Santa Maria

Proposta para o prédio da Kiss é a construção de um centro para a juventude

Lizie Antonello

"

O local onde ocorreu a maior tragédia gaúcha pode se tornar, além de um memorial, um espaço de atividades para jovens. A proposta é construir um centro da juventude e criar uma fundação para arrecadar recursos para a construção e manutenção do lugar e para fazer a gestão. O projeto está sendo conduzido pelo Ministério Público e tem o apoio de familiares de vítimas, de empresas e da prefeitura.

A ideia de que o local onde ficava a boate Kiss se transforme em um memorial às vítimas da tragédia é defendida por entidades públicas e privadas de Santa Maria e pelas associações que representam os familiares dos 242 mortos, desde os dias seguintes ao incêndio, em 27 de janeiro de 2013.

Pelo menos dois projetos para ocupação do lugar surgiram, mas não deslancharam – um do artista plástico Mauro Pozzobonelli e um para construção de uma gruta e uma fonte na área. Em janeiro deste ano, a Promotoria da Infância e da Juventude instaurou um procedimento administrativo para tratar sobre o uso do terreno da Rua dos Andradas.

A ocupação e o uso é consenso. O que não anda agradando a todos é a forma de aquisição do imóvel. A prefeitura sinalizou ao MP que desapropriaria o imóvel para esse projeto. O terreno tem pouco mais de 700 metros quadrados. O imóvel está avaliado em R$ 384.748,09 (valor venal) conforme a prefeitura – R$ 204.908,07 da área e R$ 179.840,02 da estrutura.

Leia mais notícias sobre o Caso Kiss

Por meio da assessoria, o prefeito Cezar Schirmer disse que só que se manifestará sobre o assunto depois que o prédio for liberado pela Justiça – o imóvel está sob poder da Justiça Estadual enquanto tramita o processo criminal sobre o incêndio.

Porém, a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), que antes apoiava a desapropriação do imóvel pela prefeitura, agora discorda.

Opiniões são diferentes

Para Adherbal Ferreira, que presidia a entidade à época do início das tratativas, o uso do local tem de ser uma forma digna de representar as vítimas:

— Sempre defendi a construção do memorial para que o local não vire um mausoléu. Sobre a forma pela qual o prédio vai ser adquirido, prefiro não me manifestar, por não estar mais à frente da associação.

— Não queremos ser cobrados, mais tarde, pela sociedade, pelo fato de que a prefeitura deixou de investir em saúde ou infraestrutura para comprar o prédio. Também queremos evitar que haja uso político disso no futuro — diz Sérgio da Silva, atual presidente da entidade.

A opinião é a mesma do líder do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio Silva:

— Estamos estudando um projeto para arrecadar dinheiro para comprar o prédio e, depois, providenciar o memorial.

Já a associação Ahh...Muleke! concorda com a desapropriação.

— Sou a favor da desapropriação porque não há como juntar o valor necessário para a compra – defende Ogier Rosado.

A promotora Ivanise Jann de Jesus lamenta a discordância, já que um processo de desapropriação aceleraria a concretização do projeto que, segundo ela, traria benefícios a toda a cidade.

Se não houver apoio da AVTSM, o prédio vai continuar como está, pelo menos enquanto estiver sob os cuidados da Justiça. Se não houver a desapropriação ou se o imóvel não for comprado para a construção de um memorial, ao final do processo, a empresa pode fazer com ele o que quiser.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Justiça nega pedido de liberdade de universitário preso por extorsão e pedofilia em Santa Maria

Próximo

Corpo de ex-secretária de Restinga Seca será exumado

Geral