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PLURAL: os textos de Atílio Alencar e Paulo Antônio Lauda

  • O olhar do cronista 
    Atílio Alencar
    Produtor cultural

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    Concordo com quem diz que a crônica é um gênero menor de literatura. Escrever crônicas exige do autor um certo desprendimento em relação às ambições de universalismo e à ilusão de que, por meio da escrita, poderíamos acessar algum tipo de essência invariável da humanidade, ou mesmo um segredo reservado somente às sensibilidades raras que a literatura forja nas horas iluminadas pela erudição. Quando escrevo uma crônica, eu turvo o espelho d'água de Narciso.

    Gosto que a crônica seja essa tentativa sempre insuficiente, precária e apaixonada de misturar a palavra ao que há de imediatamente alheio na vida: o andarilho que vaga distraído com sua matilha de cães fiéis, o trabalhador compenetrado que assobia um bolero esquecido, a garçonete que precisa repelir cordialmente as investidas chulas do único freguês das 11 horas. 

    Nem sempre, aliás, a personagem da crônica precisa ser uma pessoa: ela bem pode ser um prédio, um evento, um costume que muita gente compartilha, mas que desliza à sombra da lei, insistente, vivo, inominável. A crônica é, também ela, um lampejo coincidente com as coisas em estado de desaparecimento que o cronista pretende registrar. Ontem morreu alguém que passava sempre por essa rua; amanhã outro passante estará ausente, as velhas casas serão substituídas por edifícios novos, os meninos que jogavam bola serão despejados da infância à paternidade, do recreio à hora extra, da alegria à resignação. Uma crônica, qualquer uma, de um autor cujo nome não importa muito, terá registrado esse movimento minúsculo que descreve uma vida inteira de anonimato. Pouca gente a terá lido. E pouco importa, aos protagonistas e aos leitores - ambos anônimos - que seja assim. A crônica é uma fotografia esquecida na gaveta, que somente a sorte salvará das traças. 

    Todo mundo hoje é o cronista da própria vida. As redes sociais são um emaranhado de fios eloquentes que se cruzam, ignoram, embaraçam. Não há porque guardar segredos, nem revelá-los, já que toda conversa é sobre si mesmo. Estamos intoxicados pelo excesso de acesso, como se fôssemos usuários entediados pela facilidade com que se conquista e descarta uma droga - a informação. 

    A diferença é que a crônica de si mesmo padece de uma vaidade que enclausura o cronista em sua concha, e o olhar para o outro se torna pragmático, superficial, ansiolítico: eu olho o outro para saber se ele olha para mim. Eu preciso desesperadamente que ele olhe para mim.

    E nesse ensimesmamento vamos esquecendo, vaidosos, de descobrir aquilo que é a matéria-prima da crônica que merece ser chamada assim: uns senhores que jogavam sinuca, todas as quarta-feiras à noite, no Clube Caixeiral, onde andarão? Que fazem da vida os órfãos dos bares que fecham numa noite de maio e jamais reabrem? Em que álbum velho estarão guardadas as fotografias que alguém fez quando Belchior, provavelmente de branco, certamente de bigode, cantou no Itaimbé?

    Essa literatura tão miúda, pedestre, gaguejante - isso que chamamos crônica, uma discreta campeã dos torneios de várzea, só pode existir quando desviamos o olhar do espelho. Ao menos por um instante.

    O Dia do Gaúcho
    Paulo Antônio Lauda
    Cirurgião-dentista e 
    ex-professor da UFSM

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    É o dia máximo das comemorações da Revolução Farroupilha, período em que a Província de São Pedro, atual Estado do Rio Grande do Sul, declarou guerra contra o império pelo alto imposto pago pelo nosso charque. A Revolução Farroupilha também foi chamada de "Guerra dos Farrapos" pela condição dos soldados que apoiavam a causa utilizarem um pedaço de pano vermelho em uma das partes da vestimenta para demonstrar a adesão à causa. Eram fazendeiros, piões e escravos. Começou em 20 de setembro de 1835 e durou 10 anos, até 1º de março de 1845. 

    A primeira capital do Estado foi Piratini. É o acontecimento mais relevante da história do RS. Este fato influenciou nossos atos e nossa cultura. O hino e a nossa bandeira foram criados nesta época. As guerras se ganham ou se perdem, muito mais pelas ideias do que pelas armas. Tudo o que os farroupilhas defenderam entre 1835 e 1845 acabou por acontecer no Brasil em 1889 com a Proclamação da República (50 anos após). Foi através de uma lei de nº 4850 de 11/12/1964 que a Assembleia Legislativa do RS oficializou a semana Farroupilha. Em 1996, o dia 20 de setembro foi definitivamente oficializado como o Dia do Gaúcho. Érico Veríssimo, na sua obra O Tempo e o Vento, descreve com ricos detalhes o estilo de vida do gaúcho, e, a A Casa das Sete Mulheres, escrita por Letícia Wierzchowski, adaptada para uma série de TV, retrata a saga dos farrapos. 

    Em Porto Alegre, temos um monumento que retrata a figura do gaúcho (O Laçador). Por todo este Brasil afora, existem CTGs que cultivam a nossa cultura. Somos um povo com história! Somos guerreiros! Paixão Cortes, Barbosa Lessa e Glauco Saraiva, através de exaustiva pesquisa histórica pelo Rio Grande, conseguiram resgatar a nossa cultura levantando dados como músicas, danças e vestuário. Werner Schünemann, representou Bento Gonçalves da Silva na saga dos Farrapos. Nossa bandeira teve origem nos desenhos dos rebeldes da Guerra dos Farrapos, que ocorreu no ano de 1835. A composição original não possuía o brasão de armas. Não há um consenso sobre o que representam as cores da bandeira rio-grandense. 

    A versão mais próxima da realidade diz que a faixa verde significa a mata dos pampas, a vermelha simboliza o ideal revolucionário e a coragem do povo, e a amarela representa as riquezas nacionais do território gaúcho. Nossa cozinha é muito variada com arroz de carreteiro, ensopado de mandioca, churrasco gaúcho e o famoso chimarrão cantado em verso e proza. 

    Em todo lugar que vou, carrego esta história. Então, a figura do gaúcho é sempre muito lembrada em todos os cantos do Brasil. Como gremista que sou, já fui ao Olímpico Monumental, e,atualmente, na Arena do Grêmio, bem como no Gigante da Beira-Rio e assisti, com extrema emoção, a "todos" os presentes nos dois estádios, em pé, mão no coração, cantando à plena voz o Hino Riograndense. Um detalhe... Todos sabiam a letra! 

    Vi Borguettinho com a gaita e tantos outros artistas gaúchos sozinhos no centro do Gramado tocando nosso hino numa festa maravilhosa. Sempre com muita emoção! 

    Então, meus amigos, vamos nos orgulhar do nosso chão e fazer o melhor para nossa terra, semeando um futuro de trabalho, dedicação e amor em prol do nosso Rio Grande. Feliz Dia do Gaúcho a todos!


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