Contra o parcelamento

Professores registram boletim de ocorrência contra Sartori

Joyce Noronha

Com apenas R$ 350 na conta, referente a primeira parcela do salário de agosto, os professores de Santa Maria foram até a Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) para registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra o governador José Ivo Sartori (PMDB), na tarde desta sexta-feira. A categoria saiu em caminhada até a delegacia depois da assembleia regional do 2º Núcleo do Cpers/Sindicato, que ocorreu no auditório do Instituto Olavo Bilac.

A proposta aprovada pela categoria, fazer greve até que os salários de todos os servidores estaduais sejam pagos na integralidade, será apresentada em assembleia geral do Cpers na terça-feira, em Porto Alegre. 

O diretor do 2º Núcleo, Rafael Torres, comenta que a ideia é fazer paralisação total, e depois que todas as categorias tenham os vencimentos pagos, os professores farão períodos reduzidos até o dia 30 de setembro.

– Nós já estamos vislumbrando outro parcelamento de salários e essa é a nossa proposta contra o governo. Fazer esse protesto, greve e períodos reduzidos até que parem de parcelar os salários de todos os servidores do Executivo.

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Para ser posta em prática, a proposta precisa ser aprovada pela maioria dos professores na assembleia geral da categoria, terça-feira, na capital gaúcha.

Na manhã desta sexta-feira, os professores fizeram uma panfletagem na Praça Saldanha Marinho e trancaram, por curtos períodos, a entrada de clientes na agência central do Banrisul, como uma alusão ao parcelamento dos salários. Segundo os educadores, o Estado impede que os profissionais tenham acesso ao dinheiro que é deles por direito.

Professores dizem que receber os salários dessa maneira é uma humilhação Foto: Charles Guerra / New Co

R$ 350 para quê?

Os professores se dizem humilhados com o recebimento de R$ 350 como primeira parcela do salário. Clébio Callegaro, 68 anos, é educador de Economia e Gestão Empresarial, curso de pós Ensino Médio, na escola Maria Rocha. 

Ele trabalha no Magistério estadual há 34 anos e diz que nunca viu um parcelamento de salários tão difícil como esse. Callegaro conta que nem tocou no dinheiro que entrou em sua conta na quinta-feira.

Ficou lá, para amenizar um pouco do vermelho que está a minha conta. Penso que é pior receber o salário deste jeito, a conta-gotas. Talvez se atrasassem alguns dias, mas pagassem integral, seria menos pior – diz o educador.

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Já a professora aposentada Vera do Monte, 69 anos, conta que nem foi ao banco para conferir se o dinheiro entrou na conta. Para ela, a humilhação é tão grande que ela prefere não saber se recebeu "esta afronta". Vera foi educadora na rede estadual por 25 anos.

Alimentação é a finalidade dos R$ 350 recebidos pela professora de biologia Lilian dos Santos, 45 anos, que trabalha na Dom Antônio Reis. Ela comenta que controla esse dinheiro apenas para conseguir comer e que não quita outras contas.

– Não pago a prestação da minha casa, evito sair de carro para não usar gasolina e empurro o máximo das contas de luz, água e essas coisas. Preciso comer e foco nisso, nos gastos básicos da alimentação – conta Lilian.

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O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, tinha informado, no início desta sexta-feira, que o governo estudava depositar mais R$ 170 para cada matrícula dos servidores do Executivo. 

Porém, por volta das 18h de hoje, Feltes anunciou que não seria possível fazer outro depósito por causa da baixa arrecadação do Estado e não deu data para a entrada da segunda parcela aos servidores do Executivo.

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