Péricles Lamartine da CostaAdvogado
Por quantos anos ainda vamos escutar a respeito da necessidade de a Santa Maria da Boca do Monte desenvolver-se industrialmente para alçar às alturas seu orçamento, aprimorar seu desenvolvimento, gerar satisfatoriamente empregos para a sua população congênita e adquirida, absorver a qualificada mão de obra oriunda das destacadas universidades locais fechando a torneira do êxodo que nos afasta de nossos filhos, amigos, e outros e, por fim, tirar exitoso proveito do privilegiado posicionamento geográfico do município que, exatamente por isto, tem a alcunha de “Coração do Rio Grande”?
Já não basta a cansável e disseminada noção de que a cidade pende e é vocacionada aos serviços públicos de todas as naturezas, e de que sua economia não oscila, para o bem ou para o mal, em função dos salários dos funcionalismos, a cerrar portas à pobreza, assim como para o progresso?
E sobre a existência das potencialidades para este tal desenvolvimento industrial que aqui, mais que existir, abunda e pulula como só em, no máximo, mais cinco ou seis municípios País afora capazes de assemelhar às nossas?
Não que tudo isto que, repito, ouvimos, replicamos e sabemos já há décadas não seja uma verdade, em absoluto. Mas não é bem assim, com toda essa exclusividade, negativa, como se indústria, em Santa Maria, tivesse o destino de fábula encantadora a seduzir incautos e sonhadores.
Se alterada, um pouquinho, a perspectiva, de negativa a realista e, assim, transmutada para otimista impressão diante do inegável então perceptível, nossa cidade e seu povo se deparariam com sua indústria aí, pronta, pujante, forte, frutífera, exemplar, lucrativa e forjadora de circulação de riqueza, geradora de empregos, divisas, impostos e força na economia: a construção civil.
Um vez percebida, com profundidade e justiça, mais que celebrar e dar graças pela sua existência, sobreviria, tenho certeza, a ciência de que eis nela os parâmetros a inspirar e a moldar as demais quem sabe um dia vindouras. Sim, exatamente isto: basta de olhar para os municípios vizinhos e invejar até mesmo os menores em seus modais. A hora é de homenagear o que temos, prestigiá-lo, aprimorá-lo e, nele ter alicerce para fundamentar o tão desejado progresso.
Ora, nada mais inteligente que reconhecer nesta, a indústria da construção civil, a força motriz sustentadora de milhares de empregos e negócios satélites, desde quem vende as matérias primas e insumos, passando por quem projeta, transporta, empilha, leva, traz, instala, embeleza, faz funcionar, dá de onde morar e de onde trabalhar, em um incessante cadeia produtiva de escala, velocidade e regime, sim, industriais.
Milhares, muitas, pessoas, destinos, sustentos envolvidos nesta atividade que, todos os dias, altera até as paisagens terrenas.
E quando tudo pronto, vêm os que protagonizam o enlace entre os tantos que suaram na construção, e aqueles outros tantos que anseiam comprar ou alugar: corretores, imobiliárias a materializar os sonhos de quem empreendeu e edificou para o mercado, e daqueles sedentos por seu canto, seu lugar no mundo.
O sonho industrial santa-mariense já está sendo vivido. Faz tempo!
Não custa nada reconhecer isto e, em lugar de dormi-lo, vivê-lo.
Leia o texto de Evandro Zamberlan
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