plural

PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio

Mais plural
Juliana Petermann 
Professora universitária

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No início de junho, eu completei um ano escrevendo para esta coluna. Nesse período, foram quase 50 artigos e um pouco de tudo que faz parte de mim: de dentro da minha casa, no contexto do isolamento social, busquei ser o mais plural possível. Cotidiano, política, universidade, Santa Maria, maternidade, docência, pandemia, maternidade na pandemia, docência na pandemia. E como é que eu posso escrever sobre outra coisa? Diante de dias tão trágicos, às vezes, é difícil cambiar o tema sob o risco de parecer insensível. Por outro lado, transbordados de notícias ruins, às vezes, até que é bom ler alguma trivialidade. Esses são dilemas de quem respeitosamente escolhe um tema para um artigo semanal, sabendo que vai pousar na mesa do café da manhã, do escritório, no balcão do bar, na poltrona aí da sua casa.

UMA ESCRITA PÚBLICA

E, justamente, essa é uma questão importante para mim: falar com um público tão diverso quanto o de um jornal diário. Imaginar como minhas palavras te encontrarão. Que bom se nos entendermos. Lindo se eu puder te contar algo novo. Compreensível que discordemos. Mas que, sobretudo, possamos nos respeitar. Essa escrita, assim tão pública, é novidade para mim. Minhas palavras sempre percorreram duas linhas: uma bastante pessoal e outra profissional. Explico. Pessoal porque restrita aos meus cadernos, blocos e minhas páginas em redes sociais. Lá nas tramas digitais, a escrita me veio como uma necessidade de legendar as imagens do cotidiano que gosto de registrar. Profissional porque a escrita é, para mim, também construção do conhecimento. Pesquiso, analiso e reflito sobre a publicidade, área sobre a qual exerço a docência. E, até então, a escrita acadêmica havia sido o meu grande exercício de compartilhar palavras.

DE FAMÍLIA

Mas a escrita tem ainda um outro traço em mim: é de família. Minha mãe tinha seus dias, suas dores e amores rabiscados em muitos cadernos. Dedicava poemas como presentes. Eu não herdei nem os versos, nem as rimas. Mas hoje, escrever me reaproxima da escritora que minha mãe foi. É no exercício de me conhecer melhor pelas minhas próprias palavras que me reencontro com a grande mulher que ela foi. Escrevendo me vejo passando a limpo a minha memória e também a dela. Que bom é reencontrá-la e matar um pouco a saudade. Oxalá eu possa, com o exercício da escrita, continuar revendo a minha história, percebendo o inusitado no singular e buscando, a cada dia, um olhar mais plural.

Tempos modernos
Eni Celidonio
Professora universitária

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Sempre que penso que hoje podemos escrever, cortar, colar, editar, mudar o tipo com um toque, escrever em negrito, itálico, tudo num só documento, eu penso na minha Olivetti e no inferno que era escrever uma monografia. Se a gente errasse uma palavra lá no meio da página, tinha que fazer toda a página de novo, ou usar aquela praga de Errorex, que eu acho que nem existe mais.

Se o computador mudou a nossa relação com a escrita, a Internet mudou nossa relação com a vida. Compra-se tudo pela Internet, manda-se recados, usa-se mídias sociais que, de alguma maneira, substituíram nossa maneira de se relacionar com as pessoas, principalmente em época de pandemia. As aulas também são remotas! Nunca se imaginou isso, nem nos filmes de ficção científica! Recebemos contas, pagamos contas, mandamos presentes, discutimos, arrumamos namorados, casamentos, discussões, amigos, inimigos, enfim, talvez não haja nada que não se possa fazer hoje via Internet... Ou quase nada.

Hoje, não se escrevem mais cartas, telegramas, cartões. Tudo é virtual. Abre-se um arquivo e escolhe-se o tipo de cartão que se deseja mandar. Acredito até que haja uma infinidade de pessoas com dificuldade de escrever à mão, aliás, acredito que antes de a criança aprender a escrever à mão, ela aprende a digitar. Existem escolas pelo mundo que já aboliram o uso do caderno e só usam notebook.

Toda essa mudança não poderia mudar, também, os provérbios ou ditados populares? Vejam só o que recebi essa semana de um amigo:

ADAPTAÇÃO

"Ajuste seus velhos ditados... Como estamos na "Era Digital", foi necessário rever os velhos ditados existentes e adaptá-los à nova realidade:

1. A pressa é inimiga da conexão.

2. Amigos, amigos, senhas à parte.

3. A arquivo dado não se olha o formato.

4. Diga-me que chat frequentas e te direi quem és.

5. Para bom provedor, uma senha basta.

6. Não adianta chorar sobre arquivo deletado.

7. Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.

8. Hacker que ladra não morde.

9. Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.

10. Mouse sujo se limpa em casa.

11. Melhor prevenir do que formatar.

12. Quando um não quer, dois não teclam.

13. Quem clica seus males multiplica.

14. Quem com vírus infecta com vírus será infectado.

15. Quem envia o que quer recebe o que não quer.

16. Quem não tem banda larga caça com modem.

17. Quem semeia e-mails colhe spams.

18. Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.

19. Aluno de informática não cola, faz backup.

20. Na informática nada se perde, nada se cria. Tudo se copia... E depois se cola..."

Eu amei! É bem por aí: na casa de técnico em informática, o relógio é analógico. 

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