ou astigmatismo. Atenção, pessoas que acordam com dor de cabeça, geralmente, não tem relação com os olhos

– Dor orbitária: Quando o paciente sente dor no globo ocular, com ou sem hiperemia (aumento da quantidade de sangue nos olhos)

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– Fotofobia: Dificuldade para enxergar ou dar foco para a visão em locais muito iluminados. Nesse caso, normalmente, o paciente utiliza a mão ou um objeto para fazer sombra sobre os olhos

– Baixa visão noturna: Também conhecida como cegueira noturna, reduz a visão durante o período da noite ou em locais com baixa luminosidade

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